Perdão, a linguiça do momento

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Há pouco tempo, a moda nas redes umbrais sociais, era se dizer feliz e o objetivo máximo da vida era buscar a felicidade o mais rápido possível e à exaustão. Logo, o principal 'conteúdo' mais vendido pelos sofistas dessa época, os enchedores de linguiça, era 'o meio de se chegar a felicidade'. "Compre meu curso, coma a minha linguiça, e seja feliz".

O público, pelo visto, se cansou de 'tanta felicidade' e, agora, a moda é falar de perdão. Falam pelos cotovelos sobre o quanto o perdão é libertador, lindo e maravilhoso, 'que é difícil perdoar mas que o perdão é melhor para quem perdoa e que só o perdão total é que pode fazer a pessoa 'feliz de verdade' e que também é importante 'se perdoar' etc etc etc. "Compre meu curso sobre como perdoar alguém e seja feliz".

A verdade é dura, nua, crua e simples: ninguém perdoa ninguém mas todos fingem muito bem. Uma vítima de estupro perdoa o estuprador e esquece o assunto? Um familiar de uma pessoa assassinada por um bandido ou um psicopata, perdoa o bandido ou o psicopata e esquece o assunto? Há quem diga que o povão perdoa muitos politicopatas ladrões e ainda os reelegem dando-lhes a famosa 'segunda chance'.

Sejamos honestos, há discursos maravilhosos, mas na prática e bem lá no fundo da mente, do coração e da alma, a verdade é que ninguém perdoa ninguém.

Ou se aprende a conviver com o imperdoável ou o aniquila, como os Judeus fizeram com Jesus Cristo, isto é, 'aliviaram' o criminoso e assassino Barrabás, mas não podiam perdoar aquele que os provocou em suas certezas e perturbou as suas verdades absolutas.

É como diz o dito por aí: "Deus perdoa, eu não". Ademais, o perdão, tal como a moral, é uma invenção das classes dominantes para confundir e controlar a multidão, isto é, o indivíduo finge que perdoa e assim atenua sua vontade esmagadora de se vingar e fazer justiça com as próprias mãos.

Observe-se: atenua, mas não desiste de se vingar. Essa não-desistência, alguns chamam de 'ressentimento'.

cutt.ly/ACrLqkz

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Imagem: Fine Art América