O povo que escravizava o próprio povo e o vendia aos europeus



Disse Airton Krenak numa entrevista em meados de 2019: [...] "É um princípio epistemológico. O pensamento vazio dos brancos não consegue conviver com a ideia de viver à toa no mundo. Acham que o trabalho é a razão da existência deles. Eles escravizaram tanto os outros que agora precisam escravizar a si mesmos. Não podem parar, experimentar a vida como um dom e o mundo como um lugar maravilhoso. O possível mundo que a gente pode compartilhar não tem que ser um inferno, ele pode ser um lugar bom." [...] (CULT, 2019).


Reflitamos:

Máxima data vênia, são de fato discursos muito bonitos sobre brancos, negros e indígenas. Mas, fala-se como se o branco fosse o único diabo da história (e foi em grande parte).

Esse discurso do Krenak, que antes detonava a ABL e agora senta com os brancos opressores, como se tudo estivesse muito bem, até tem certa lógica em seu lirismo utópico e ideológico.

Contudo, Herbet S. Klein, historiador e antropólogo reconhecidíssimo, em seus livros: 'A Escravidão Africana na América Latina e Caribe (Editora UnB) e História Mínima de Bolivia' mostra que negros escravizavam negros e indígenas ajudavam a capturar indígenas para negociar com Portugueses, Holandeses, Franceses, Espanhóis e outros que tais, em troca de ouro, armas (no caso dos traficantes africanos que enchiam navios negreiros) e uma infinidade de tranqueiras que as 'elites' desses povos não precisavam.

A escravidão, tanto do povo negro quando do povo indígena, aconteceu com a colaboração do próprio povo que muito antes dos Portugueses, principalmente no caso dos africanos, realizava esse 'trabalho sujo' e já escravizavam a própria população e a negociava, dentro de uma lógica de um capitalismo primitivo.

Quer dizer, há muito mais para além do discurso único à esquerda do academicismo em decadência.

Não se trata de brancos, negros ou indígenas, mas do ser humano, ao meu ver, mau em essência.

Veja uma entrevista do Klein sobre o assunto: CLIQUE AQUI>>> Contudo, é importante ressaltar o nosso repúdio a toda forma de violência, brutalidade e escravidão. O nosso repúdio a toda forma de fascismo, racismo e preconceito. O fato do próprio povo (africano e indígena) ter escravizado e ajudado a capturar a sua gente e a negociado com os brancos, não diminui em nada a macabra hediondez dos crimes cometidos pelos brancos europeus em território brasileiro e nas Américas de modo geral, durante quase 350 anos. Com efeito, o que estamos abordando aqui é que há outras análises e interpretações da História, para além do academicismo woke da esquerda caviar que parasita as universidades do Brasil e no mundo. Evidentemente, repudio a desgraçada extrema-direita como repudio a igualmente desgraçada extrema-esquerda, todo e qualquer tipo de fanatismo e todo tipo de puxa saco de policiopatas, corruptopatas e religiopatas entre outros tipos criminosos.

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E. E-KAN

#brasil #estudos


Link do print: https://revistacult.uol.com.br/home/ailton-krenak-entrevista/

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