Anonimize-se
Ignore e se livre de toda forma de 'querer parecer, para aparecer'. Desfaça seu “eu” de vitrine, seu avatar inflado de vaidade digital. Todo mundo quer ser alguém, e é justamente por isso que ninguém é um nada que se acha alguma coisa. O anonimato virou heresia: se você não posta, não existe; se não reage, é suspeito. Pois bem — seja suspeito! Seja um herege da era da idiotização em massa digitalizada das redes umbrais sociais IAlizadas. Desapareça da bizarra ciranda dos perfis, das hashtags da alma, dos gritos por relevância. Anonimize-se! Não por humildade, ou por alguma merda estoica, mas por autenticidade, ser você de verdade. Você achava que precisava de tudo o que mundo finge que quer lhe dar, mas agora descobriu que não precisa de nada disso; você só precisa de você, das suas ideias, da sua imaginação e dos poucos e raros que também são verdade, e que estão com você, acima de qualquer coisa. Esse mundo idiotizado, está saturado de egos abestalhados em alta resolução. Logo, o verdadeiro luxo é o silêncio do desconhecido. Que delícia ser irrelevante, não caber no algoritmo, não ter opinião superficial, fresca, politicamente doutrinada sobre tudo. Esconda-se, ou melhor, se ressignifique pela anonimização e o desapego do mundo doentio, do mundo da necessidade patológica de consumir e ser consumido, essa cenoura à frente do burro que te torna o fetiche vivo do capitalismo tecnocrata ultra-dinheirista e que te transforme em mero objeto, uma coisa bizarra que é ao mesmo tempo, mercadoria e moeda, numa antropofagia hedionda e desumanizadora — talvez, só talvez, nesse sumiço, surja o primeiro lampejo de uma existência autêntica e que não precisa de aplauso, curtidas, engajamento, porque não segue ninguém, para que todos sigam a si mesmos. Esse, o nosso Sapere Aude. Tenha coragem de ser você mesmo e de se servir do Conhecimento, sobretudo, do Esclarecimento.
Arkiteto do Kaus
Livro: Um Hospício Chamado Terra





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