Cartas Insólitas


Livro em construção 2022/2025


CARTAS 

INSÓLITAS 


CARTAS 

INSÓLITAS 


12 de Maio de 2022

Saudações iluminada Ór-El. Nesse mundo insano, quanto mais velho você fica, mais louca a coisa fica. Certo dia, ouvi um desses ditos espiritualistas loucos dizer que é possível se comunicar interdimensionalmente entre vivos e mortos, isto é, não apenas entre vivos e mortos aqui na Terra, mas com vivos e mortos de outros Planetas, outras Galáxias e até mesmo, com vivos e mortos deste Universo e de Outros Universos. Segundo os pensadores dessa estranha versão da espiritualidade, tudo depende do quanto se quer comunicar, da força da vontade de se comunicar, sobretudo, do sentimento e da ligação que há entre o emissor e o receptor. Dizem eles também, que é claro que sabemos que não depende apenas disso, do querer, mas de fato, Poder, principalmente, da Existência da Conexão entre as partes. Ainda, dizem eles, depende muito do nível evolutivo, do grau de compreensão da Vida, da Existência para além do ‘Big Bang’, e, sobretudo, da força da Conexão entre as ‘Perfectum Soulmates’, as almas gêmeas. 

Que coisa maravilhosa seria essa loucura toda se fosse verdade. Mas, nós sabemos que não é tão simples assim. Toda vez que falo para alguém que sou um dos últimos Capellinos da Terra, esse alguém fica sem saber o que dizer ou ri. Também pudera, as maioria das pessoas dessa Terra estão tão perdidas em si mesmas que não leem, não estudam, não buscam conhecimento, se distanciam do Esclarecimento e, com isso, além de não saberem quase nada, se afundam cada vez mais em fanatismo, radicalismo, extremismo e todo tipo de 'ismo' macabro e bizarro que se possa imaginar. É muito difícil estabelecer algum mísero diálogo de alto nível com a maioria das pessoas nesse Planeta.

Embora não possamos de fato mensurar O Tempo, podemos dizer que muito Tempo já se passou desde o injusto Exílio à essa Terra. Talvez, bilhões de Auroras já brilharam, bilhões de Big Bang´s já aconteceram, bilhões de colapsos cósmicos vieram e se foram, ou seja, bilhões de mortes e renascimentos Cósmicos já se deram, mas A Vida se renovou e sempre se renovará pela imensidão Existencial. Para a maioria das pessoas desse Mundo, isso, essa incomensurabilidade cósmica, está muitíssimo além da compreensão. 

Muitos de nós, continuam se perguntando: o que nos mantém conectados? O que mantém tudo o que há e o que virá a ser? Sobretudo, o que mantém a Criação, o Equilíbrio e o Renascimento da Vida, a Existência, em meio a cataclismos e colapsos siderais, choque de forças  e Energias, transmutações, mortes, ressomas, revoluções e evoluções, e o Restart, o reinício de tudo? Sei que Capella pode nem existir mais, mesmo assim, de alguma maneira, com tudo que Sou e com tudo o que sinto, sei que Tu Estás aí, assim como muitos Irmãos e Irmãs Capellinos, em algum lugar da Imensidão Cósmica Interestelar, da incomensurabilidade da Vida, na Inefabilidade da Existência, talvez em outros receptáculos intrafísicos, talvez com outras personalidades na Extrafísica. Mas, de alguma maneira, sinto com todas as forças do Ser que Sou que tu Estás em algum lugar na Estrada da Inefabilidade da Existência, talvez longe demais para te alcançar ou perto demais para te reconhecer. Após muito tempo, nossos olhos espirituais se cansam e momentaneamente ficamos incapazes ver o que está diante de nós. Pode ser que num desses momentos, você passou perto e eu nem puder ver. Ou talvez, seja só mais uma imaginação da minha mente cansada da Vida entre essa humanidade insana, a qual já se encontra em um avançado estágio de putrefação mental, moral e espiritual. 

De todo modo, é essa certeza baseada nesse sentimento que ultrapassa várias eras, várias vidas, que me mantém lúcido na Estrada Evolutiva à sua espera. Por algum momento, na imensidão existencial, entre as incontáveis idas e vindas, entre mortes e renascimentos, cheguei a pensar que jamais a encontraria novamente, dada a distância Cósmica entre Galáxias, dimensões e os multi-universos que a cada milésimo de segundo se afastam cada vez mais. Mas, agora, de alguma maneira sei, com uma certeza inabalável, que mesmo após tantas idas e vindas no Cosmos, ainda que tudo, toda a Existência seja reiniciada e que novos Big Bang´s ocorram, um dia nos reencontraremos pela Estrada da Incomensurabilidade da Vida, da Inefabilidade da Existência. E isso, esse sentimento cósmico indescritível, me faz compreender melhor a Existência, as pessoas, os seres deste mundo e de outros, por que as coisas são como são, e por que, em alguns momentos, para além de todo o caos, terror, injustiça, medo, desesperança, de todo o mal que nos aflige diariamente, temos que ter total aceitação e, em quase todos os momentos, temos que ter total gratidão, como um meio de seguir em frente. Mais que isso, agora sei que é esse sentimento que me manteve firme e forte durante incontáveis eras e milhares de vidas, que me fez evoluir consideravelmente e a buscar sempre o Esclarecimento e a Verdade relativa de ponta, a verdade verdadeira que está além dos fatos e da história contada, em todas as coisas, das mais simples às mais complexas, em todos os detalhes da Vida e, assim, compreender melhor, mais uma vez, a Incomensurabilidade da Vida e a Inefabilidade da Existência. Neste Planeta, neste Universo tangível, algumas das maiores mentes científicas e Filosóficas acham que uma partícula intrafísica incomensurável, como o Bóson de Higgs, está na Arké e no Télos, no início, no meio e no fim, ou seja, que é responsável por tudo o que há e será responsável por destruir tudo o que há, este universo intrafísico todo, como já ocorreu com outros universos, daqui há bilhões de anos, ou a qualquer momento, já que não se pode, de fato, mensurar 'O Tempo’. O que a maioria das grandes mentes científicas e filosóficas, mesmo alguns dos mais Evoluídos Espíritos desta Dimensão da Vida, intrafísica e até da Extrafísica, desse Planeta, dessa humanidade insana, ainda não compreenderam, e por isso não admitem, é que O Amor é a Verdadeira Luz da Criação Cósmica Infinita, aquilo que é inefável, incomensurável, ‘a partícula de Deus’, que está em Todos os Seres da Criação em Revolução e Evolução, que ultrapassa eras, sistemas Solares, dimensões, universos, exílios, idas e vindas, mortes e renascimentos, que nos dá a certeza do reencontro, ainda que toda a Existência seja reiniciada, ainda que tudo colapse, seja destruído e reconstruído, ‘Restartado’, Reiniciado, ainda que todo o registro vital/existencial, todas as memórias e lembranças sejam aparentemente apagadas no Caos do Fim do Cosmos Tangível Observável.

É esse inefável, indescritível e incomensurável, dito O Amor, o ponto de Luz na Escuridão e o ponto de Equilíbrio Cósmico, sem o qual, nem Luz, nem Escuridão poderiam existir e Co-existir. É o inefável, incomensurável e indestrutível, O Amor, que está na Arké, no Télos e nos Mistérios de toda a Criação, Revolução, Evolução, Destruição, Reconstrução, Morte e Renascimento. É, O Amor, aquilo que É, foi e sempre Será, a base indelével de toda a Vida que há, em toda a Incomensurabilidade e Inefabilidade da Existência. É por isso que tenho certeza de que um dia nos reencontraremos e é por isso que continuaremos, mesmo a Anos-luz de distância, sentindo o que sentimos um pelo outro, como ‘Perfectum Soulmates’, e por todos os que nos são caros, caríssimos. 


14 de Agosto de 2022

Saudações, Caríssima e Iluminada Ór-El. Viver é estar pronto para perder tudo, sobretudo, é estar pronto para ver todos que você ama partirem e tudo que acha que possui se desintegrar com a fria passagem dos anos. Marco Antônio, após ser derrotado por Otávio Augusto César na Batalha de Áccio, disse aos seus oficiais: "Por toda a minha vida eu temi a derrota, mas agora que ela veio, não temo mais nada". Como Marco Antônio, também já temi a maior derrota de todas que é a morte. Mas, hoje em dia não mais, não da forma impiedosa, brutal, aterrorizante de outrora. Entretanto, já tem muito tempo que toda noite antes de dormir, lá no fundo, penso que seria melhor, talvez, que eu não acordasse mais. Mas pela manhã, como sempre, por piedade da vida ou pura galhofa, me pego mais vivo do que nunca para mais um dia de merda num mundo cão com pessoas falsas, ruins, mentirosas, perigosas, podres de mente, corpo e alma, imersas numa mega auto-idiotização "vivendo" vidas fakes numa sociedade fake, cheia de cornos, pinguços, ladrões, corruptopatas, politicopatas, religiopatas e uma miríade de estelionatários da vida. Alguns dizem que ainda há pessoas boas e que valem a pena nesse mundo, mas faz tempo que quase não as vejo em lugar algum. Talvez por que eu tenha me isolado de quase tudo, por não estar mais afim de perder tempo em intermináveis conversas sem sentido para ser agradável, sociável, obter algum tipo de aprovação, para conquistar uma nova amizade ou coisa que o valha. Simplesmente, não tenho mais saco para conversar com as pessoas e, diga-se de passagem, verdade seja dita, 99,999% das pessoas com quem cruzamos durante o dia, na virtualidade das redes umbrais sociais ou pelas ruas, são brochantes, extremamente desinteressantes. 

Mas, nem sempre foi assim, esse sentimento de desgosto total do mundo e de todas as coisas do mundo. Já houve momentos em que uma vida boa e alegre parecia possível, mesmo num mundo cão como esse e com uma humanidade bizarra e tragicômica como essa. Com efeito, em algum momento, nos últimos dez anos, algo que não consigo mais identificar, causou esse choque de realidade, que me abriu os olhos da mente e da alma. Foi quando de fato percebi que tinha olhos mas não via, tinha ouvidos mas não escutava, sobretudo, que estava cego, surdo e mudo para a Verdade verdadeira, a realidade e a supra realidade, o além dos fatos, que a todo o momento estavam ali, dançando e se mostrando como uma bela dançarina de boate, escancarados diante de mim.

Embora eu jamais tenha sequer tentado ser um exemplo de moral, equilíbrio e sanidade, há muito tempo que não consigo mais fingir, ainda que me esforce muito e isso me deixa puto às vezes. Alguns, repetindo os velhos clichês de sempre, como se eu desse a mínima, me dizem que, talvez, eu devesse levar a vida mais na esportiva, na brincadeira, 'porque a vida é curta demais para se preocupar e se estressar tanto'. Eu sei que já faço isso, 'Aceitação Realista'. Mas o que me deixa de fato puto é que tais pessoas falam como soubessem exatamente o que eu penso, como se elas tivessem condições mentais, morais e espirituais de compreender o que digo/escrevo, muito embora tenha me esforçado e muito nessa vida intrafísica para ser o mais direto, didático e compreensível possível, inclusive recorrendo ao recurso pedagógico do palavrão. Contudo, não sei o porquê, ainda consigo conviver com algumas pessoas, suportando e tolerando algumas coisas, talvez por amor, compaixão, loucura, medo da solidão, não sei. 

Há quem diga que 'só depois de perder tudo é que você está pronto para conquistar o que é seu de verdade'. Pois bem, já faz muito tempo que perdi a fé em tudo e, por isso, não acredito mais em nenhuma besteira do tipo, nem na mais profunda filosofia, na mais pura e sincera forma de fé e crença, nem na mais elevada ciência, nem em nada mais, porque tudo tem pessoas por trás, pessoas que vivem vidas fakes, imersas em ilusões e enganações, e por trás das pessoas que vivem vidas fakes, que é a maioria esmagadora das pessoas desse mundo, há interesses de todos os tipos e, na maioria das vezes, segundas e terceiras intenções, e, em muito casos, há intenções perversas, interesses perversos, macabros, malignos, diabólicos, bizarros e até mesmo idiotas. De fato, já faz tempo que perdi todas as esperanças sobre a humanidade e sobre esse mundo. Para onde esse tipo de pensamento vai me levar? Não sei... Mas no geral, cada dia que passa, me sinto estranhamente mais acordado, como nunca me senti antes. 

Não sei explicar, embora durante algumas horas do dia, em alguns dias, me sinta de alguma forma mal, não me sinto mal com isso, com o 'Para onde esse tipo de pensamento vai me levar?', muito pelo contrário, me sinto bem, vivo, cheio de energia e de tesão pela A Vida, como nunca me sentia antes. Parece que comecei a viver numa nova fase, com os dois pés no chão, com uma nova visão sobre a vida, a humanidade, esse mundo, a espiritualidade, vida e morte, e tudo o mais, talvez, uma visão mais cínica a la Diógenes, O Cão. 

É claro que nada acontece por acaso, nada cai do Céu, nada é de graça, há anos de estudos, há um arquivo existencial de incontáveis vidas passadas e as mudanças que vivenciamos elas são, em grande parte, fruto do trabalho que realizamos em nós mesmos, mentalmente, moralmente e espiritualmente no sentido de tentar ser melhor ou pelo menos, menos pior. Por isso, considero essa nova visão de Vida, desapegada, cínica, egoísta mas positiva, uma visão baseada numa Filosofia que não deve ser para qualquer um, uma Filosofia Realista e ao mesmo tempo Supra Realista, que junta os cacos, os pedaços de tudo que já foi quebrado na vida, sem negar nada, sem temer nada e que, aproveitando tudo o que presta daquilo que resta, Cria coisas novas, sui generis, únicas sob um novo tipo de Arte Filosófica como obras de arte intangíveis mas que são Letras, textos, pensamentos, aforismos, livros e textos que levem à reflexão e a meditação sem qualquer forma de compromisso para além da 'Individualíssima e até Egoísta Melhoria de si Mesmo ou, mais realisticamente falando, a atenuação do quanto ruins ainda somos'. 

Essa nova forma de Ser, Existir, Pensar, Sentir, Criar e Viver baseia-se no que chamo, doravante, de 'A Filosofia do Grande Tanto Faz'. Essa Filosofia Realista e ao mesmo tempo Supra Realista, não tem nenhuma pretensão para além do  'Grande Tanto Faz', o que, de certa forma, conduz a um, tanto quanto possível, Desapego de Tudo e a 'Não Necessidade de Nada', o que no final das contas, ironicamente, funciona como um antídoto contra toda forma de vida fake, o apego doentio às coisas materiais, o materialismo mórbido, o consumismo burro, a fome de mais e mais para preencher o saco sem fundo do vazio tenebroso da alma que nunca se sacia e tudo aquilo que conduziu a maioria da humanidade para a idiotização, gadização, brutalização, desumanização e, consequentemente, ao estágio generalizado de podridão mental, moral e espiritual que a empurra para dentro do abismo da auto-destruição. É essa Filosofia do Tanto Faz que tem ocupado a minha mente e permeado as minhas leituras e estudos nos últimos tempos. Se um dia escreverei um livro sobre isso? Creio que não. Já cansei de escrever livros, especialmente à moda acadêmica, ainda mais tendo em vista que a maioria das pessoas idiotizadassó querem saber de futilidades, romancetes, adoração a celebridades, imitação de sub-celebridades, fanatismo político e outras breguices de redes umbrais sociais. Doravante, tentarei só escrevei cartas e aforismos não muito longos. A maioria dos maiores Pensadores da humanidade escreveram para eles mesmos e para os poucos espíritos das letras, livres, realistas, autênticos Viajantes da Luz na Escuridão e ninguém mais. O grande público talvez os conheçam por ser enxerido, por curiosidade, por marketing populista, propaganda barata, academicismo ou qualquer outro motivo. Alguns dos maiores Pensadores da humanidade não deixaram nada escrito, ou seja, embora ainda cultuados pelo academicismo e fora dele, no mundo todo, alguns dos maiores não perderam tempo para escrever para mentes dementes, moralistas imorais, espíritos de porcos, olhos que não veem, ouvidos que não ouvem, sepulcros caiados. 

04 de novembro de 2022

Toda noite antes de dormir me pergunto: quanto tempo ainda tenho que ficar aqui nesse mundo cão? Já não temo a morte, não mais, apenas, penso nas muitas outras possibilidades da Vida na Incomensurabilidade Cósmica, na Quanticidade, na Extrafísica, muito além e longe das idiotices que tentaram enfiar na nossa cabeça durante mais de dois mil e tantos anos e de toda essa humanidade, em sua maioria, em avançado estágio de putrefação mental, moral e espiritual. Sim, a vida continua e, cedo ou tarde, vamos mudar de cenário e, obviamente, não há escapatória da Vida porque tudo que há é vida e mais vida nesse mundo insano e em todos os mundos possíveis. Penso firmemente que a nossa Existência não se resume ao monte de átomos aglomerados nisso que chamamos de corpo físico. Ocorre, porém, que à uma certa altura do campeonato da Vida, há coisas muito piores que a nossa morte intrafísica, como a morte de todos os poucos e raros que amamos e tudo aquilo que amamos. Podemos conviver, às duras penas, com a ideia de logo mais não existir nesse mundo cão. Mas, podemos suportar a ideia de ver a morte dos poucos que amamos? Podemos suportar o nosso fim, mas podemos suportar o fim de tudo que nos parece real? Sim, muitas vezes nos perdemos entre monstros das profundezas de nossa mente exausta, mas são os monstros que vagam por esse mundo do mega abismo social de injustiças, misérias e abusos criminosos, nesse mundo insano sem Deus, sem ordem, sem progresso, sem pai, nem mãe, são os que de fato nos jogam no abismo da insônia, do terror, do desespero, da fúria e do futuro em caos. Não, esse mundo não é um conto alegre e tudo tende, inevitavelmente, a acabar da pior maneira possível. Só o que nos resta é seguir, seja como for, um caos, um inferno, uma falsa esperança de cada vez. Se eu pudesse afugentar o mal que existe em mim e no mundo, que assombra e eclipsa a todos nós apenas gritando, eu gritaria até que as minhas cordas vocais explodissem. Por isso, me concentro e me refugio nos livros, nos gatos, nos cães, no raro companheirismo que não pede nada em troca, tentando controlar, utopicamente, o vulcão, a bomba atômica que sou. Um dia, um caos, um inferno, uma mísera falsa esperança de cada vez. Alguém, certa vez me disse: "isso me lembra Dostoiévski". Então, disse-lhe: quando ousamos tentar escrever algo, é como se um batalhão de almas perdidas do mundo perdido nos possuíssem e, certamente, somos, de alguma forma, algum reflexo de tudo que nos transpassou durante nossa breve passagem por esta Terra. Sempre apreciei sobremaneira os clássicos russos e, de certa forma, pode ser alguma homenagem que essa mente louca se propôs a fazer, ainda que muito precariamente. Quantas coisas insanas passam em nossas mantes e saem delas, não é? De fato, há momentos, que a nossa precária inspiração turbina e, então, parece que nem somos nós mesmos. Alguns chamam isso de talento, inspiração divina, mas eu chamo apenas de ideia.

20 de novembro de 2022

Por muito tempo, vozes na minha cabeça diziam: "ninguém gosta de você, nem teus pais, nem teus irmãos, nem teus amigos, ninguém! Você é medíocre, desprezível, ninguém suporta você, até os que juram amá-lo não suportam você, todos só querem possuir você, ter o que você tem, principalmente a sua solidão. Por que você não se mata? Sinceramente, por que você ainda vive? Você sabe que é um peso nesse mundo. Se mate e faça esse favor a você mesmo e ao mundo! Saiba, se um dia você enfim tiver coragem para tal, ninguém vai dar a mínima, você será motivo de piada e em menos de uma semana todos esquecerão da merda que você foi nesse mundo e muitos darão graças a Deus por você ter se matado. Você não passa de um ser ignóbil que a natureza, por puro capricho e ironia, deixou existir". Essas eram as palavras que ecoaram em minha mente por quase meio século. Hoje, eu sei que por muito tempo eu fui aquele menino escondido na manilha, com medo de voltar pra casa e ser brutalmente castigado por aqueles que eu acreditava me amar, hoje eu sei que as vozes, na verdade, era eu mesmo falando para mim mesmo. Com efeito, hoje sei, sobretudo, que essa visão que eu tinha de mim, dos outros e do mundo, elas foram enfiadas à força em minha mente desde criança, ou talvez até antes de vir a esse mundo, como se eu fosse um experimento, o experimento dos loucos e malignos que me mandaram para esse mundo e os desgraçados que me puseram nesse mundo, dos que odiavam a si mesmos e tudo a sua volta. Hoje, eu sei, graças a tantas outras pessoas ruins e boas que cruzam a estrada da minha vida, que não sou um peso no mundo, nem a libertação do mundo, nem nada. Sou apenas eu, um espírito livre cujo Amor, por mais louco e imperfeito que seja, é a minha lei maior, meu código de honra, o motivo para que eu continue nesse mundo, até o fim, com pessoas ruins e boas. Contudo, hoje, apos quase meio século, eu sei o que sou, antes de tudo, um Viajante da Luz na Escuridão, consciente de infinitesimal pequenez humana diante da imensidão cósmica interestelar, da incomensurabilidade da vida e da inefabilidade da existência, isto é, amo mas também sei odiar, amo com todas as forças, mas odeio até os ossos, como todos os Espíritos Livres, como todos os Viajantes da Luz na Escuridão e todos têm de mim na mesma proporção daquilo que me dão. Nesse e em todos os mundos possíveis existe um ditado: 'os fracos não tem vez'. 

22 de Novembro de 2022

Mais uma vez, tendo em vista que, infelizmente, a maioria esmagadora da humanidade já se encontra em um avançado estágio de putrefação mental, moral e espiritual, perdida no apego doentio às coisas materiais, no consumismo absurdo, no materialismo mórbido, mergulhada num complexo processo de idiotização, gadização e desumanização, não há mais nada que possamos fazer, nem esperar desse mundo e dessa humanidade. As esperanças estão todas perdidas, de fato. Então, como Espíritos das Letras, Livres e Realistas, nos perguntamos uma vez mais: como podemos viver diante do desespero incomensurável e da desolação brutal? E a resposta é dolorosamente simples: como sempre vivemos, em todas as eras, como observadores, como autênticos Viajantes da Luz na Escuridão. Dr Martin Luther King, que dedicou a sua vida e trabalhou pelo progresso humano, dizia em seu discurso que 'com a fé' se poderia "extrair da montanha do desespero uma rocha de esperança". E foi morto com um tiro disparado por um lunático podre de mente, coração e alma. Na hora de sua morte violenta, injusta, não havia nenhuma rocha de esperança, apenas a montanha do desespero. John Lennon, quem sua canção, Imagine, sonhava com um mundo com respeito às diferenças, de amor e paz entre todos, também foi morto com cinco tiros por outro fanático lunático podre de mente coração e alma que acabou com Lennon e todos os seus sonhos, sem piedade, sem amor, sem paz, sem respeito. Quantas foram as boas almas que tentaram 'extrair da montanha do desespero uma rocha de esperança' e acabaram aniquiladas? Muitos já foram e ainda muitos serão os que trabalham pelo progresso humano, batem de frente com sistema e acabam solitariamente trucidados, diante de multidões incapazes de reagir contra as injustiças, misérias e abusos criminosos. A humanidade, em sua esmagadora maioria, é profundamente deprimente. Esse mundo poderia ser um Paraíso, se essa humanidade podre de mente, coração e alma não tornasse tudo um Inferno. Então, amigos, essa é a realidade e a supra realidade: esse mundo não tem conserto e a humanidade está fadada a extinção, que cedo ou tarde virá. Diante dessa desoladora realidade só temos dois caminhos: nos auto-exterminar e por fim a toda angústia, tristeza e desolação, mesmo correndo o risco de isso tudo não acabar  até piorar a situação ou seguir 'um dia que parece mil anos, um caos, um inferno, uma mísera falsa esperança de cada vez'. Não esqueçamos do que dissera Sêneca, muito antes de ser condenado ao Suicídio pelo psicopata do Nero: "Que esperar para si mesmo, quando os melhores sofrem calamidades horríveis?". 


EM CONSTRUÇÃO...

Imagem: Jacek Yerka

Comentários

Postagens mais visitadas