Os Sofrimentos do Jovem Werther e a questão do suicídio


 "Oh, o que é o homem, para se atrever a lamentar-se sobre si mesmo! Eu quero, dileto amigo, eu te prometo que quero corrigir-me, nunca mais haverei de, como sempre fiz, beber até a última gota os males que o destino nos reserva. Quero gozar o presente e o passado será passado para mim. É claro, caríssimo, que tu tens razão. As dores dos homens seriam menos agudas se eles não... Deus sabe por que eles são feitos assim! Se ocupar com tanta assiduidade da fantasia, chamar de volta a lembrança dos males passados, ao invés de tornar o presente suportável..."

O insólito e profundo: "Os Sofrimentos do Jovem Werther" de Goethe é antes de tudo, de fato, uma tremenda reflexão sobre o caldeirão dos caldeirões da vida que são os sentimentos.

Livro de leitura obrigatória a todos os amantes da literatura, estudantes e demais entusiastas do conhecimento. 

Alguns acusam esse livro de ter sido o gatilho para uma onda de suicídios na Europa após 1774. A maioria dos suicidas eram jovem leitores de almas sensíveis que inclusive se vestiam como o protagonista da história com calças amarelas e colete azul. Werther, o protagonista, é um jovem da Aristocracia Alemã que se torna auto-destrutivo em face do louco amor impossível que tem por Charlotte.

Em 1974, dois séculos após a publicação do livro e da onda de suicídios, o Sociólogo e Pesquisador, David Phillips cunhou o termo "Efeito Werther", que se tornou um termo técnico da Psicanálise para tratar de um pico de suicídios que ocorrem após um suicídio amplamente divulgado. Com base em seu estudos entre 1985-89, Philips chegara a conclusão que após uma suicídio amplamente divulgado e publicizado, ocorre uma onda de acidentes e suicídios, por imitação, auto-sugestão. 

Contudo, como já tratamos em nosso livro: "Sobrevivendo às Merdas da Vida, Manual Prático Contra o Suicídio', nem tudo o que é atribuído ao livro de Goethe pode ser verdade. Todos sabem que o Sociólogo, Émille Durkheim, era da opinião de que o portador da ideia de suicídio quase sempre não sobrevive. Ou seja, pode passar anos, a coisa toda vai e volta e no final, acaba como se já pensava, independente do gatilho, da motivação etc. O suicida, de fato, até tenta encontrar uma saída e evitar a auto-destruição e alguns até conseguem sobreviver a si mesmos e as suas mentes, mas, na maioria das vezes, diante da ausência total de sentido da vida, principalmente, sentido da vida na Terra, a maioria dos suicídas encontram a desculpa perfeita, seja ela 'romântica/passional', 'trágica-financeira, social ou religiosa' ou mesmo nas drogas. 

No artigo, 'A Culpa não é do Werther', na Revista Arco, o professor de Filosofia e Ensino Religioso Márcio Marangon, diz que a opinião de que a interpretação que se tem do Efeito Werther a partir da onda de suicídios pode ser equivocada. 

[...] "o Efeito Werther, na Europa, foi – para além dos suicídios – o romantismo. A partir dessa obra, o romantismo ganhou notoriedade, e, dele, outros movimentos artísticos, políticos e filosóficos tiveram origem. O livro de Goethe, então, pode ser compreendido como uma obra que, além de conhecida pela série de suicídios, também, e principalmente, provocou reflexões sobre sentimentos. Assim, serve de alerta para outras épocas, como a nossa. “O Efeito Werther precisa ser revisto novamente, na atualidade, como um problema que vai muito além das estatísticas. É um problema de sentimentos, de estética, de vida”, argumenta o professor Márcio Marangon. O professor conta ainda um fato curioso sobre a obra. O imperador Napoleão Bonaparte tinha “Os Sofrimentos do Jovem Werther” como uma distração literária. Ele confessou que havia lido o livro sete vezes e que era seu predileto, inclusive, guardava-o no bolso para as viagens. Porém, isso não mudou sua forma de agir no mundo. Assim, Márcio defende que a obra precisa servir de base para compreender como nossas regras sociais causam pressão sobre nossos jovens, por exemplo." [...], diz o artigo. 

Aqui vai uma crítica à opinião do professor quando ele diz que que Napoleão leu Werther mais de 7 vezes e que isso "não mudou sua forma de agir no mundo". Todos sabem que a Guerra de Waterloo foi uma ação militar suicida e que Napoleão era um tremendo megalomaníaco. Obviamente, não se pode atribuir ao livro de Goethe o tipo louco e suicida de Napoleão. 

Poderíamos até dizer que as ações desastrosas de Napoleão em Waterloo e que levaram ao fim de sua era como Imperador em 18 de junho de 1815 e como ser vivente neste mundo, já que depois iria morrer praticamente 'solitário entre os porcos da Ilha de Santa Helena', foram atos de um portador da ideia do suicídio que tentou encontrar uma saída na guerra, na glória e que falhou. Derrotado e exilado, acabou morto por um câncer de estômago causado, em tese, por um longo período de envenenamento. 

E de fato, entre os mais de 1 milhão de suicídios cometidos todos os anos no mundo, segundo a WorldMeters, há muitos que tentam se matar indiretamente, falham e depois acabam ficando em situação pior ainda, inclusive sendo um peso para outros no mundo.

CONSELHO SOBRE O SUICÍDIO

Portanto, se você for se matar, não se enrole, vá de uma vez e faça isso direito para não se tornar um peso para os outros. Não culpe ninguém, por mais que muitos desgraçados mereçam uma carta sendo apontados como culpados! Na real, os desgraçados do mundo que, de certa forma, contribuíram para isso ou te levaram a isso, nem uma carta merecem. 

Ademais, no fundo, todos sabemos que essa é a vida, sobretudo, é a vida na Terra, vazia de sentido e uma tragicomédia bizarra.

Contudo, porém, se decidir tentar encontrar uma saída, vá fundo mas não espere muito porque esse mundo é um mundo cão e a humanidade, em sua esmagadora maioria, incluindo até mesmo alguns que você ama ou acha que ama, já estão podres em todos os sentidos, principalmente, mental, moral e espiritual, portanto, já estão idiotizados, gadizados, brutalizados, desumanizados. 

Vivendo vidas fakes, vidas de merda, alienados e feito zumbis, essa maioria da humanidade está mergulhada no apego doentio às coisas materiais, no materialismo mórbido,no consumismo burro, na fome de Ter mais e mais para preencher o saco sem fundo do vazio tenebroso da alma que nunca se sacia, incapaz de raciocinar direito e rumo a um suicídio global. Por isso, evidentemente a maioria das pessoas não estão nem aí para você, se você sofre ou não, se você vive ou morre, se vai para o céu, inferno, para o nada absoluto ou o raio que o parta.

Com efeito, se for tentar achar uma saída, saiba disso tudo e não espere grande coisa da vida nesse mundo cão. Assim, o que vier de bom é lucro. Diante disso, dessa realidade brutal, sugiro a todos os que ainda tentam achar uma saída, sobretudo, singela, a 'Filosofia do Foda-se', ou a 'Filosofia do Grande Tanto Faz', abordada no 15ª livro em construção, O Diário Insólito de Rolan Ruspan, onde introduzo o assunto de um livro futuro que se chama: Vidas Fakes. 

Essa nova forma de Ser, Existir, Pensar, Sentir, Criar e Viver que chamo, doravante, de 'A Filosofia do Grande Tanto Faz', essa Filosofia Realista e ao mesmo tempo Supra Realista, não tem nenhuma pretensão para além do  'Grande Tanto Faz', o que, de certa forma, conduz a um Desapego de Tudo no sentido da 'Não Necessidade de Nada', o que no final das contas, ironicamente, funciona como um antídoto contra toda forma de vida fake. Trataremos mais sobre isso, adiante...

Os que tiverem interesse, segue a dica de nosso livro mais recente sobre o assunto: SOBREVIVENDO ÀS MERDAS DA VIDA, MANUAL PRÁTICO CONTRA O SUICÍDIO.

Aquele abraço! 


E-Kan

Filosofia Supra Realista, 2022

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