Livro: Poesias-pensamentos pra quem pode perder tempo
Vincit qui se vincit / Vence quem se vence.
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Quem te incendeia?
O que te faz arder?
O que desperta a chama da sua alma?
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Enquanto dura
Diante da Incomensurabilidade Cósmica,
tudo é passageiro, tudo tem data de validade,
tudo é sem sentido, tudo é efêmero
e, por isso, tudo é eterno enquanto dura.
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Sonho e delírio
O sonho não acabou
Ele nunca existiu
A realidade desvelou A Verdade
O sonho nunca foi sonho
Nunca passou de uma miscelânea de ilusões, delírios e falsas esperanças
Utopia, idealização, romantização, tempo perdido...
Agora, os diferentes cada vez mais diferentes, aumentam as diferenças
Indiferentes ao Outro, todos evitam os pontos em comum
As fissuras profundas, inabaladas, se agravam
O caos é o que aguarda a todos na esquina da história
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Como se o agora fosse para sempre
No caos do mundo cão nos distraímos,
nos deleitamos, às vezes até nos divertimos e gozamos.
Vivemos, sabendo que o depois pode não existir.
Vivemos, como se o Agora fosse para sempre.
Vivemos, um dia como se fosse mil anos,
um inferno, uma ilusão, uma mentira sincera,
uma falsa esperança de cada vez.
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Viva para sempre!
A vida é bela
Muda a todo o momento e há infinitas possibilidades
Mas também é fria
Dura
Implacável
Mortal
Para todos
Em todas as classes e idades
Uma decisão bem tomada pode construir impérios
O menor dos erros pode destruir civilizações
A vida é linda
Mas não se engane
Não vacile
Neste mundo há corações boníssimos
Mas também há muitos corações malignos
Alguns estão mais perto do que você possa imaginar
Viva esperto
Trabalhe pelo melhor
Torça pelo melhor
Mas não espere nada de ninguém
Nunca ache que merece
Porque ninguém merece, até que prove
Não espere nada desse mundo
Exceto dos cachorros e gatos
Deles você pode esperar algo sincero
Dê seu máximo
Seja sempre o melhor de você mesmo
A sua melhor versão
Seja você mesmo
Seja de verdade
Tenha coragem de usar o seu conhecimento
Aja pelo melhor
Torça pelo melhor
Espere pelo pior
De preferência, com um sorriso no rosto
Ainda que um sorriso insano, só para disfarçar
Esteja sempre pronto para o pior
Assim, o que vier de bom é lucro
Nada supera a grandeza das pequenas coisas da Vida
A vida é maravilhosa
Mas não durma no ponto
Esteja sempre atento e alerta
O mal tomou todo o café do Cosmos e por isso nunca dorme
Viva a mil
Pois quem vive pra valer nunca morre
Viva intensamente
Sem medo de ter medo
Viva pra valer, bote pra foder
Mas nunca baixe a guarda
O mal, como uma vizinha fofoqueira, sempre está à espreita
Iluminar o mundo custa caro
Um preço que só os que lutam para iluminá-lo, pagam
Trabalhe pelo bem
Viva pelo bem
Faça o bem
Mas nunca esqueça do mal, que igual aos juros bancários, não cessa
A vida é grandiosa
Mas não perdoa ninguém
Nem mesmo os que dizem 'amar a vida'
Nunca esqueça que diante da Imensidão Cósmica Interestelar, ainda somos como meras partículas de poeira cósmica pensantes
No máximo animais pensantes, um dia talvez, espíritos filosofantes
O desapego é maior e melhor que o apego
Por isso não é para qualquer um
Não se deslumbre com nada
A sorte demora e quando chega é fugaz
Mas o azar se delonga como a visita imprópria que parece que nunca vai embora
Não se deslumbre com nenhuma grandeza
Pois toda grandeza é efêmera
A humanidade se acha grande coisa
Os dinossauros eram gigantescos
Mas bastou uma pedra para eles serem varridos da face da Terra
A vida é maravilhosa
Mas não é um conto de fadas
Ou um filme de Hollywood
A realidade quase sempre é outra
Nesse mundo, "onde os fracos não tem vez"
Na maioria das vezes, prevalece a moral do mais forte
Por isso dizem que "o mundo é dos vivos"
Esse mundo tem seu lado belo, é inegável
Mas esse mundo é um mundo cão
A vida é belíssima
Mas não esqueça
Todos nós temos data de validade
Um dia, quando menos esperarmos, do nada, o nosso fim chegará
E tudo o que já fomos, somos e que gostaríamos de ser Estará acabado
Nós sempre seremos pegos
De calças curtas, com calças ou sem calças
Aproveite a vida com tudo o que você puder
Faça tudo o que quiser
Porque o nosso tempo aqui
Cedo ou tarde, acabará
Todos que amamos e tudo o que amamos será destruído pela morte impiedosa
Mas não se aflija
Não retroceda
Não fuja
Enfrenta o que puder ser enfrentado
Aceite o que tiver que ser aceito
Nunca se dê por vencido, por mais ferrado que esteja
Alguns dizem: 'somos, ao mesmo tempo, Luz e Escuridão'
Muitos escolhem ser só escuridão
Mas você pode escolher ser um Viajante da Luz na Escuridão
A vida é incomensurável
É choque de forças
Alternância, mudança, transcendência, transformação
Uns buscam se transformar para o Bem e outros para o Mal
O medo e o ódio podem tomar conta de mentes,
corações e almas por um longo tempo
Mas O Amor é A Lei Transformadora da Vida
Em toda a Incomensurabilidade Cósmica
Em todos os Universos e mundos possíveis
Só duas coisas prevalecem em toda a Incomensurabilidade Cósmica: O Equilíbrio e a Evolução
A vida sempre poderá ser ressignificada
Sempre haverá um ponto de virada
Para mudar, transcender, evoluir
Ser melhor
Pior
Ou ficar na mesma
É a escolha de cada um
A nossa vida aqui na Terra é construção, destruição, reconstrução, ressignificação
Viva de coração, corpo, alma e mente
Viva com tudo
Com força
Com emoção
Com Gratidão
Com fúria
Com Amor
Com imaginação
Com tesão
Com loucura
Com energia
Viva para sempre!
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“Crônica-poética”
(Sobre a invasão do Brasil)
Há cinco Séculos inesquecíveis
Vieram servos de um deus que não conhecíamos
Levaram nosso ouro, provaram nossas mulheres...
Mas trouxeram “a cultura” e deixaram suas vestes
Portugal! Portugal!
Nada mal! Nada mal!
Trocaram o pau-brasil
Por restos de bacalhau
Tordesilhas dividiu o “mingau”
Com os Espanhóis que com as espadas
Cortaram bem mais que o mato
De fato! Nem os Incas deixaram rastro...
E a América-latina foi o próprio pato
Napoleão os baniu da Europa
Em várias naus, o oceano atravessaram
E serem os donos do Brasil
Da maneira mais vil Seria o próximo ato...
Em nome de Deus e de Cristo
Mentiram, Mataram e Exploraram...
Muito mais Do que em nome do Diabo...
Brasil, espoliado de maneiras mil!
Uma Maria, Um João, dois Pedros e uma Carlota
Brasil, dos militares ao Civil!
Flores de Deodoro para Floriano
De Floriano para Prudente
De Prudente para frente...
Canudos, Contestado, Lampião e o Cangaço... Lembravam:
Tiradentes, Caneca, Farroupilhas...
Gritos que do passado ecoavam
Voltas e idas de uma morte em Vida Severina
Dos Pampas ao Amazonas
O povo é a Latrina, onde
Senhores coronéis, doutores, padres e pastores
Dejetam em cima
E a Elite? O que é a Elite?
O rebento de vida insossa
De um coto espúrio europeu...
Neo-liberais, neo-escravistas
Idólatras do deus da pecúnia
E nós? Quem somos nós?
Os Insurgidos! Combatentes, Pensadores, Sonhadores...
Da Vitória dos Oprimidos,
Da Libertação de todos
Até dos Opressores........
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Sobre o Amor
(Original)
O que é o amor?
Uma doce mentira?
Um solitário segredo?
Um sentimento sagrado?
Um insano e mórbido desejo?
O tudo ou o nada?
O começo ou o fim?
O que é o amor?
Saber ser e não ser?
Ou saber deixar de ser?
É estar longe, mas perto?
Ou abraçados, mas em outros abraços?
É saber dizer sim?
Ou não saber dizer não?
É o que amadurece a cabeça?
Ou o que infantiliza o coração?
O que é o amor?
É abrir mão? A mente? Ou a alma?
É escolher a renúncia?
Ou renunciar a uma escolha?
É aquilo que sempre existiu?
O que ainda existirá?
É o que vive?
O que morre?
Ou o que nos assombra?
É uma libertação?
Uma prisão?
Ou um manicômio?
...
Martelo
Quebre as vidraças
Use seu martelo
Faça a demolição de todas as estátuas!
De heróis do passado
De senhores, de escravos
Do que é santo, do que é pecado
Me beije!
Me beije, com todo seu calor e com todo seu gelo!
Me beije, com todo seu amor e com toda sua fúria!
Não queira agora me ajudar em nada!
Use seu lança-chamas...
E queime todas as nossas máscaras!
De amantes e amados
De salvadores humanitários
De deuses e diabos
...
Faz de Contas
Uma vida Normal...
Normal até demais..
Nada de menos...
Nada de mais...
Dias longos, noites curtas...
Pequenas mentiras: grandes verdades!
Pequeno Grande Faz de Contas...
Uma Vida radical
Radical até demais!
Mais ou menos...
Dias curtos, noites longas
Façamos as apostas!
Aceitemos as propostas!
Esperemos as respostas!
Ouçamos "O Chamado"
Caminhemos na luz!
Corramos nas sombras!
Tornemo-nos deuses!
Pelejemos com treze diabos!
Acabemos mortais...
Que nossos cadáveres sejam Imortalizados!
Tanto faz!
Pois, do que se trata?
Um Pequeno Grande Faz de Contas!
...
Midas
Abra teu espírito e se aproxime...
Toque com suas mãos o interior deste boneco de barro
Transforme-o em o Ouro!
Pegue-o e o faça alguém!
Mas, não toque em seu cérebro...
Ele não foi feito para ter idéias brilhantes!
Esqueça! Não toque no seu coração
Ele foi feito para morrer...
Novo, velho, por cima ou por baixo!
Tanto faz!
Mas, venha!
Abra seu espírito e se aproxime...
Cuidado com a lama!
É difícil de tirá-la!
Toque-o e o faça alguém!
Transforme-o em algo valioso!
Só não toque no cérebro
E esqueça o coração...
Que continuem sendo o que são:
O Ouro Puro do boneco de barro!
...
Homens-Macacos-Papagaios
Nós conquistamos...
O mundo que era dos dinossauros
Descemos das àrvoress
E deixamos de andar de quatro
Abrimos as nossas mentes
E o crânio dos outros machos
Nos tornamos falantes, loucos e sábios
Homens-macacos-papagaios
Construímos pirâmides
E muralhas com os ossos dos escravos
Inventamos a Metafísica
O Céu do certo e do errado!
Acreditamos na verdade de um homem
Que disse: Amar o outro não é pecado!
Pois, vocês são o que são...
Homens macacos
Homens macacos
Homens-macacos-papagaios
Mas, na idade média as coisas ficaram sérias...
A fogueira não era apenas para o frio esquentar
A Terra era “quadrada”
E o sol girava em torno de Roma
Enquanto um Galileu falava, o Outro devia a orelha abaixar
E mesmo sem morrer...
O mundo dos homens Renasceu
Ser Humanista era o máximo!
Mas, Giordano virou churrasco!
E a maçã que um dia ferrou o homem...
Isaac Newton deu um novo nome!
Rousseau e Voltaire beliscaram a Razão
Charles Darwin a Evolução
E o mundo moderno, promessa de um céu...
É um inferno...
...
Dama de Preto
Distração, distração
Para tirar a atenção
Distração agradável, pra suportar o inevitável
Oh! Dedicada Dama de Preto
Que nos vigia desde cedo
O belo vaidoso
O feio orgulhoso
O homem de cor
O desbotado
O corpo sedento
O saciado
O rico frágil
O pobre forte
Ninguém escapa de tua sorte
Nem mesmo, na distração...
...
Mundo
Mundo, mundo cão
Mundo desordeiro
Mundo dos loucos e dos que amam por dinheiro
Mundo trágico, mundo cômico
Corpo frágil, minha mente é sonhadora
Mundo mágico, Mundo animal
Sou um cão sem dono, minha vida é arruaceira
Amor meu amor,
Me dá um gole, da tua ira
Depois a gente se vira
Amor meu amor o mundo se tornou um poço de mentiras radioativas
Mundo, Mundo dos templos
Mundo obscuro
Mundo das idéias e dos que bebem o dia inteiro...
Mundo lógico, Mundo estranho
Corpo frágil, minha mente é explosiva
Mundo sádico, mundo irracional
Sou um ponto entre pontos
Minha vida é passageira
Amor meu amor
Tua verdade, se tornou uma mentira
Amor meu amor,
O mundo se tornou
Um poço, de misérias coletivas
...
Inevitável
Ainda sou jovem
Ainda sou louco
Ainda sonho
Queria ir à lua
Mas por enquanto degusto o meu destilado barato
Sentado na velha cadeira de plástico
Veio o sábado, vieram os outros
Dias que não conheci por inteiro
A mente diz: - é preciso dormir um pouco
O espírito diz: - quanto tempo jogado fora
Nos entretemos com algumas coisas
Uma hora aqui, outra hora acolá...
Um dia um velho disse: “o mundo é dos idiotas”
Parece estranho, é estranho
Tanto quanto a pretensa verdade...
Velho, um dia, com sapatos velhos, quem sabe?
Cada coração é um mundo, profundo
Na tumba de meu corpo repousa minha alma-lama
Minha alma, minha lama! Até quando?
Até quando nos alegraremos com migalhas?
Da última música que escrevi
Não lembro das últimas três notas
Elas vivem, são mais vivas do que eu, mais vivas do que muitas pessoas
Pessoas que sequer viveram para morrer
Pois para morrer é preciso que se tenha vivido
A morte precisa de vida
O amor precisa de sexo
O corpo precisa de outro corpo
O espírito vai longe
Nós tememos sair do sério
Até o mais santo teve seus demônios
E até o Demônio teve seus santos
Tentamos sorrir sinceramente e até sonhamos acordados
Fazemos coisas, depois fazemos “as coisas...”
O tempo passa, e o nada chega
Depois de cheios, o vazio...
Inevitável!
Todos temos que partir
Bem ou Mal
Sozinhos ou acompanhados
Das cadeiras de plástico, com os destilados baratos
Das poltronas confortáveis, com as bebidas mais caras
No final, pouca coisa importa
Todo amor nasce, todo amor morre
Tudo é feito para a morte
Por isso corremos do medo, com medo, para o medo
É inevitável!
As folhas sempre cairão no inverno...É inevitável.
...
Santos Demônios
Por detrás das letras
Estão os demônios
Do primeiro homem
E do Homem que fui ontem
Elas sempre cantam algo mais
Porque sempre há algo mais
Na mais fria e obscura solidão
Sentei para dialogar com o meu demônio
Não falávamos sobre o mundo, a vida e a morte
Falávamos sobre ele e eu
E de quem era a maior e a menor sorte
Perguntei: _Por que o santo que havia em mim morreu?
E ele respondeu: _É porque não tinhas forças para ser um demônio!
Todos os santos são infâncias de demônios
E os demônios são a velhice de todos os santos
As minhas letras ainda não são demônios
Porém, são cortantes e mortais
São escritas com sangue
Do primeiro homem
E do homem que fui há muito tempo atrás e há cinco minutos atrás
Essas letras são tão vermelhas
Quanto o sangue que corre nas veias
Porém, disse ao meu demônio: _Não sou santo, não sou demônio, nem fera!
Sou um pixel interligado à vida moderna...
Antes de partir ele me disse:
_ Tu tens muito mais santos do que demônios...
Então se foi...
Quem sabe?
Até a próxima noite...
...
Novo Antigo
Corre, anda, rasteja
Aparece, se esconde, disfarça
Este mundo é uma ilusão?
E os homens bons, onde eles estão?
O que você fez hoje, será que faz sentido?
E os melhores dias, onde eles estão?
Será que estão perdidos?
Que diferença faz
Se só você viver em paz?
Que mal ou bem tem se não acreditar no além?
Se salvar uma baleia?
Se não pisar em formigas?
Se entrar para o governo?
Se não se meter em brigas?
Se for para o céu ou o inferno?
Novo antigo moderno...
....
Libertar-se ou Acordar-se?
Já não espero nada
Não acredito em nada
Olho para a história da humanidade, seco
E o que vejo são só entulhos
Ouso olhar para o futuro
Mas está escuro
O presente está se desintegrando, em promessas vazias
Mas eu sei mentir e tenho poesias
Tenho uma velha estante com alguns livros como calmantes
Há um espelho para me lembrar do nada que sempre se renova
Talvez devesse sair e tomar um porre
Ou fazer um curso para salvar vidas
Vidas que talvez signifiquem o nada que nunca vi
Realmente, não espero mais nada
Não acredito em nada
Procurei algo nas ditas “coisas maiores”, não encontrei
Após acreditar pela milésima vez que tudo será melhor
Parei, escutei em silêncio
Mas as coisas que estavam aqui dentro, sumiram
Passaram pelo meu estômago e viraram excremento
Não existe mais conflito, não resisto
O turbilhão vem e vai
Que se dane os sentimentos... Dane-se a razão
O grande “tudo” se tornou um buraco
É estranho, mas estou deixando de sentir tudo o que sentia
Será que estou me libertando?
Ou estou apenas acordando?
A janela está aberta
Mas a casa está vazia
...
O Diabo da Vida
O Diabo da vida
É que às vezes levamos uma vida do Diabo
Mentiras que chamamos verdades
Verdades que tornamos mentiras
Vem os dias, passam-se os anos
Nos despimos como santos
Nos vestimos com vergonha
Máscaras, trapaças, artes e manhas
Pra disfarçar o que somos
Quem quer mudar o mundo?
Quem pode deter a si mesmo?
O Diabo da vida
É que é mais fácil encontrar a própria tragédia
Do que fazer a felicidade dos outros
...
Os Buracos da Parede
Os buracos da parede do meu quarto
Os meus poemas rabiscados
As coisas que tenho
Os amores amantes que tive
E os lugares onde eu estive
Não são o que eu sou
E nunca serão o que eu serei
Todos eles morreram com os meus eus do passado
....
Quem de Nós Irá Primeiro?
Será eu?
Será você?
Quem de nós está mais perto?
Quem de nós está mais longe?
Será num dia calmo e comum?
Será no meio de uma tempestade?
Será que eu chorarei antes?
Ou será que eu te deixarei saudades?
Será que saberei quando chegar a hora?
Será que quando a hora chegar eu não saberei?
Será que você estará por perto?
Será que eu estarei contigo?
Eu sei que é estranho
Mas eu nunca pensei nisso!
Será que alguém vai chorar?
Será que alguém vai sorrir?
Será que alguém vai pensar?
Será como uma noite de sonhos?
Uma realidade passageira?
Quem de nós estará leve?
Quem de nós estará pesado?
Será que você estará do meu lado?
Será que terá entendido o que sinto?
Será que eu sentirei o que você sente?
Às vezes penso que esta não é a primeira vez
Será que encontrarei você novamente?
Será apenas até logo?
Ou será para sempre?
Por isso, será que devo lhe dizer o que tenho agora?
Devo viver que quero viver agora?
Devo esperar você?
Será que deve esperar por mim?
Temos de duvidar ou acreditar?
Será que desistiremos ou seguiremos?
Estaremos no alto ou por baixo?
O que sentirei quando você se for?
O que você sentirá quando eu não mais estiver?
Será que lembraremos de todos os caminhos?
Será que estaremos juntos ou sozinhos?
Às vezes penso que estamos só de passagem
Podemos imaginar o fim dessa viagem?
Será na primavera ou no inverno?
Iremos para o céu ou iremos para o inferno?
Ou será que apenas seguiremos?
Seremos pequenas grandes mentiras?
Ou grandes pequenas verdades?
Às vezes penso que a luz nos guiará
Mas também penso que essa luz se perderá na escuridão vazia e abissal
Será que conheceremos a verdade?
Ou será que ela nunca se revelará?
Por isso, nos salvo em meu mundo
Como a mais bela das lembranças
Por quê? Será eu? Será você?
Quem de nós irá primeiro?
...
Poemas Rabiscados
Agora estamos aqui
Não sei o porquê, nos deixamos levar
Às vezes me divirto, cortando a grama de casa
Às vezes me encontro, me perdendo no jardim
Em meio aos espinhos
Em meio às flores
Em meio aos insetos
Em meio aos tocos de cigarro
Que você jogou da tua boca
Agora ainda estou aqui
Às vezes me divirto lendo coisas antigas
Às vezes me encontro no espelho de um banheiro público
Em meio ao lixo
Em meio aos odores
Em meio a fungos
Em meio aos poemas rabiscados
Que alguém deixou como um último recado...
...
Sem título
Vozes, por todos os lados
Sons estranhos, movimentos ordinários
Longe, perto, filosofia de bar
Há louco para tudo no mundo...
Há mundo o bastante para todos os loucos
Não é?
...
Amores, amores e amores...
Quantos quiseram viver toda a vida?
Quantos quiseram estar até o fim?
Nunca poderia dar-lhes moradia de luxo...
Por isso, dei tudo do meu corpo e um recanto do meu perturbado, masturbado e gozado coração...
Alguns entenderam, outros não...
...
Felizes
Feliz, todos querem ser
E são, tudo o que não são
Fingir, todos podemos fazer
Afinal, os fins justificam os meios
Põe o disfarce de manhã
Se entrega de corpo são e mente sã
Sonhos, amores, troca-os por temores
Nuances difíceis por nuances mais fáceis...
Por distração, por distração...
...
Eu e a Vida
Sou um imitador
Imito a vida
Uma hora estou bem, outra estou mal...
Uma hora estou frio, outra apaixonado...
Num momento estou preocupado, noutro indiferente...
Sou como a vida
Terrivelmente séria
Seriamente engraçada
Agradavelmente insuportável
Loucamente imprevisível
Sou como a vida...
Um sopro
Um milésimo de distração,
num segundo de ironia,
dum minuto da existência...
...
Decentemente Indeciso
É decente o que não é indecente
É indecente o que não é decente
O decente pergunta ao Indecente: o que não é Indecente?
E ele: _ Acho que estou indeciso!
...
Prostitutas e Meretrizes
Um certo Filósofo disse: “Meus pensamentos são minhas Meretrizes!”
Pois bem, meus pensamentos são:
Minhas Meretrizes
Minhas Prostitutas
Minhas Putas!
Felicidades Passageiras...
Pois não?
...
Isso e Aquilo
Isso poderia ser um paraíso
Se não tornássemos tudo um inferno
Isso poderia ser melhor
Se fôssemos menos piores
Isso poderia ser Aquilo
Se não fosse apenas Isso
Que coisas somos Nós?
...
Homem do Saco
Um homem carrega um saco
Nas costas, como um Atlas
Um faro e um passado
Sonhos de liberdade
Vivendo como ratos enclausurados
Uma migalha, um dia a mais
Um sorriso motivador, um peso a mais
De nós esperavam tanto
Mas um tanto de nós não esperava por isso
Há vontade de correr e ir para longe
Quanto mais longe, mais perto
Aquilo que nos persegue sempre
Devemos deixar outros e nós?
Para que contar nossas histórias?
Para que sonhar com a liberdade?
Como ratos enclausurados
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Poesia do acaso
Somos tão estranhos
Somos diferentes
Às vezes nos entendemos
Mas nos esquecemos
Falaram que era para amar
Mas não falaram da dor
Disseram que era para continuar até aonde for
Ainda mostraram que era para não se arrepender...
E que tudo o que é para ser
Ainda não aconteceu
Mas esconderam a verdade
Em suas faces falsas
E ocultaram a alegria que tinham
Em seus olhares tristes
Começaram a morrer em pensamento
Perdíamos tempo controlando o tempo
Escrevíamos sobre coisas de amor
Falávamos de amor
E terminamos por amor
Contamos com você
Mas não apareceu
Fizemos 'estória'
Contamos para alguém
Passaram-se os dias
Lembramos de quase tudo
Curtimos nossa vida
Fizemos quase tudo
Mas mentimos quantas vezes
Todos e a todos nos enganamos...
Choramos quantas vezes
Sozinhos e abraçados
Fizemos poesias tolas
Com coisas do passado
Fizemos tudo por amor
Terminamos por acaso
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Tudo com T
Tudo o que foi
Tudo o que não foi
E tudo o que poderia ter sido
Nada seria
Se não tivesse vivido
Sem medo de ter medo
Uma quimera
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Oração Perdida
Atravessou a rua
Uma parede
Um abrigo
Uma chuva cai de lado
Molhado está o asfalto
Uns caras passam
O silêncio e a memória se abraçam
Lá atrás Perdida no tempo
Uma linda criança, promessa de um céu
Junta as pequenas mãos e ora
Uma oração bonita: não se lembra como começa
Mas sabe como termina:“Eu acredito em você”
Quando se volta daquele tempo até a parede onde está
Em silêncio olha a chuva no asfalto
Os carros e as pessoas passam
Nos prédios cada vez mais altos, diferentes, indiferentes...
Então, o silêncio, a loucura e a solidão, abraçam...
Como numa oração
Lá atrás perdida no tempo:
Não se lembra como começa, mas sabe bem como termina...
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Nova Velha Vida
Nada será
Como nunca foi antes
O que era nunca deixará de ser
As pessoas são previsíveis mesmo...
Fingindo ser
O que elas nunca terão
Numa velha porta onde passam três
Sempre passa só um
As coisas nos seduzem
E gozam em nossas almas
Fingindo ser felizes
Fazendo o que não gostam fazer
Como suicidas psicopatas
Muitas coisas nunca darão certo
Como nunca deram antes
Faz tempo, está nublado
Não sou como vocês
Mas posso disfarçar
Hoje ainda quero
O que antes de ontem eu queria
Viver a minha
E não a tua
Nova velha vida
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Inconformado
É hora de fazer algo!
Tomar uma atitude
Deixar para trás
A vida de “morto-vivo”
É melhor começar a banir
Esses conceitos loucos que fizeram tua cabeça mudar
Quem você pensa que é?
Corra e pegue as migalhas da mesa!
Todo mundo faz isso!
Ande! As agarre com as duas mãos!
Abra seu espírito e suma!
Liberte seu espírito e desapareça daqui!
Tente andar pela calçada, na mão...
Você quer uma coisa...
Mas sabe que podia ser melhor...
Isso porque você é um grande espírito livre
Você acaba as noites sozinho
Sempre no seu lugar, onde não quer mais ficar...
Você precisa colocar para fora
Sozinho não irá conseguir
Você quer estar a milhares de anos luz daqui
Mas o que te impede?
Todas as coisas já se foram
E você ainda fica...
Desde pequeno a sorte não esteve do seu lado...
Mesmo assim não se espanta
Agora, a hora das horas se aproxima...
Esta pode ser sua última caminhada
Os que dizem que te amam, dizem:_Você sonha demais!
Sem ambição, não irá a lugar algum...
Nós dois sabemos que você não sabe quem você é...
Por que não pode ser feliz...
Aceitando as migalhas que caem da mesa?
Então, abra seu espírito e suma!
Liberte-se e desapareça daqui!
Esse mundo não tolera inconformados...
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Luz
Eu vi a luz!
Ah! Vi sim!
Eu vi a luz e ela entrou em mim
Sim!
A luz entrou e se perdeu
Então mergulhei para dentro
Nadei por muitos abismos
Perguntei-me: O que aconteceu com aquela luz?
Passando pelo estômago eu a vi!
Sim! A luz!
Ela estava lá!
Conversando com os monstros que habitam em nossas entranhas
Fiquei intrigado!
Seria essa luz séria ou louca, a ponto de querer transformar tudo?
A começar pelos monstros que habitam em nossas entranhas?
A começar pelos vermes que residem em nós?!
Foi então que eu a entendi:
Antes de querermos iluminar os vermes do mundo
Temos de iluminar os nossos próprios vermes...
Aqueles que estão bem lá no fundo...
Com a luz, claro...
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Na Democracia Elitizada
Na Democracia Elitizada
Os homens não têm honra para matar
Nessa Democracia
A morte é lenta e a justiça é mero disfarce
Em tal Democracia
O problema de todos é apenas dos “outros”
Na Democracia da Elite
Só há moral para o povo explorar, enganar e roubar
Não há respeito no nascer, dignidade no viver e honra no morrer
Na Democracia Elitizada, o povo é só um número, um voto
Um mero pagador de impostos, um iludido com novas velhas promessas
A vítima e, na maioria das vezes, o próprio algoz
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A Dor
O amor dói
Em todas as classes
E em todas as idades
--
Prefácio
A luz também cega
O amor também dói
E a dor que corrói
É a mesma que alivia
Todos queriam que a vida fosse simples
Todos queriam evitar o fim
Como num passeio
Na primavera
Pelo jardim
De nossa animalesca infância
---
Dançando no Nada
Ela está dançando
Uma música psicodélica
Frenética ela, como os solos longos
Sem mais, nem menos
Tudo se cala, mas ela continua dançando
Então um homem diz:
_Moça! Tudo acabou!
Ela para e diz:
_ Eu sei! Notei quando o som parou!
E o homem:
Então, por que continua?
Ela sorri, um sorriso lunático e diz:
_ O tudo não é o bastante...
Quando o tudo acabar
O nada terá que bastar...
E ela seguiu dançando e gritando
Um grito lunático...
O silencioso, escondido e incompreensível grito dos solitários...
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Tapete
As cortinas se fecham
A luz se apaga
Restam apenas alguns sons e brilhos do passado
Ecoando e ziguezagueando na mente
O café parece libertador
Pink & Floyd parece ser a última inspiração
Enquanto estamos onde estamos, tudo parece ir "muito mais ou menos bem"
Lá fora tem pessoas muito loucas
Querendo nos tirar de onde estamos
Por amor, mas também por força e com raiva
No tapete preferido derramei água
No tapete preferido, pisei com sapatos sujos
No tapete preferido me deitei para dormir
E no meu sono profundo fiquei para morrer
Sem saber... Sem... Saber...
Qual era mesmo meu tapete preferido?
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Monstrengo acadêmico
O monstrengo acadêmico vocifera:
Você precisa seguir regras, métodos, métricas, correntes, paradigmas, entrar num grupo e tudo mais senão jamais será sequer alguma merda!
De saco cheio, o respondo: como se eu quisesse ser alguma merda! Como se ser alguma merda fosse alguma merda nesse mundo de merda...
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Formiga
Não jurei amor
Mas jurei não matá-la
Ela sempre esteve muito ocupada
Eu sempre dispensei atenção a ela
Impressionava-me com suas aparições
De noite, de dia, de madrugada
No banheiro, na cozinha, na sala
Quando chovia eu a via entre as amigas
Um sorriso me tomava
Não jurei amor
Mas jurei não matá-la
Pensava nisso enquanto olhava, chocado
Algoz, fria e escura sola do sapato...
Muitas vezes fazemos o que não queríamos fazer...
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Velas
Somos como velas iluminando a escuridão
Quanto mais iluminamos, mais queimamos
e, por isso, mais perto do fim estamos
Cedo ou tarde, essa chama se apagará
É inevitável! Espero que ao findar-se,
ela inspire e seja por algo maior
Que grande utopia!
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Latinos Americanos
(Letra de música)
Latinos Americanos
Uma hora sou assim
Outra hora sou assado
Num momento sou de ouro
E no outro descartável
Às vezes temos muitos planos
E outras vezes temos só enganos
Por muito tempo fomos animais
Mas agora somos só humanos
Latinos Americanos
Uma hora quero só você
Outra hora quero que você me queira
Num momento quero ser como as formigas
E no outro quero ser como as cigarras
Às vezes nós sonhamos juntos
E outras vezes acordamos separados
Por muito tempo fomos loucos soltos
Mas agora estamos internados
Latinos Americanos
E quando eu não sei dizer
Por que eu tô aqui?
Eu invento alguma coisa pra me consolar
Eu não sei de onde eu vim!
Por que a Terra gira?
Onde raios tudo isso vai parar!
Eu só sei dizer que sou,
Como o Amor
Rotulado
Latino, Americano
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Egoísta
Eu sou um espírito egoísta
Um egoísta que exige a presença dos que eu amo
À distância, em espírito
Não importa como
Totalmente
Porque sei que nesse mundo cão
Não há ninguém mais a quem amar e dar o tragicômico pouco de tudo do eu que sou
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A sombra
A sombra do teu eu do passado
é a sombra do teu eu do presente
E a sombra do teu eu do presente
é a sombra do teu eu do futuro
Tudo, agora
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Isso e Aquilo
Reverencio Isso que temos
Respeito Aquilo que queremos
Com a mais sincera e honesta Gratidão...
Uma, que não se pode exprimir com essas
frágeis e deléveis palavras humanas...
Dobro-me e saúdo a Isso que temos
Como um súdito que se curva a seu Rei
Admiro Aquilo que queremos,
como um Bobo que sorri despreocupado...
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A alma da música
Um pensamento tem vida,
Uma canção tem alma.
Quando um pensamento se torna uma canção,
A alma vive.
Bach sabia disso.
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Ec-xistência?!?!
Há momentos da existência
Que parecem ser para sempre, mesmo!
Fazemos coisas...
Contemplamos coisas...
Quanto mais a vida passa
Como os ponteiros do relógio
Maior nossa Vontade de Imortalidade!
Mas, qual é o nosso último obstáculo a ser derrubado?
Nós mesmos e nosso medo de sermos Imortais?
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Diferentes
Do mesmo lado, lados diferentes
Da mesma cor, cores diferentes
Do mesmo jeito, jeitos diferentes
Da mesma coisa, coisas diferentes
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Por causa de mim
Hoje perdi o sono por causa de mim
Vi que estava meio triste, deprimido...
Então me levei para passear, tomar algo...
Junto de mim, cruzei as ruas da cidade até o bar
Quando chegamos, notei que as pessoas nos olhavam
Não entendiam como eu poderia estar comigo!
Talvez nem eu pudesse compreender aquilo...
Há lugares que você deseja estar,
mas, talvez é melhor não estar lá
nem em pensamentos
Vimos as mesmas coisas, as mesmas faces
Todos estavam acompanhados de outros
Mas eu, eu estava comigo mesmo...
Vi que eu estava farto daquilo tudo...
Então voltei comigo para casa e lá ficamos
Escutei o que eu contava... 'Estórias' de histórias...
Chegamos tão longe que não podíamos parar
Vi que eu queria começar tudo outra vez, do zero...
Mas, tudo o que éramos se reduziu no Agora...
...Quando o Sol começou a nascer
Tive a certeza de que sempre estarei comigo...
Então o Passado, o Presente e o Futuro se deram as mãos
E o AGORA resolveu ficar,
um pouco mais eternamente...
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Inquisidores e Inquiridores
Há mais Inquisidores do que Inquiridores!
É sempre mais fácil o que não é difícil
É mais fácil matar um Inquiridor
Do que admitir a falta de fundamento da existência de um Inquisidor!
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Depois
Deitada no chão
Lábios vermelhos
Ela segura uma rosa morta pelo inverno
Os olhos que passam observam as curvas
Daquele que era seu corpo
Sempre soube se desviar dos problemas
Uma horinha aqui, outra horinha lá
Tudo ficava bem, depois que eles iam embora
Mas dessa vez ela não pode se desviar
Outra dama mais astuta que ela apareceu
Com seu véu preto, com seus milênios
Juntas olham para o corpo de curvas quase perfeitas
Antes de passar pela cidade das trevas
Tudo ficará bem, depois que tudo acabar...
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Copo de Uísque
A vida
Se consome
Todos os dias
Como um Uísque
Num copo
Bebemos
Lentamente
Com medo, com receio...
Bebemos...
Disfarçados
Todos os dias...
A vida
Como um Uísque
Num copo...
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Esferas horríveis
Muitas esferas de ferro
Vazias por dentro
Horríveis por fora
É o que a humanidade atual está parindo e criando
A futura humanidade
Vazia por dentro
horrível por fora
Isso soa terrivelmente pessimista?
Vá aos sites de atrocidades e veja
Que o que lhe parece pessimismo é
o mais puro e absurdo realismo...
"Mas ainda há muitas pessoas boas no mundo"
Há?
Sob quais interesses?
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O Dia
Todos nós um dia
Tudo perderemos
E obrigados seremos
A tudo deixar
Para onde iremos, se iremos?
Quem de fato saberá?
Difícil desapegar-se, é
Mas, necessário se faz
Não há como fugir
Daquilo que tanto fugir, tentamos
A mais certa das incertezas
Viver a mil, precisamos
Pois quem vive a mil, morre jamais
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A única forma
Era uma vez uma espécie animal que se achou mais importante e mais inteligente do que de fato era.
Essa espécie, tragicomicamente, achava ser "a única forma de vida inteligente em todo o Cosmos".
Não durou muito, felizmente...
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Quando a mente grita, o corpo fala.
Quando a alma grita, a mente fala.
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O maior Abismo
O maior Abismo de todos está dentro da mente.
É de lá que vem a maioria dos demônios e dos monstros que saltam sobre nós.
Não adianta fingir que se está em paz com a sua alma, se a sua mente grita e o seu Ser no mundo escancara o seu desespero, a sua desolação.
É preciso compreender que somos, ao mesmo tempo, Luz e Escuridão. Certamente, muito menos luz e mais escuridão.
É preciso compreender a profundeza do Abismo da mente, os demônios e os monstros que de lá saem, bem como, é preciso compreender a natureza dos Abismos, dos demônios e dos monstros que saem das mentes dos outros.
Como é o Abismo da sua mente? Você compreende a natureza desse Abismo?
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Vogelfrei
Já fui átomo, estromatólito, ameba, bactéria, vírus, verme, dinossauro... Já fui macaco, pássaro, cão, gato, asno, hermafrodita, homem, mulher, andrógino, gay, lésbica, afim e contrário... Já fui louco, sábio, assassino e assassinado... Já fui bandido, herói, santo, pecador, artista, prostituta e escravo... Já fui amante, amei, fui amado, traí, fui traído, odiei e fui odiado, perdoei e fui perdoado... Já fui vítima, carrasco, ditador, revolucionário, caçador e caçado... Já fui anjo, demônio, mendigo, rico e miserável... Já fui, voltei, vivi, morri, vaguei, me perdi, me reencontrei e renasci tantas vezes que até perdi o cálculo... Agora tenho consciência de que todos nós já fomos de tudo no passado, Agora sei que tudo o que temos é a vida, vida e mais vida em todos os mundos, em todas dimensões, em todos os universos possíveis, por todos os lados... Agora, compreendi que tudo o que temos é o 'presente passado futuro' em nossa andança infinita pela incomensurabilidade dos cosmos, encarnados, desencarnados e desencanados.
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Às vezes, precisamos rasgar o coração para salvar a alma.
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Próximos do túmulo sideral
Profundezas
Túmulo do espaço sideral
Mal muito bem disfarçado de Bem
Receitas de felicidade
Eu contra eles
Eles contra todos os nossos "Eus"
Grandes exercícios de futilidade
História, mitologia lunática
Sede mortal de ficções e ilusões
Ínfima e insignificante existência
Cegos para a condição de animais
Diante da Incomensurabilidade
Mas há entre os animais falantes
Os animais que se acham especiais
E é assim que o mundo fica pior
Muito mais insano, brutal
Justificadamente extinguível
Eternidade sem vida
Mortos em vida
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Amigos como irmãos
Um homem tinha o bastante
Mas queria mais
Outro tinha de tudo
Mas não lhe era o bastante
Um dia os dois se encontraram na encruzilhada do “Querer”
O que já tinha o bastante achou que podia ter tudo
E o que já tinha tudo viu que podia ter tudo além do tudo de todos
E os dois homens acabaram se matando
Na encruzilhada do “Querer”
Só que muito antes, amigos como irmãos eles foram
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Calem a Boca!
Quando você veio a este mundo
Você levou uma pancada e chorou
Então todos sorriram, todos se encantaram!
Você era a “coisa” com a qual se divertiam
Você era útil e importante...
Mas, com o tempo, o choro que era contentamento, perdeu a graça...
Talvez, não lembre, era um bebê fantástico!
A promessa de felicidade, quem os tiraria da lama do mundo!
Então, você cresceu e correu pelo lamaçal
E disse consigo: “O mundo é um poço e eu me banhei nele...!”
Ora, ora, a quem você tentou enganar agora?
Talvez, esse cara das ruas saiba como se sente!
É! Eu acho que sei! Todos somos promessas de algo!
Não é o amor que nos trouxe aqui, sério!
É a necessidade mais egoísta que se possa imaginar!
Somos feitos para carregar os outros!
Não nos fazem por mal, mas, para carregarmos os instrumentos
daqueles que a nobreza de nascença os fará brilhar!
Eu acho que sei como você se sente!
Estou há muito tempo nessa estrada, filho!
Não sei se podemos mudar o rumo das coisas...
Mas, diabos! Podemos gritar mais alto do que eles!
Então filho, esteja pronto para enfrentá-los!
Eles tentarão nos aniquilar!
“Olho por olho, dente por dente”,
Forte, Bom, Justo é o Sobrevivente!
Essa é a Lei!
Veja! Estão vindo!
Com os seus impérios capitais
Estão apelando, trazendo a fama e suas prostitutas caras
Olhe! Trazem consigo até os santos e sábios que nós veneramos
Esse é o fim da linha cara!
Só há uma coisa a se fazer, juntos!
É tudo ou nada!
Quando eles começarem a despejar todo o lixo moral de mais de dois mil anos
Reuniremos todas as nossas forças e gritaremos o mais alto possível
Até nossa boca ficar seca...
Calem a booooooooooooca!
---
Relutantes
Na escuridão de nossos abismos
Insólitos contemplamos
A nossa vontade esmagadora
E a nossa vaidade destruidora
Até quando seremos relutantes para com o Inevitável?
---
Na Hora do Impacto
Olhando para o espelho
Olhando para o ontem
Olhando para dentro
Claramente, escuro...
Há coisas que ficam de pé
Há coisas que ficam
Pés nas ruas
Sempre, no alto, na noite
Céu, estrelas
O infinito num rosto...1,2,3
Razão satisfatória
Abrir o espírito
Para frente...
Sim! Frente!
Por que pra quê?
Viva a vida!
Viva a noite!
Viva... Viva...
Isso...
Que é isso?
Por quê isso?
Pra quê isso?
Isso, que pode ser sentido...
Apenas por aqueles que sentem “Isso”
Sangue...
Cacos de vidro
Isso!
É como andar sobre cacos de vidro
Olhando para o espelho
Olhando para dentro
Olhando para “Isso”
---
1,2,3
Do alto do céu
Sobre as nossas cabeças
Despenca a noite voraz
Sento-me no canto de um prédio
Envolto em silêncio
Olho firme e calmo
Regurgito pensamentos
1,2,3...
---
De algum lugar
Nosso ônibus está vindo...
Sei que o olho que tudo vê
Sonda meu destino, vela meus passos
Certos ou errados
Caminhos belos e pesados
Dias em que sou de Ouro, dias em que sou descartável
Há coisas que demoram-se
Mas essa coisa que sinto logo passará
Sei que vocês estão comigo
Mandando boas Energias de algum lugar
Sei que vocês estão...
Nesse milésimo de Distração
Nesse segundo de Ironia
Nesse minuto da Existência...
---
Vazio
Vazio que se agarra na alma
Vazio que invade a calma
Vazio que se esconde atrás da risada
Vazio
Vazio que se disfarça de tudo
Vazio que preenche o mundo
Vazio que esconde o vazio
---
Zero ilusão
Com nada
E com tudo
"C'est la vie", dizem
"C'est la vie", porra nenhuma!
Não há nada para se esperar
De um mundo cão
De uma sociedade de idiotas, comandada por canalhas
Nenhuma perda de tempo,
embora perder tempo a toda hora
seja um de nossos passatempos favoritos
Coisas úteis, coisas inúteis, inutilmente pensadas
Nenhuma ilusão, como numa merda de utopia
Nenhuma decepção, como numa puta ressaca numa Segunda-feira
---
Ler
Ler até dormir
Ler até morrer
Ler para viver
Ler para suportar o mundo cão
Ler para incendiar a alma
Ler para acalmar o coração
Ler para Ser
Ler para aprender a deixar de Ser
Ler para mim
Ler para você
Ler para ninguém
Ler por amor
Ler contra o ódio
Ler para passar o tempo
Ler para esquecer do tempo
Ler para partir melhor do que quando chegamos nesse mundo insano
Outra quimera
---
Um dia qualquer
Um dia qualquer,
muito distante no futuro
Ao horizonte o olhar
Nostalgia de tempos,
que jamais voltarão
Para muitos deles, ainda bem
Para uns poucos, uma pena
Uma pena mesmo
C'est La Vie, dizem
Só o que resta,
é aquilo que foi vivido de verdade
É sempre tudo o que resta
Uma pena,
uma pena mesmo
C'est La Vie
---
Todos na mesma
Estamos todos na mesma, como náufragos.
Às vezes eufóricos e muitas vezes depressivos,
perdidos, enlouquecidos e com medo, porém, apesar de pesares, Esperançosos.
E assim, sem mais quase saber o que somos,
seguimos pela escura e tempestuosa imensidão do universo,
fazendo perguntas, buscando respostas.
Talvez não estejamos sozinhos,
mas também, não sejamos os únicos a tentar compreender
o sentido de tudo isso.
Se é que existe um...
---
Incapazes de vencer a morte
O animal murmurante, autodidata por essência, aprendeu com a Natureza e se tornou falante. Com o tempo, ele se tornou pensante e, após milhares de anos entre murmúrios, gemidos, resmungos e gritos, enquanto o sangue escorria das montanhas do ego, em meio ao caos que sempre se renova, alguns dentre a multidão de animais falantes e pensantes, ousaram se tornar animais filosofantes e, diante da finitude desoladora de sua vida frágil e do desespero de existir, na ânsia de continuar à existir enquanto caminha rumo ao mais abissal vazio, alguns dentre os animais filosofantes ousaram cogitar à ser espíritos filosofantes. Contudo, mesmo dotados da mais elevada Ciência, da mais profunda Filosofia e com a sua mais perfeita Tecnologia, eles se viram incapazes de vencer a morte e, assim, criaram máquinas para substituí-los, na insana utopia de 'viver para sempre'. E de fato, eles foram incapazes de vencer a morte...
---
Numa lápide qualquer:
Essa vida já deu o que tinha que dar
PARTE 2
Depois do outro dia que virou noite
Essa fodeção de existir
Abismos e poços
Muitos têm um poço.
Poucos têm um abismo
com muitos poços.
Muitos tentam evitar o poço,
e quando caem,
gritam desesperadamente
diante da possibilidade do fim.
Então, juntam
todas as forças que lhes restam,
se agarram às paredes
e escalam até à saída,
que se tornou uma nova entrada.
Os poucos que têm um abismo
com muitos poços,
temem o abismo e os poços,
mas são inevitavelmente
atraídos para eles.
Pouquíssimos
entre os poucos,
vão até às profundezas
mais inefáveis
achando que irão enfrentar
demônios
ou monstros.
Mas quando olham dentro
de alguns poços,
só o que veem são reflexos
espelhados de si mesmos,
de tudo que são,
já foram,
serão
e do que gostariam de ser.
Mas eles não veem só isso,
eles veem algo mais,
algo que acham
que não podem contar
a ninguém.
É por isso que raros são
os que conseguem retornar
do próprio abismo.
Os que retornam não são
e não querem ser
nem heróis de si mesmos,
nem demônios,
nem monstros,
nem a si mesmos.
Eles passam a ser outra coisa,
talvez, o próprio abismo
com muitos poços,
imperceptíveis aos que foram apenas até o fundo de um poço.
Imagina então, como deve ser
para os que tem miríades de abismos
dentro do abismo?
---
O Poder da Mulher No mundo em que os homens acham que mandam, ela lhes parece como quase uma santa. Erótica, intimista, intocável, inalcançável, mas, de um jeito que não reflete essa realidade. Já no seu mundo, onde todas as regras, leis, 'bons modos', moralices e convenções estão bem abaixo dos seus pés, ela mostra para eles, com quantos paus se fazem uma piroga.
---
O pé de couve
Vamos fazer um círculo
Pra falar as mesmas coisas
Nunca antes ditas, nem pensadas
O inebriante veneno da ironia...
Concordar retoricamente
Discordar mentalmente
Mandar tudo à merda alcoolicamente
Me empresta a tua corda?
Aquele pé de couve ali parece que aguenta
______Emerson
E.E-Kan
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(Esse é mais um livro de Emerson E. E-Kan que vai sendo atualizado e republicado com o tempo)
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