Reflexão sobre o filme 7 vidas e o suicídio


De um certo ponto de vista, todos estamos cometendo suicídio, uns mais lentamente, outros impetuosamente.  


Sugestão de leitura: Colapso Final


É claro que o filme, 7 vidas, não fala apenas de suicídio, fala também de redenção, mas através do suicídio, "dar a sua vida para salvar 7 pessoas". Moral da história que o filme tenta deixar: "O bem vence, mas não sem deixar mortos e feridos pelo caminho". 


Contudo, convenhamos, os produtores de cinema, os chefões, muitas vezes tem um baita script/roteiro em mãos, mas acabam defecando em tudo para tornar a coisa 'comercial e boa para a venda'.

 

Vender a ideia tola de que acreditar que o Suicídio acaba com todas as merdas e problemas, que 'vai descansar em paz' ou se perder num inferno/umbral para todo sempre ou simplesmente deixar de existir, ou ainda, achar que encontrará 'a redenção' ou, pior, que se estará num suntuoso céu com deuses e mulheres belíssimas num gozo eterno, em suma, que vai se livrar de todos os problemas, é muita canalhice. E tremenda ingenuidade de quem acredita que o suicídio é a porta da saída de emergência ou um ato de extrema coragem e rebeldia ou, ainda, a coroação de uma causa. (É óbvio que não falo apenas do filme aqui).


Penso que ninguém sabe o que ocorre após o momento de Escuridão, sobretudo, após o Vazio Absoluto. Desde que o mundo é mundo, muitos acreditam em um monte de coisas, mas o fato real é que ninguém sabe o que será ou deixará de ser.  A Ciência atual diz que não há nada mais e que tudo (os relatos de quase-morte, as histórias de 'pós-morte' etc e tals)  não passam de uma criativa miscelânea de resquícios de memórias de um cérebro à beira do fim e a dramática tentativa do Ser detentor do cérebro de se apegar ao que resta do último ponto de luz da Vida. Nada mais que isso. 


Outros, cada qual com suas crenças, acham que a coisa continua. Muitos falarão que existe 'o bom lugar', 'o mal lugar', o 'lugar meia boca' e tantas outras coisas mais. Entretanto, lá no fundo, no íntimo de todo Ser vivente, especialmente, os 'pensantes', ainda que se deseje desesperadamente 'a continuidade da vida', todos sentem que de fato, se existir algo, ninguém sabe como é ou deixa de ser. O mistério permanece. E sim, há uma pontinha de dúvida em todo o ser vivente, especialmente, entre os 'pensantes', de que nada mais exista, de fato. Particularmente, penso que diante da incomensurabilidade cósmica existencial, sobretudo, ante ao nosso infinitesimalmente ínfimo conhecimento humano do Cosmos, tudo é possível e tudo está em aberto. 



Portanto, viver aqui e agora,  - - - não apenas como se 'não houvesse o amanhã, mas tendo certeza de que sequer pode haver 'o depois' e por isso, tudo é para sempre, tudo é eterno enquanto dura, - - - viver, com todas as forças que restam, suportando o mundo cão como ele é, o caos e todas as merdas que nos atingem durante a vida toda e ainda tentar criar um novo sentido para a sua vida, se reconstruir, se ressignificar 'é o que temos para hoje' e sempre. 


A vida é complexa e simples ao mesmo tempo. Nascer, (mesmo sem você ter pedido para lhe meterem nesse mundo sinistro), viver (mesmo sem muitas vezes ter motivos para tal), ter um ou dois amigos verdadeiros (se é que isso é possível), encontrar uma 'pessoa especial' (se é que isso também é possível), talvez ter filhos ou 'obras', (não necessariamente), fazer a diferença em alguma coisa (se é que é possível), deixar a sua assinatura neste mundo, deixar um legado minimamente positivo (se possível), morrer e ser esquecido no turbilhão do tempo. Isso, é a vida nesse mundo.


É claro que as pessoas que estão de fato decididas a se auto-exterminarem,  independentemente dos argumentos que lhes apresentem, vão se auto-aniquilar. Tanto, que segundo a WordMeters (https://www.worldometers.info/pt/) , quase todo ano, cerca de 1 milhão de pessoas cometem suicídio em todo o mundo. 


Mas, há legiões e legiões de pessoas que estão à meio caminho da decisão final e são essas pessoas que, como livres pensadores, dentro desse espectro da vida, devemos nos ocupar não apenas para observar e analisar como o processo se dá (como alguns já o fizeram como Albert Camus, Émile Durkheim etc), mas sobretudo, tentar mostrar que, independente do que se acredite ou não acredite, os problemas não acabarão com o suicídio, principalmente, os problemas desse mundo e que, quem vai pagar a conta, na maioria das vezes serão os que ficam. 


É claro que, mesmo assim, mesmo com algumas pessoas tentando ajudar, a maioria dos que pensam em suicídio e estão por tomar a decisão final, vão até o fim, infelizmente. Motivos, nunca faltarão. 



Com efeito, é duro dizer, esse é o jogo da vida nesse mundo deprimente, diabólico e sinistro. Só os raríssimos sobreviverão a si mesmos, as suas mentes, os abismos e os demônios de suas mentes e aos outros, as mentes dos outros, os abismos e os demônios das mentes dos outros e ao mundo cão repleto de injustiças, misérias, violências e abusos criminosos por toda a parte.



É claro, temos de dizer outra vez aqui: a maioria esmagadora dos bilhões de animais falantes que se acham pensantes, sequer refletem sobre a vida e sobre as coisas da vida, a maioria passa pela vida como turistas abobados numa viagem sem graça. A maioria, infelizmente, já está morta em vida, pútrida de mente, alma e coração.

Mergulhada na idiotização em massa, a maioria passa pela vida como se não tivesse sequer existido ou passa perambulando pela vida como mortos vivos, zumbis de uma vida fake, numa sociedade fake comandada por canalhas, num mundo brutal, de apego doentio às coisas materiais, onde a vida humana,  'objetivada e precificada' já quase  não têm mais nenhum valor.

__________Emerson

Filosofia Insólita


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