A ideologia é o ópio dos intelectuais


 

290 -  Ideologia é ópio dos autoproclamados intelectuais. 


Alexander Issaiévich Solzhenitsyn (1918-2008), um pensador, autor e escritor Russo, Marxista-Leninista que comeu o pão que o diabo amassou na antiga União Soviética por criticar Stalin, foi exilado por décadas e depois 'resgatado por Putin' a quem foi grato até o final de sua vida, escreveu em, Arquipélago Gulag: [...] “Ideologia é aquilo que dá ao malefício a justificativa tão procurada e ao malfeitor a determinação e a sustentação necessárias. É esta a teoria social que ajuda a fazer com que os seus atos pareçam bons ao invés de maus, aos seus próprios olhos e aos olhos dos outros, de forma que ele não ouvirá repreensões e maldições mas receberá elogios e honrarias. Foi assim que os agentes da Inquisição fortificaram as suas vontades: invocando o Cristianismo; os conquistadores de terras estrangeiras, louvando a grandeza da Pátria Mãe; os colonizadores, a civilização; os Nazistas, a raça; e os Jacobinos (do início e do fim), a igualdade, a irmandade, e a felicidade das gerações futuras. Foi graças à ideologia que o século vinte foi fadado a experimentar malefícios numa escala calculada em milhões. Isso não pode ser negado, ignorado ou suprimido. Como é então que nós nos atrevemos a insistir que os malfeitores não existem? E quem foi que destruiu esses milhões de pessoas? Sem malfeitores não teria existido o Arquipélago.” 

Emil Cioran, Pensador Romeno que foi "fã de Hitler" na juventude mas que depois caiu na real e detonou Hitler e o Nazismo, escreve em seu Breviário de Decomposição, o seguinte: [...] "Em si mesma, toda ideia é neutra ou deveria sê-lo; mas o homem a anima, projeta nela suas chamas e suas demências; impura, transformada em crença, insere-se no tempo, toma a forma de acontecimento: a passagem da lógica à epilepsia a está consumada... Assim nascem as ideologias, as doutrinas e as farsas sangrentas" [...] e ainda: [...]  As ideologias só foram inventadas para dar um brilho ao fundo de barbárie que se mantém através dos séculos, para cobrir as inclinações assassinas comuns a todos os homens. Hoje mata-se em nome de algo; ninguém se atreve a fazê-lo espontaneamente; de tal sorte que até os carrascos devem invocar motivos e, estando o heroísmo em desuso, quem se deixa tentar por ele, mais resolve um problema do que consome um sacrifício. A abstração insinuou-se na vida e na morte; os “complexos” apoderam-se de grandes e pequenos. Da Ilíada à psicopatologia: este é todo o caminho do homem... [...].
Se engana quem pensa que é fácil de se livrar da praga destruidora da ideologia, essa maiêutica do mal aplicada por estelionatários da intelectualidade, que leva ao dogma, ao fanatismo, à morte e à aniquilação. Percebam que embora Solzhenitsyn substituiu Stalin pela falsa esperança de um redentor da Rússia e que achou tê-lo encontrado em Putin. Já Cioran, embora tenha declarado sua repugnância em relação a Hitler e o Nazismo, os substituiu pelo antinatalismo, pela ideia de que nascer é um erro, que não pedimos para nascer mas já que nascemos é melhor não nos reproduzir e, com isso, dar fim à espécie humana. Perceba, com isso, que muitos intelectuais trocam seis por meia dúzia, ou seja, mudam de objeto de adoração, mas continuam adorando, dourando a pílula, dissimulando e jurando de pé junto, tragicomicamente, que não tem nenhuma ideologia, nenhum dogma, nenhum resquício de fanatismo, nenhum apego doentio. Portanto, observem, que o apego doentio às coisas imateriais, intangíveis mas que se tornam materiais, tangíveis pela destruição que causam, como é o caso da ideologia, é um tipo de doença quase incurável e, infelizmente, a maioria esmagadora da humanidade, está profundamente doente da mente, do coração e da alma, rumo ao suicídio global e de volta à Idade da Pedra.

In__Trabalho Cerebral 

Imagem: O Enigma de Hitler /  Salvador Dali

Comentários

Postagens mais visitadas