Livro: Poesias-pensamentos pra quem pode perder tempo











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Vincit qui se vincit / Vence quem se vence.

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Quem te incendeia?

O que te faz arder?

O que desperta a chama da sua alma?


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Enquanto dura


Diante da Incomensurabilidade Cósmica, 

tudo é passageiro, tudo tem data de validade, 

tudo é sem sentido, tudo é efêmero 

e, por isso, tudo é eterno enquanto dura.

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Sonho e delírio


O sonho não acabou

Ele nunca existiu

A realidade desvelou A Verdade

O sonho nunca foi sonho

Nunca passou de uma miscelânea de ilusões, delírios e falsas esperanças

Utopia, idealização, romantização, tempo perdido...

Agora, os diferentes cada vez mais diferentes, aumentam as diferenças

Indiferentes ao Outro, todos evitam os pontos em comum

As fissuras profundas, inabaladas, se agravam

O caos é o que aguarda a todos na esquina da história


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Como se o agora fosse para sempre


No caos do mundo cão nos distraímos, 

nos deleitamos, às vezes até nos divertimos e gozamos. 

Vivemos, sabendo que o depois pode não existir. 

Vivemos, como se o Agora fosse para sempre. 

Vivemos, um dia como se fosse mil anos, 

um inferno, uma ilusão, uma mentira sincera, 

uma falsa esperança de cada vez. 


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Viva para sempre!


A v­­­ida é bela

Muda a todo o momento e há infinitas possibilidades

Mas também é fria

Dura

Implacável

Mortal

Para todos

Em todas as classes e idades


Uma decisão bem tomada pode construir impérios

O menor dos erros pode destruir civilizações


A vida é linda

Mas não se engane

Não vacile

Neste mundo há corações boníssimos

Mas também há muitos corações malignos

Alguns estão mais perto do que você possa imaginar


Viva esperto

Trabalhe pelo melhor

Torça pelo melhor

Mas não espere nada de ninguém

Nunca ache que merece

Porque ninguém merece, até que prove

Não espere nada desse mundo

Exceto dos cachorros e gatos

Deles você pode esperar algo sincero


Dê seu máximo

Seja sempre o melhor de você mesmo

A sua melhor versão

Seja você mesmo

Seja de verdade


Tenha coragem de usar o seu conhecimento

Aja pelo melhor

Torça pelo melhor

Espere pelo pior

De preferência, com um sorriso no rosto

Ainda que um sorriso insano, só para disfarçar

Esteja sempre pronto para o pior

Assim, o que vier de bom é lucro


Nada supera a grandeza das pequenas coisas da Vida

A vida é maravilhosa

Mas não durma no ponto

Esteja sempre atento e alerta

O mal tomou todo o café do Cosmos e por isso nunca dorme


Viva a mil

Pois quem vive pra valer nunca morre

Viva intensamente

Sem medo de ter medo

Viva pra valer, bote pra foder

Mas nunca baixe a guarda

O mal, como uma vizinha fofoqueira, sempre está à espreita


Iluminar o mundo custa caro

Um preço que só os que lutam para iluminá-lo, pagam

Trabalhe pelo bem

Viva pelo bem

Faça o bem

Mas nunca esqueça do mal, que igual aos juros bancários, não cessa


A vida é grandiosa

Mas não perdoa ninguém

Nem mesmo os que dizem 'amar a vida'


Nunca esqueça que diante da Imensidão Cósmica Interestelar, ainda somos como meras partículas de poeira cósmica pensantes

No máximo animais pensantes, um dia talvez, espíritos filosofantes


O desapego é maior e melhor que o apego

Por isso não é para qualquer um

Não se deslumbre com nada

A sorte demora e quando chega é fugaz

Mas o azar se delonga como a visita imprópria que parece que nunca vai embora

Não se deslumbre com nenhuma grandeza 

Pois toda grandeza é efêmera


A humanidade se acha grande coisa

Os dinossauros eram gigantescos 

Mas bastou uma pedra para eles serem varridos da face da Terra


A vida é maravilhosa

Mas não é um conto de fadas

Ou um filme de Hollywood

A realidade quase sempre é outra

Nesse mundo, "onde os fracos não tem vez"

Na maioria das vezes, prevalece a moral do mais forte

Por isso dizem que "o mundo é dos vivos"

Esse mundo tem seu lado belo, é inegável

Mas esse mundo é um mundo cão 


A vida é belíssima

Mas não esqueça

Todos nós temos data de validade

Um dia, quando menos esperarmos, do nada, o nosso fim chegará

E tudo o que já fomos, somos e que gostaríamos de ser Estará acabado

Nós sempre seremos pegos

De calças curtas, com calças ou sem calças


Aproveite a vida com tudo o que você puder

Faça tudo o que quiser

Porque o nosso tempo aqui

Cedo ou tarde, acabará

Todos que amamos e tudo o que amamos será destruído pela morte impiedosa

Mas não se aflija

Não retroceda

Não fuja 


Enfrenta o que puder ser enfrentado

Aceite o que tiver que ser aceito

Nunca se dê por vencido, por mais ferrado que esteja

Alguns dizem: 'somos, ao mesmo tempo, Luz e Escuridão'

Muitos escolhem ser só escuridão

Mas você pode escolher ser um Viajante da Luz na Escuridão

A vida é incomensurável

É choque de forças

Alternância, mudança, transcendência, transformação

Uns buscam se transformar para o Bem e outros para o Mal


O medo e o ódio podem tomar conta de mentes, 

corações e almas por um longo tempo

Mas O Amor é A Lei Transformadora da Vida 

Em toda a Incomensurabilidade Cósmica

Em todos os Universos e mundos possíveis 


Só duas coisas prevalecem em toda a Incomensurabilidade Cósmica: O Equilíbrio e a Evolução 


A vida sempre poderá ser ressignificada

Sempre haverá um ponto de virada 

Para mudar, transcender, evoluir

Ser melhor

Pior

Ou ficar na mesma 

É a escolha de cada um


A nossa vida aqui na Terra é construção, destruição, reconstrução, ressignificação


Viva de coração, corpo, alma e mente

Viva com tudo

Com força

Com emoção

Com Gratidão

Com fúria

Com Amor

Com imaginação

Com tesão 

Com loucura

Com energia

Viva para sempre!


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“Crônica-poética”

(Sobre a invasão do Brasil)


Há cinco Séculos inesquecíveis

Vieram servos de um deus que não conhecíamos

Levaram nosso ouro, provaram nossas mulheres...

Mas trouxeram “a cultura” e deixaram suas vestes

Portugal! Portugal!

Nada mal! Nada mal!

Trocaram o pau-brasil

Por restos de bacalhau

Tordesilhas dividiu o “mingau”

Com os Espanhóis que com as espadas

Cortaram bem mais que o mato

De fato! Nem os Incas deixaram rastro...

E a América-latina foi o próprio pato

Napoleão os baniu da Europa

Em várias naus, o oceano atravessaram

E serem os donos do Brasil

Da maneira mais vil Seria o próximo ato...

Em nome de Deus e de Cristo

Mentiram, Mataram e Exploraram...

Muito mais Do que em nome do Diabo...

Brasil, espoliado de maneiras mil!

Uma Maria, Um João, dois Pedros e uma Carlota

Brasil, dos militares ao Civil!

Flores de Deodoro para Floriano

De Floriano para Prudente

De Prudente para frente...

Canudos, Contestado, Lampião e o Cangaço... Lembravam:

Tiradentes, Caneca, Farroupilhas...

Gritos que do passado ecoavam

Voltas e idas de uma morte em Vida Severina

Dos Pampas ao Amazonas

O povo é a Latrina, onde

Senhores coronéis, doutores, padres e pastores

Dejetam em cima

E a Elite? O que é a Elite?

O rebento de vida insossa

De um coto espúrio europeu...

Neo-liberais, neo-escravistas

Idólatras do deus da pecúnia

E nós? Quem somos nós?

Os Insurgidos! Combatentes, Pensadores, Sonhadores...

Da Vitória dos Oprimidos,

Da Libertação de todos

Até dos Opressores........

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Sobre o Amor

(Original)


O que é o amor?

Uma doce mentira?

Um solitário segredo?

Um sentimento sagrado?

Um insano e mórbido desejo?

O tudo ou o nada?

O começo ou o fim?

O que é o amor?

Saber ser e não ser?

Ou saber deixar de ser?

É estar longe, mas perto?

Ou abraçados, mas em outros abraços?

É saber dizer sim?

Ou não saber dizer não?

É o que amadurece a cabeça?

Ou o que infantiliza o coração?

O que é o amor?

É abrir mão? A mente? Ou a alma?

É escolher a renúncia?

Ou renunciar a uma escolha?

É aquilo que sempre existiu?

O que ainda existirá?

É o que vive?

O que morre?

Ou o que nos assombra?

É uma libertação?

Uma prisão?

Ou um manicômio?


...


Martelo


Quebre as vidraças

Use seu martelo

Faça a demolição de todas as estátuas!

De heróis do passado

De senhores, de escravos

Do que é santo, do que é pecado

Me beije!

Me beije, com todo seu calor e com todo seu gelo!

Me beije, com todo seu amor e com toda sua fúria!

Não queira agora me ajudar em nada!

Use seu lança-chamas...

E queime todas as nossas máscaras!

De amantes e amados

De salvadores humanitários

De deuses e diabos


...


Faz de Contas


Uma vida Normal...

Normal até demais..

Nada de menos...

Nada de mais...

Dias longos, noites curtas...

Pequenas mentiras: grandes verdades!

Pequeno Grande Faz de Contas...

Uma Vida radical

Radical até demais!

Mais ou menos...

Dias curtos, noites longas

Façamos as apostas!

Aceitemos as propostas!

Esperemos as respostas!

Ouçamos "O Chamado"

Caminhemos na luz!

Corramos nas sombras!

Tornemo-nos deuses!

Pelejemos com treze diabos!

Acabemos mortais...

Que nossos cadáveres sejam Imortalizados!

Tanto faz!

Pois, do que se trata?

Um Pequeno Grande Faz de Contas!


...


 Midas


Abra teu espírito e se aproxime...

Toque com suas mãos o interior deste boneco de barro

Transforme-o em o Ouro!

Pegue-o e o faça alguém!

Mas, não toque em seu cérebro...

Ele não foi feito para ter idéias brilhantes!

Esqueça! Não toque no seu coração

Ele foi feito para morrer...

Novo, velho, por cima ou por baixo!

Tanto faz!

Mas, venha!

Abra seu espírito e se aproxime...

Cuidado com a lama!

É difícil de tirá-la!

Toque-o e o faça alguém!

Transforme-o em algo valioso!

Só não toque no cérebro

E esqueça o coração...

Que continuem sendo o que são:

O Ouro Puro do boneco de barro!


...


Homens-Macacos-Papagaios


Nós conquistamos...

O mundo que era dos dinossauros

Descemos das àrvoress

E deixamos de andar de quatro

Abrimos as nossas mentes

E o crânio dos outros machos

Nos tornamos falantes, loucos e sábios

Homens-macacos-papagaios

Construímos pirâmides

E muralhas com os ossos dos escravos

Inventamos a Metafísica

O Céu do certo e do errado!

Acreditamos na verdade de um homem

Que disse: Amar o outro não é pecado!

Pois, vocês são o que são...

Homens macacos

Homens macacos

Homens-macacos-papagaios

Mas, na idade média as coisas ficaram sérias...

A fogueira não era apenas para o frio esquentar

A Terra era “quadrada”

E o sol girava em torno de Roma

Enquanto um Galileu falava, o Outro devia a orelha abaixar

E mesmo sem morrer...

O mundo dos homens Renasceu

Ser Humanista era o máximo!

Mas, Giordano virou churrasco!

E a maçã que um dia ferrou o homem...

Isaac Newton deu um novo nome!

Rousseau e Voltaire beliscaram a Razão

Charles Darwin a Evolução

E o mundo moderno, promessa de um céu...

É um inferno...


...



Dama de Preto


Distração, distração

Para tirar a atenção

Distração agradável, pra suportar o inevitável

Oh! Dedicada Dama de Preto

Que nos vigia desde cedo

O belo vaidoso

O feio orgulhoso

O homem de cor

O desbotado

O corpo sedento

O saciado

O rico frágil

O pobre forte

Ninguém escapa de tua sorte

Nem mesmo, na distração...


...


Mundo


Mundo, mundo cão

Mundo desordeiro

Mundo dos loucos e dos que amam por dinheiro

Mundo trágico, mundo cômico

Corpo frágil, minha mente é sonhadora

Mundo mágico, Mundo animal

Sou um cão sem dono, minha vida é arruaceira

Amor meu amor,

Me dá um gole, da tua ira

Depois a gente se vira

Amor meu amor o mundo se tornou um poço de mentiras radioativas

Mundo, Mundo dos templos

Mundo obscuro

Mundo das idéias e dos que bebem o dia inteiro...

Mundo lógico, Mundo estranho

Corpo frágil, minha mente é explosiva

Mundo sádico, mundo irracional

Sou um ponto entre pontos

Minha vida é passageira

Amor meu amor

Tua verdade, se tornou uma mentira

Amor meu amor,

O mundo se tornou

Um poço, de misérias coletivas


...


Inevitável


Ainda sou jovem

Ainda sou louco

Ainda sonho

Queria ir à lua

Mas por enquanto degusto o meu destilado barato

Sentado na velha cadeira de plástico

Veio o sábado, vieram os outros

Dias que não conheci por inteiro

A mente diz: - é preciso dormir um pouco

O espírito diz: - quanto tempo jogado fora

Nos entretemos com algumas coisas

Uma hora aqui, outra hora acolá...

Um dia um velho disse: “o mundo é dos idiotas”

Parece estranho, é estranho

Tanto quanto a pretensa verdade...

Velho, um dia, com sapatos velhos, quem sabe?

Cada coração é um mundo, profundo

Na tumba de meu corpo repousa minha alma-lama

Minha alma, minha lama! Até quando?

Até quando nos alegraremos com migalhas?

Da última música que escrevi

Não lembro das últimas três notas

Elas vivem, são mais vivas do que eu, mais vivas do que muitas pessoas

Pessoas que sequer viveram para morrer

Pois para morrer é preciso que se tenha vivido

A morte precisa de vida

O amor precisa de sexo

O corpo precisa de outro corpo

O espírito vai longe

Nós tememos sair do sério

Até o mais santo teve seus demônios

E até o Demônio teve seus santos

Tentamos sorrir sinceramente e até sonhamos acordados

Fazemos coisas, depois fazemos “as coisas...”

O tempo passa, e o nada chega

Depois de cheios, o vazio...

Inevitável!

Todos temos que partir

Bem ou Mal

Sozinhos ou acompanhados

Das cadeiras de plástico, com os destilados baratos

Das poltronas confortáveis, com as bebidas mais caras

No final, pouca coisa importa

Todo amor nasce, todo amor morre

Tudo é feito para a morte

Por isso corremos do medo, com medo, para o medo

É inevitável!

As folhas sempre cairão no inverno...É inevitável.


...


Santos Demônios


Por detrás das letras

Estão os demônios

Do primeiro homem

E do Homem que fui ontem

Elas sempre cantam algo mais

Porque sempre há algo mais

Na mais fria e obscura solidão

Sentei para dialogar com o meu demônio

Não falávamos sobre o mundo, a vida e a morte

Falávamos sobre ele e eu

E de quem era a maior e a menor sorte

Perguntei: _Por que o santo que havia em mim morreu?

E ele respondeu: _É porque não tinhas forças para ser um demônio!

Todos os santos são infâncias de demônios

E os demônios são a velhice de todos os santos

As minhas letras ainda não são demônios

Porém, são cortantes e mortais

São escritas com sangue

Do primeiro homem

E do homem que fui há muito tempo atrás e há cinco minutos atrás

Essas letras são tão vermelhas

Quanto o sangue que corre nas veias

Porém, disse ao meu demônio: _Não sou santo, não sou demônio, nem fera!

Sou um pixel interligado à vida moderna...

Antes de partir ele me disse:

_ Tu tens muito mais santos do que demônios...

Então se foi...

Quem sabe?

Até a próxima noite...


...


Novo Antigo


Corre, anda, rasteja

Aparece, se esconde, disfarça

Este mundo é uma ilusão?

E os homens bons, onde eles estão?

O que você fez hoje, será que faz sentido?

E os melhores dias, onde eles estão?

Será que estão perdidos?

Que diferença faz

Se só você viver em paz?

Que mal ou bem tem se não acreditar no além?

Se salvar uma baleia?

Se não pisar em formigas?

Se entrar para o governo?

Se não se meter em brigas?

Se for para o céu ou o inferno?

Novo antigo moderno...


....



Libertar-se ou Acordar-se?


Já não espero nada

Não acredito em nada

Olho para a história da humanidade, seco

E o que vejo são só entulhos

Ouso olhar para o futuro

Mas está escuro

O presente está se desintegrando, em promessas vazias

Mas eu sei mentir e tenho poesias

Tenho uma velha estante com alguns livros como calmantes

Há um espelho para me lembrar do nada que sempre se renova

Talvez devesse sair e tomar um porre

Ou fazer um curso para salvar vidas

Vidas que talvez signifiquem o nada que nunca vi

Realmente, não espero mais nada

Não acredito em nada

Procurei algo nas ditas “coisas maiores”, não encontrei

Após acreditar pela milésima vez que tudo será melhor

Parei, escutei em silêncio

Mas as coisas que estavam aqui dentro, sumiram

Passaram pelo meu estômago e viraram excremento

Não existe mais conflito, não resisto

O turbilhão vem e vai

Que se dane os sentimentos... Dane-se a razão

O grande “tudo” se tornou um buraco

É estranho, mas estou deixando de sentir tudo o que sentia

Será que estou me libertando?

Ou estou apenas acordando?

A janela está aberta

Mas a casa está vazia


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O Diabo da Vida


O Diabo da vida

É que às vezes levamos uma vida do Diabo

Mentiras que chamamos verdades

Verdades que tornamos mentiras

Vem os dias, passam-se os anos

Nos despimos como santos

Nos vestimos com vergonha

Máscaras, trapaças, artes e manhas

Pra disfarçar o que somos

Quem quer mudar o mundo?

Quem pode deter a si mesmo?

O Diabo da vida

É que é mais fácil encontrar a própria tragédia

Do que fazer a felicidade dos outros


...


Os Buracos da Parede


Os buracos da parede do meu quarto

Os meus poemas rabiscados

As coisas que tenho

Os amores amantes que tive

E os lugares onde eu estive

Não são o que eu sou

E nunca serão o que eu serei

Todos eles morreram com os meus eus do passado

....



Quem de Nós Irá Primeiro?


Será eu?

Será você?

Quem de nós está mais perto?

Quem de nós está mais longe?

Será num dia calmo e comum?

Será no meio de uma tempestade?

Será que eu chorarei antes?

Ou será que eu te deixarei saudades?

Será que saberei quando chegar a hora?

Será que quando a hora chegar eu não saberei?

Será que você estará por perto?

Será que eu estarei contigo?

Eu sei que é estranho

Mas eu nunca pensei nisso!

Será que alguém vai chorar?

Será que alguém vai sorrir?

Será que alguém vai pensar?

Será como uma noite de sonhos?

Uma realidade passageira?

Quem de nós estará leve?

Quem de nós estará pesado?

Será que você estará do meu lado?

Será que terá entendido o que sinto?

Será que eu sentirei o que você sente?

Às vezes penso que esta não é a primeira vez

Será que encontrarei você novamente?

Será apenas até logo?

Ou será para sempre?

Por isso, será que devo lhe dizer o que tenho agora?

Devo viver que quero viver agora?

Devo esperar você?

Será que deve esperar por mim?

Temos de duvidar ou acreditar?

Será que desistiremos ou seguiremos?

Estaremos no alto ou por baixo?

O que sentirei quando você se for?

O que você sentirá quando eu não mais estiver?

Será que lembraremos de todos os caminhos?

Será que estaremos juntos ou sozinhos?

Às vezes penso que estamos só de passagem

Podemos imaginar o fim dessa viagem?

Será na primavera ou no inverno?

Iremos para o céu ou iremos para o inferno?

Ou será que apenas seguiremos?

Seremos pequenas grandes mentiras?

Ou grandes pequenas verdades?

Às vezes penso que a luz nos guiará

Mas também penso que essa luz se perderá na escuridão vazia e abissal

Será que conheceremos a verdade?

Ou será que ela nunca se revelará?

Por isso, nos salvo em meu mundo

Como a mais bela das lembranças

Por quê? Será eu? Será você?

Quem de nós irá primeiro?


...


Poemas Rabiscados


Agora estamos aqui

Não sei o porquê, nos deixamos levar

Às vezes me divirto, cortando a grama de casa

Às vezes me encontro, me perdendo no jardim

Em meio aos espinhos

Em meio às flores

Em meio aos insetos

Em meio aos tocos de cigarro

Que você jogou da tua boca

Agora ainda estou aqui

Às vezes me divirto lendo coisas antigas

Às vezes me encontro no espelho de um banheiro público

Em meio ao lixo

Em meio aos odores

Em meio a fungos

Em meio aos poemas rabiscados

Que alguém deixou como um último recado...


...

Sem título


Vozes, por todos os lados

Sons estranhos, movimentos ordinários

Longe, perto, filosofia de bar

Há louco para tudo no mundo...

Há mundo o bastante para todos os loucos

Não é?


...


Amores, amores e amores...


Quantos quiseram viver toda a vida?

Quantos quiseram estar até o fim?

Nunca poderia dar-lhes moradia de luxo...

Por isso, dei tudo do meu corpo e um recanto do meu perturbado, masturbado e gozado coração...

Alguns entenderam, outros não...


...



Felizes


Feliz, todos querem ser

E são, tudo o que não são

Fingir, todos podemos fazer

Afinal, os fins justificam os meios

Põe o disfarce de manhã

Se entrega de corpo são e mente sã

Sonhos, amores, troca-os por temores

Nuances difíceis por nuances mais fáceis...

Por distração, por distração...


...


Eu e a Vida


Sou um imitador

Imito a vida

Uma hora estou bem, outra estou mal...

Uma hora estou frio, outra apaixonado...

Num momento estou preocupado, noutro indiferente...

Sou como a vida

Terrivelmente séria

Seriamente engraçada

Agradavelmente insuportável

Loucamente imprevisível

Sou como a vida...

Um sopro

Um milésimo de distração,

num segundo de ironia,

dum minuto da existência...


...


Decentemente Indeciso


É decente o que não é indecente

É indecente o que não é decente

O decente pergunta ao Indecente: o que não é Indecente?

E ele: _ Acho que estou indeciso!


...


Prostitutas e Meretrizes


Um certo Filósofo disse: “Meus pensamentos são minhas Meretrizes!”

Pois bem, meus pensamentos são:

Minhas Meretrizes

Minhas Prostitutas

Minhas Putas!

Felicidades Passageiras...

Pois não?


...


Isso e Aquilo


Isso poderia ser um paraíso

Se não tornássemos tudo um inferno

Isso poderia ser melhor

Se fôssemos menos piores

Isso poderia ser Aquilo

Se não fosse apenas Isso

Que coisas somos Nós?


...

Homem do Saco


Um homem carrega um saco

Nas costas, como um Atlas

Um faro e um passado

Sonhos de liberdade

Vivendo como ratos enclausurados

Uma migalha, um dia a mais

Um sorriso motivador, um peso a mais

De nós esperavam tanto

Mas um tanto de nós não esperava por isso

Há vontade de correr e ir para longe

Quanto mais longe, mais perto

Aquilo que nos persegue sempre

Devemos deixar outros e nós?

Para que contar nossas histórias?

Para que sonhar com a liberdade?

Como ratos enclausurados


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Poesia do acaso


Somos tão estranhos

Somos diferentes

Às vezes nos entendemos

Mas nos esquecemos

Falaram que era para amar

Mas não falaram da dor

Disseram que era para continuar até aonde for

Ainda mostraram que era para não se arrepender...

E que tudo o que é para ser

Ainda não aconteceu

Mas esconderam a verdade

Em suas faces falsas

E ocultaram a alegria que tinham

Em seus olhares tristes

Começaram a morrer em pensamento

Perdíamos tempo controlando o tempo

Escrevíamos sobre coisas de amor

Falávamos de amor

E terminamos por amor

Contamos com você

Mas não apareceu

Fizemos 'estória'

Contamos para alguém

Passaram-se os dias

Lembramos de quase tudo

Curtimos nossa vida

Fizemos quase tudo

Mas mentimos quantas vezes

Todos e a todos nos enganamos...

Choramos quantas vezes

Sozinhos e abraçados

Fizemos poesias tolas

Com coisas do passado

Fizemos tudo por amor

Terminamos por acaso


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Tudo com T


Tudo o que foi

Tudo o que não foi

E tudo o que poderia ter sido

Nada seria

Se não tivesse vivido

Sem medo de ter medo

Uma quimera


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Oração Perdida  


Atravessou a rua 

Uma parede 

Um abrigo 

Uma chuva cai de lado 

Molhado está o asfalto 

Uns caras passam 

O silêncio e a memória se abraçam 

Lá atrás Perdida no tempo 

Uma linda criança, promessa de um céu 

Junta as pequenas mãos e ora 

Uma oração bonita: não se lembra como começa 

Mas sabe como termina:“Eu acredito em você” 

Quando se volta daquele tempo até a parede onde está 

Em silêncio olha a chuva no asfalto 

Os carros e as pessoas passam 

Nos prédios cada vez mais altos, diferentes, indiferentes... 

Então, o silêncio, a loucura e a solidão, abraçam... 

Como numa oração 

Lá atrás perdida no tempo: 

Não se lembra como começa, mas sabe bem como termina...


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Nova Velha Vida


Nada será

Como nunca foi antes

O que era nunca deixará de ser

As pessoas são previsíveis mesmo...

Fingindo ser

O que elas nunca terão

Numa velha porta onde passam três

Sempre passa só um

As coisas nos seduzem

E gozam em nossas almas

Fingindo ser felizes

Fazendo o que não gostam fazer

Como suicidas psicopatas

Muitas coisas nunca darão certo

Como nunca deram antes

Faz tempo, está nublado

Não sou como vocês

Mas posso disfarçar

Hoje ainda quero

O que antes de ontem eu queria

Viver a minha

E não a tua

Nova velha vida

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Inconformado


É hora de fazer algo!

Tomar uma atitude

Deixar para trás

A vida de “morto-vivo”

É melhor começar a banir

Esses conceitos loucos que fizeram tua cabeça mudar

Quem você pensa que é?

Corra e pegue as migalhas da mesa!

Todo mundo faz isso!

Ande! As agarre com as duas mãos!

Abra seu espírito e suma!

Liberte seu espírito e desapareça daqui!

Tente andar pela calçada, na mão...

Você quer uma coisa...

Mas sabe que podia ser melhor...

Isso porque você é um grande espírito livre

Você acaba as noites sozinho

Sempre no seu lugar, onde não quer mais ficar...

Você precisa colocar para fora

Sozinho não irá conseguir

Você quer estar a milhares de anos luz daqui

Mas o que te impede?

Todas as coisas já se foram

E você ainda fica...

Desde pequeno a sorte não esteve do seu lado...

Mesmo assim não se espanta

Agora, a hora das horas  se aproxima...

Esta pode ser sua última caminhada

Os que dizem que te amam, dizem:_Você sonha demais!

Sem ambição, não irá a lugar algum...

Nós dois sabemos que você não sabe quem você é...

Por que não pode ser feliz...

Aceitando as migalhas que caem da mesa?

Então, abra seu espírito e suma!

Liberte-se e desapareça daqui!

Esse mundo não tolera inconformados...

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Luz

Eu vi a luz!

Ah! Vi sim!

Eu vi a luz e ela entrou em mim

Sim!

A luz entrou e se perdeu

Então mergulhei para dentro

Nadei por muitos abismos

Perguntei-me:  O que aconteceu com aquela luz?

Passando pelo estômago eu a vi!

Sim! A luz!

Ela estava lá!

Conversando com os monstros que habitam em nossas entranhas

Fiquei intrigado!

Seria essa luz séria ou louca, a ponto de querer transformar tudo?

A começar pelos monstros que habitam em nossas entranhas?

A começar pelos vermes que residem em nós?!

Foi então que eu a entendi:

Antes de querermos iluminar os vermes do mundo

Temos de iluminar os nossos próprios vermes...

Aqueles que estão bem lá no fundo...

Com a luz, claro...

---


Na Democracia Elitizada


Na Democracia Elitizada

Os homens não têm honra para matar

Nessa Democracia

A morte é lenta e a justiça é mero disfarce

Em tal Democracia

O problema de todos é apenas dos “outros”

Na Democracia da Elite

Só há moral para o povo explorar, enganar e roubar

Não há respeito no nascer, dignidade no viver e honra no morrer

Na Democracia Elitizada, o povo é só um número, um voto

Um mero pagador de impostos, um iludido com novas velhas promessas

A vítima e, na maioria das vezes, o próprio algoz


---


A Dor


O amor dói

Em todas as classes

E em todas as idades


--


Prefácio


A luz também cega

O amor também dói

E a dor que corrói

É a mesma que alivia

Todos queriam que a vida fosse simples

Todos queriam evitar o fim

Como num passeio

Na primavera

Pelo jardim

De nossa animalesca infância 


---


Dançando no Nada


Ela está dançando

Uma música psicodélica

Frenética ela, como os solos longos

Sem mais, nem menos

Tudo se cala, mas ela continua dançando

Então um homem diz:

_Moça! Tudo acabou!

Ela para e diz:

_ Eu sei! Notei quando o som parou!

E o homem:

Então, por que continua?

Ela sorri, um sorriso lunático e diz:

_ O tudo não é o bastante...

Quando o tudo acabar

O nada terá que bastar...

E ela seguiu dançando e gritando

Um grito lunático...

O silencioso, escondido  e incompreensível grito dos solitários...


---

Tapete


As cortinas se fecham

A luz se apaga

Restam apenas alguns sons e brilhos do passado

Ecoando e ziguezagueando na mente

O café parece libertador

Pink & Floyd parece ser a última inspiração

Enquanto estamos onde estamos, tudo parece ir "muito mais ou menos bem"

Lá fora tem pessoas muito loucas

Querendo nos tirar de onde estamos

Por amor, mas também por força e com raiva

No tapete preferido derramei água

No tapete preferido, pisei com sapatos sujos

No tapete preferido me deitei para dormir

E no meu sono profundo fiquei para morrer

Sem saber... Sem... Saber...

Qual era mesmo meu tapete preferido?


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Monstrengo acadêmico

O monstrengo acadêmico vocifera: 

Você precisa seguir regras, métodos, métricas, correntes, paradigmas, entrar num grupo e tudo mais senão jamais será sequer alguma  merda!

De saco cheio, o respondo: como se eu quisesse ser alguma merda! Como se ser alguma merda fosse alguma merda nesse mundo de merda...


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Formiga


Não jurei amor 

Mas jurei não matá-la

Ela sempre esteve muito ocupada

Eu sempre dispensei atenção a ela

Impressionava-me com suas aparições

De noite, de dia, de madrugada

No banheiro, na cozinha, na sala

Quando chovia eu a via entre as amigas

Um sorriso me tomava

Não jurei amor

Mas jurei não matá-la

Pensava nisso enquanto olhava, chocado

Algoz, fria e escura sola do sapato...

Muitas vezes fazemos o que não queríamos fazer...


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Velas


Somos como velas iluminando a escuridão

Quanto mais iluminamos, mais queimamos

e, por isso, mais perto do fim estamos

Cedo ou tarde, essa chama se apagará

É inevitável! Espero que ao findar-se,

ela inspire e seja por algo maior

Que grande utopia!

---

Latinos Americanos

(Letra de música)


Latinos Americanos

Uma hora sou assim

Outra hora sou assado

Num momento sou de ouro

E no outro descartável


Às vezes temos muitos planos

E outras vezes temos só enganos

Por muito tempo fomos animais

Mas agora somos só humanos


Latinos Americanos


Uma hora quero só você

Outra hora quero que você me queira

Num momento quero ser como as formigas

E no outro quero ser como as cigarras


Às vezes nós sonhamos juntos

E outras vezes acordamos separados

Por muito tempo fomos loucos soltos

Mas agora estamos internados


Latinos Americanos


E quando eu não sei dizer

Por que eu tô aqui?

Eu invento alguma coisa pra me consolar

Eu não sei de onde eu vim!

Por que a Terra gira?

Onde raios tudo isso vai parar!

Eu só sei dizer que sou,

Como o Amor

Rotulado


Latino, Americano


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Egoísta


Eu sou um espírito egoísta

Um egoísta que exige a presença dos que eu amo

À distância, em espírito

Não importa como

Totalmente

Porque sei que nesse mundo cão

Não há ninguém mais a quem amar e dar o tragicômico pouco de tudo do eu que sou


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A sombra


A sombra do teu eu do passado

é a sombra do teu eu do presente

E a sombra do teu eu do presente

é a sombra do teu eu do futuro

Tudo, agora


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Isso e Aquilo


Reverencio Isso que temos

Respeito Aquilo que queremos

Com a mais sincera e honesta Gratidão...

Uma, que não se pode exprimir com essas

frágeis e deléveis palavras humanas...

Dobro-me e saúdo a Isso que temos

Como um súdito que se curva a seu Rei

Admiro Aquilo que queremos,

como um Bobo que sorri despreocupado...


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A alma da música


Um pensamento tem vida,

Uma canção tem alma.

Quando um pensamento se torna uma canção,

A alma vive.

Bach sabia disso.


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Ec-xistência?!?!


Há momentos da existência

Que parecem ser para sempre, mesmo!

Fazemos coisas...

Contemplamos coisas...

Quanto mais a vida passa

Como os ponteiros do relógio

Maior nossa Vontade de Imortalidade!

Mas, qual é o nosso último obstáculo a ser derrubado?

Nós mesmos e nosso medo de sermos Imortais?


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Diferentes


Do mesmo lado, lados diferentes

Da mesma cor, cores diferentes

Do mesmo jeito, jeitos diferentes

Da mesma coisa, coisas diferentes


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Por causa de mim


Hoje perdi o sono por causa de mim

Vi que estava meio triste, deprimido...

Então me levei para passear, tomar algo...

Junto de mim, cruzei as ruas da cidade até o bar

Quando chegamos, notei que as pessoas nos olhavam

Não entendiam como eu poderia estar comigo!

Talvez nem eu pudesse compreender aquilo...

Há lugares que você deseja estar, 

mas, talvez é melhor não estar lá

nem em pensamentos

Vimos as mesmas coisas, as mesmas faces

Todos estavam acompanhados de outros

Mas eu, eu estava comigo mesmo...

Vi que eu estava farto daquilo tudo...

Então voltei comigo para casa e lá ficamos

Escutei o que eu contava... 'Estórias' de histórias...

Chegamos tão longe que não podíamos parar

Vi que eu queria começar tudo outra vez, do zero...

Mas, tudo o que éramos se reduziu no Agora...

...Quando o Sol começou a nascer

Tive a certeza de que sempre estarei comigo...

Então o Passado, o Presente e o Futuro se deram as mãos

E o AGORA resolveu ficar, 

um pouco mais eternamente...


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 Inquisidores e Inquiridores


Há mais Inquisidores do que Inquiridores!

É sempre mais fácil o que não é difícil

É mais fácil matar um Inquiridor

Do que admitir a falta de fundamento da existência de um Inquisidor!


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Depois


Deitada no chão

Lábios vermelhos

Ela segura uma rosa morta pelo inverno

Os olhos que passam observam as curvas

Daquele que era seu corpo

Sempre soube se desviar dos problemas

Uma horinha aqui, outra horinha lá

Tudo ficava bem, depois que eles iam embora

Mas dessa vez ela não pode se desviar

Outra dama mais astuta que ela apareceu

Com seu véu preto, com seus milênios

Juntas olham para o corpo de curvas quase perfeitas

Antes de passar pela cidade das trevas

Tudo ficará bem, depois que tudo acabar...


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Copo de Uísque


A vida

Se consome

Todos os dias

Como um Uísque

Num copo

Bebemos

Lentamente

Com medo, com receio...

Bebemos...

Disfarçados

Todos os dias...

A vida

Como um Uísque

Num copo... 


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Esferas horríveis


Muitas esferas de ferro

Vazias por dentro

Horríveis por fora

É o que a humanidade atual está parindo e criando

A futura humanidade

Vazia por dentro

horrível por fora

Isso soa terrivelmente pessimista?

Vá aos sites de atrocidades e veja

Que o que lhe parece pessimismo é

o mais puro e absurdo realismo...

"Mas ainda há muitas pessoas boas no mundo"

Há?

Sob quais interesses?  


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O Dia


Todos nós um dia

Tudo perderemos

E obrigados seremos

A tudo deixar

Para onde iremos, se iremos?

Quem de fato saberá?


Difícil desapegar-se, é

Mas, necessário se faz

Não há como fugir

Daquilo que tanto fugir, tentamos

A mais certa das incertezas

Viver a mil, precisamos

Pois quem vive a mil, morre jamais


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A única forma

Era uma vez uma espécie animal que se achou mais importante e mais inteligente do que de fato era. 

Essa espécie, tragicomicamente, achava ser "a única forma de vida inteligente em todo o Cosmos".

Não durou muito, felizmente...


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Quando a mente grita, o corpo fala. 

Quando a alma grita, a mente fala.


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O maior Abismo 


O maior Abismo de todos está dentro da mente. 

É de lá que vem a maioria dos demônios e dos monstros que saltam sobre nós. 

Não adianta fingir que se está em paz com a sua alma, se a sua mente grita e o seu Ser no mundo escancara o seu desespero, a sua desolação. 

É preciso compreender que somos, ao mesmo tempo, Luz e Escuridão. Certamente, muito menos luz e mais escuridão. 

É preciso compreender a profundeza do Abismo da mente, os demônios e os monstros que de lá saem, bem como, é preciso compreender a natureza dos Abismos, dos demônios e dos monstros que saem das mentes dos outros. 

Como é o Abismo da sua mente? Você compreende a natureza desse Abismo?


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Vogelfrei


Já fui átomo, estromatólito, ameba, bactéria, vírus, verme, dinossauro... Já fui macaco, pássaro, cão, gato, asno, hermafrodita, homem, mulher, andrógino, gay, lésbica, afim e contrário... Já fui louco, sábio, assassino e assassinado... Já fui bandido, herói, santo, pecador, artista, prostituta e escravo... Já fui amante, amei, fui amado, traí, fui traído, odiei e fui odiado, perdoei e fui perdoado... Já fui vítima, carrasco, ditador, revolucionário, caçador e caçado... Já fui anjo, demônio, mendigo, rico e miserável... Já fui, voltei, vivi, morri, vaguei, me perdi, me reencontrei e renasci tantas vezes que até perdi o cálculo... Agora tenho consciência de que todos nós já fomos de tudo no passado, Agora sei que tudo o que temos é a vida, vida e mais vida em todos os mundos, em todas dimensões, em todos os universos possíveis, por todos os lados... Agora, compreendi que tudo o que temos é o 'presente passado futuro' em nossa andança infinita pela incomensurabilidade dos cosmos, encarnados, desencarnados e desencanados.


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Às vezes, precisamos rasgar o coração para salvar a alma.

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Próximos do túmulo sideral


Profundezas

Túmulo do espaço sideral

Mal muito bem disfarçado de Bem

Receitas de felicidade

Eu contra eles

Eles contra todos os nossos "Eus"

Grandes exercícios de futilidade

História, mitologia lunática

Sede mortal de ficções e ilusões

Ínfima e insignificante existência

Cegos para a condição de animais

Diante da Incomensurabilidade

Mas há entre os animais falantes

Os animais que se acham especiais

E é assim que o mundo fica pior

Muito mais insano, brutal

Justificadamente extinguível

Eternidade sem vida

Mortos em vida


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Amigos como irmãos


Um homem tinha o bastante

Mas queria mais

Outro tinha de tudo

Mas não lhe era o bastante

Um dia os dois se encontraram na encruzilhada do “Querer”

O que já tinha o bastante achou que podia ter tudo

E o que já tinha tudo viu que podia ter tudo além do tudo de todos

E os dois homens acabaram se matando

Na encruzilhada do “Querer”

Só que muito antes, amigos como irmãos eles foram


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Calem a Boca!


Quando você veio a este mundo

Você levou uma pancada e chorou

Então todos sorriram, todos se encantaram!

Você era a “coisa” com a qual se divertiam

Você era útil e importante...

Mas, com o tempo, o choro que era contentamento, perdeu a graça...

Talvez, não lembre, era um bebê fantástico!

A promessa de felicidade, quem os tiraria da lama do mundo!

Então, você cresceu e correu pelo lamaçal

E disse consigo: “O mundo é um poço e eu me banhei nele...!”

Ora, ora, a quem você tentou enganar agora?

Talvez, esse cara das ruas saiba como se sente!

É! Eu acho que sei! Todos somos promessas de algo!

Não é o amor que nos trouxe aqui, sério!

É a necessidade mais egoísta que se possa imaginar!

Somos feitos para carregar os outros!

Não nos fazem por mal, mas, para carregarmos os instrumentos

daqueles que a nobreza de nascença os fará brilhar!

Eu acho que sei como você se sente!

Estou há muito tempo nessa estrada, filho!

Não sei se podemos mudar o rumo das coisas...

Mas, diabos! Podemos gritar mais alto do que eles!

Então filho, esteja pronto para enfrentá-los!

Eles tentarão nos aniquilar!

“Olho por olho, dente por dente”,

Forte, Bom, Justo é o Sobrevivente!

Essa é a Lei!

Veja! Estão vindo!

Com os seus impérios capitais

Estão apelando, trazendo a fama e suas prostitutas caras

Olhe! Trazem consigo até os santos e sábios que nós veneramos

Esse é o fim da linha cara!

Só há uma coisa a se fazer, juntos!

É tudo ou nada!

Quando eles começarem a despejar todo o lixo moral de mais de dois mil anos

Reuniremos todas as nossas forças e gritaremos o mais alto possível

Até nossa boca ficar seca...

Calem a booooooooooooca! 


---


Relutantes


Na escuridão de nossos abismos

Insólitos contemplamos

A nossa vontade esmagadora

E a nossa vaidade destruidora

Até quando seremos relutantes para com o Inevitável?


---


Na Hora do Impacto


Olhando para o espelho

Olhando para o ontem

Olhando para dentro

Claramente, escuro...

Há coisas que ficam de pé

Há coisas que ficam

Pés nas ruas

Sempre, no alto, na noite

Céu, estrelas

O infinito num rosto...1,2,3

Razão satisfatória

Abrir o espírito

Para frente...

Sim! Frente!

Por que pra quê?

Viva a vida!

Viva a noite!

Viva... Viva...

Isso...

Que é isso?

Por quê isso?

Pra quê isso?

Isso, que pode ser sentido...

Apenas por aqueles que sentem “Isso”

Sangue...

Cacos de vidro

Isso!

É como andar sobre cacos de vidro

Olhando para o espelho

Olhando para dentro

Olhando para “Isso”


---


 1,2,3


Do alto do céu

Sobre as nossas cabeças

Despenca a noite voraz

Sento-me no canto de um prédio

Envolto em silêncio

Olho firme e calmo

Regurgito pensamentos

1,2,3...

---

De algum lugar


Nosso ônibus está vindo...

Sei que o olho que tudo vê

Sonda meu destino, vela meus passos

Certos ou errados

Caminhos belos e pesados

Dias em que sou de Ouro, dias em que sou descartável

Há coisas que demoram-se

Mas essa coisa que sinto logo passará

Sei que vocês estão comigo

Mandando boas Energias de algum lugar

Sei que vocês estão...

Nesse milésimo de Distração

Nesse segundo de Ironia

Nesse minuto da Existência...


---


Vazio


Vazio que se agarra na alma

Vazio que invade a calma

Vazio que se esconde atrás da risada

Vazio

Vazio que se disfarça de tudo

Vazio que preenche o mundo

Vazio que esconde o vazio


---


Zero ilusão


Com nada

E com tudo

"C'est la vie", dizem

"C'est la vie", porra nenhuma!

Não há nada para se esperar

De um mundo cão

De uma sociedade de idiotas, comandada por canalhas

Nenhuma perda de tempo, 

embora perder tempo a toda hora 

seja um de nossos passatempos favoritos

Coisas úteis, coisas inúteis, inutilmente pensadas 

Nenhuma ilusão, como numa merda de utopia

Nenhuma decepção, como numa puta ressaca numa Segunda-feira


---


Ler


Ler até dormir

Ler até morrer

Ler para viver

Ler para suportar o mundo cão

Ler para incendiar a alma

Ler para acalmar o coração

Ler para Ser

Ler para aprender a deixar de Ser

Ler para mim

Ler para você

Ler para ninguém

Ler por amor

Ler contra o ódio

Ler para passar o tempo

Ler para esquecer do tempo

Ler para partir melhor do que quando chegamos nesse mundo insano

Outra quimera


---

Um dia qualquer


Um dia qualquer, 

muito distante no futuro

Ao horizonte o olhar

Nostalgia de tempos, 

que jamais voltarão

Para muitos deles, ainda bem

Para uns poucos, uma pena

Uma pena mesmo

C'est La Vie, dizem 

Só o que resta, 

é aquilo que foi vivido de verdade

É sempre tudo o que resta

Uma pena,

uma pena mesmo

C'est La Vie


---


Todos na mesma 


Estamos todos na mesma, como náufragos. 

Às vezes eufóricos e muitas vezes depressivos, 

perdidos, enlouquecidos e com medo, porém, apesar de pesares, Esperançosos. 

E assim, sem mais quase saber o que somos, 

seguimos pela escura e tempestuosa imensidão do universo, 

fazendo perguntas, buscando respostas. 

Talvez não estejamos sozinhos, 

mas também, não sejamos os únicos a tentar compreender 

o sentido de tudo isso.

Se é que existe um...


---


Incapazes de vencer a morte 


O animal murmurante, autodidata por essência, aprendeu com a Natureza e se tornou falante. Com o tempo, ele se tornou pensante e, após milhares de anos entre murmúrios, gemidos, resmungos e gritos, enquanto o sangue escorria das montanhas do ego, em meio ao caos que sempre se renova, alguns dentre a multidão de animais falantes e pensantes, ousaram se tornar animais  filosofantes e, diante da finitude desoladora de sua vida frágil e do desespero de existir, na ânsia de continuar à existir enquanto caminha rumo ao mais abissal vazio, alguns dentre os animais filosofantes ousaram cogitar à ser espíritos filosofantes. Contudo, mesmo dotados da mais elevada Ciência, da mais profunda Filosofia e com  a sua mais perfeita Tecnologia, eles se viram incapazes de vencer a morte e, assim, criaram máquinas para substituí-los, na insana utopia de 'viver para sempre'. E de fato, eles foram incapazes de vencer a morte...


---


Numa lápide qualquer:

Essa vida já deu o que tinha que dar



PARTE 2

Depois do outro dia que virou noite 


Essa fodeção de existir

Hoje quando acordei, já era tarde, mas mesmo assim pensei: que merda vai acontecer hoje?
Se for uma merda, que seja uma puta merda, uma bem grande, porque já estou cheio de merdinhas.
Depois, acendi um cigarro pra morrer mais rápido e pensei comigo: há tantos putos nesse mundo... Que o tédio consuma a todos duma vez!
Vamos almoçar! Comer, pra que? Pra depois gastar um tonel de água na privada? Água que muita gente mataria pra beber...
Eu vou é beber. Encher a cara pra esvaziar a cabeça. Porra nenhuma...
Quanto mais eu bebo mais eu penso. Quanto mais eu penso mais eu morro, quanto mais eu morro mais eu vivo e quanto mais eu vivo mais sinto que não existe escapatória pra essa fodeção de existir. 

---

Abismos e poços


Muitos têm um poço.

Poucos têm um abismo

com muitos poços.


Muitos tentam evitar o poço,

e quando caem,

gritam desesperadamente

diante da possibilidade do fim.


Então, juntam 

todas as forças que lhes restam, 

se agarram às paredes 

e escalam até à saída, 

que se tornou uma nova entrada.


Os poucos que têm um abismo 

com muitos poços, 

temem o abismo e os poços, 

mas são inevitavelmente 

atraídos para eles.


Pouquíssimos 

entre os poucos, 

vão até às profundezas 

mais inefáveis 

achando que irão enfrentar 

demônios 

ou monstros.

Mas quando olham dentro 

de alguns poços, 

só o que veem são reflexos 

espelhados de si mesmos,

de tudo que são, 

já foram, 

serão 

e do que gostariam de ser.


Mas eles não veem  só isso, 

eles veem algo mais,

algo que acham 

que não podem contar 

a ninguém.


É por isso que raros são 

os que conseguem retornar 

do próprio abismo. 


Os que retornam não são 

e não querem ser 

nem heróis de si mesmos, 

nem demônios, 

nem monstros, 

nem a si mesmos.


Eles passam a ser outra coisa,

talvez, o próprio abismo 

com muitos poços,

imperceptíveis aos que foram apenas até o fundo de um poço. 


Imagina então, como deve ser 

para os que tem miríades de abismos 

dentro do abismo?

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O Poder da Mulher No mundo em que os homens acham que mandam, ela lhes parece como quase uma santa. Erótica, intimista, intocável, inalcançável, mas, de um jeito que não reflete essa realidade. Já no seu mundo, onde todas as regras, leis, 'bons modos', moralices e convenções estão bem abaixo dos seus pés, ela mostra para eles, com quantos paus se fazem uma piroga.


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O pé de couve


Vamos fazer um círculo

Pra falar as mesmas coisas

Nunca antes ditas, nem pensadas

O inebriante veneno da ironia...

Concordar retoricamente

Discordar mentalmente

Mandar tudo à merda alcoolicamente

Me empresta a tua corda?

Aquele pé de couve ali parece que aguenta



______Emerson

E.E-Kan

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Proibido o uso de qualquer texto ou parte deste livro sem a citação do Autor que pode seguir da seguinte maneira: Emerson E.E-Kan ou Emerson Rodrigues, ou E. E-Kan, ou Eghus Kaninnri.


E-mail: ekanxiiilc3@gmail.com 



(Esse é mais um livro de Emerson E. E-Kan que vai sendo atualizado e republicado com o tempo)
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO EM 22/2/2024 

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