Pergunta capciosa, resposta mais capciosa ainda
Certo dia, na universidade, uma professora lançou uma pergunta: qual é a importância da língua espanhola? Eu, insuportável que sou e sabedor de que muitas coisas não podem ser ditas em sala de aula e muito menos na universidade, onde o fingimento, a mesmice e o discurso único são pétreos, nada disse, fiz o jogo do academicismo burro, mas em minha mente pensei: qual a importância? Para mim, não mais importante que uma mulher dançando numa boate, ou uma atriz encenando uma mulher dançando numa boate.
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A resposta real, abaixo:
Qual a importância da língua espanhola?
Após muito pensar, refletir e ponderar, com a máxima data vênia às opiniões em contrário, na condição de uma pessoa que nada ou muito pouco conhece da língua espanhola, chego à conclusão de que, hoje, para mim, a importância da língua espanhola é quase nenhuma. Isso não significa que eu deteste a língua espanhola, afinal, ouço, de vez em quando, músicas e assisto séries em língua espanhola. Isso não significa que não respeito as opiniões em contrário, que acham que a língua é importante, ou então, que não respeito os estudiosos e entusiastas da língua e a produção de conhecimento nessa área. Com efeito, deixo claro que respeito as opiniões em contrário e compreendo que de fato, historicamente, tal língua tem seu valor na ordem do dia no mundo, que há grandes autores de língua espanhola etc. No entanto, respeitosamente reitero, atualmente, não vejo a língua espanhola como algo indispensável para a minha existência, nem como cidadão comum, nem como professor, eventualmente. Criticamente falando, e novamente peço vênia aos colegas e professora, quando penso em “língua portuguesa” e “língua espanhola”, também me lembro de invasão, ocupação, sequestro, escravidão, assassinato, estupro, roubo, genocídio, etnocídio, apagamento para que se esqueça esse lado hediondo da história, entre várias outras monstruosidades. Penso que talvez poderíamos ter sido uma Nação Indígena, uma Nação de Povos Originários. Penso que talvez deveríamos estar falando e estudando as línguas Indígenas, as línguas dos Povos Originários e, hoje, quem sabe, ter espanhol, português ou qualquer outra língua estrangeira como línguas adicionais. Mas, conforme a história nos mostra, infelizmente, as coisas não são como gostaríamos que fossem. Então, porque estou em disciplinas de espanhol e de português na universidade? Porque o sistema, originado no genocídio e etnocídio, impõe tais disciplinas como obrigatórias para se obter um diploma. Se fossem disciplinas optativas não as faria. Talvez, no máximo, para não passar por total ignorante, faria apenas português (brasileiro). Aliás, fica a dica para a coordenação do curso de Letras e para a UEPG, para que se possa dar - - - aos acadêmicos, que não desejam fazer espanhol, inglês, francês e libras - - - a opção de somente fazer Letras-português, como ocorre na UTFPR em Curitiba-PR e outras universidades. Talvez, se tivesse essa opção, a quem interessa, de fazer apenas Letras-português, a UEPG em si estaria mais de acordo com o discurso sobre pluralidade e democracia.
___Emerson
E-Kan
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