A filosofia do 'Tanto faz'
Após anos vagando por esse mundo insano, chego à conclusão de que, para mim, consciente de que diante da imensidão cósmica interestelar, da incomensurabilidade da vida, da inefabilidade da existência a humanidade não passa de um bando de Zé Ninguém, todas as coisas que os animais falantes que se acham pensantes fazem ou deixam de fazer, seja no dia a dia violento, truculento, medíocre e miserável, seja no alto da pirâmide da sociedade de idiotas comandada por canalhas, seja escondido atrás do poder, e da violência dissimulada ou escancarada do poder, TANTO FAZ.
O que me conforta, todos os dias, é que cedo ou tarde, tal como os dinossauros, essa praga autodestrutiva, autoproclamada 'humanidade', vai ser varrida do mapa cósmico e ninguém na vastidão sideral sentirá a sua partida.
Só lamento pelos raríssimos bons e simples de coração e pelas várias outras formas de vida que habitam esse Planeta aterrorizado por essa espécie tosca e autodestrutiva.
Infelizmente, diante do avançado estágio de putrefação mental, moral e espiritual da maioria dos bilhões de animais falantes que se acham pensantes, apegados de maneira doentia às coisas materiais e imersos na idiotização em massa via redes umbrais sociais, não há nada que impeça suicídio global e a destruição precoce do Planeta.
Diante de tudo isso, reitero, para mim TANTO FAZ. Por isso, sigo na caminhada simples de Viajante da Luz na Escuridão, observando, refletindo. Sigo, pensando e andando.
Zaratustra, em seu tragicômico lirismo idealista, fruto da anti-convalescença de seu criador em desespero, disse que veio ‘para apartar-vos do rebanho’.
Para mim, tanto faz. Quer continuar a fazer parte do rebanho? Foda-se! O problema é teu! Querem destruir o Planeta e se desintegrarem na imensidão sideral? Vão em frente! Afinal, nada e ninguém poderão impedir essa natureza auto-destrutiva.
Por isso, vim para apartar nada e ninguém. Cada espécie tem seu começo, meio e fim. Até esse Universo terá seu fim.
Contudo, doravante, passamos ao novo estágio do TANTO FAZ. A partir de agora, encarnamos 'O TANTO FAZ DE TODOS OS TANTO FAZ', isto é, cientes de que tudo na Terra, intrafisicamente e extrafisicamente, do início ao fim, não passa de uma tragicômica, insignificante e infinitesimal parte da Incomensurabilidade Cósmica. Logo, tudo aqui é secundário e, por isso, não podemos permitir que sejamos afetados por qualquer coisa e nem por coisa alguma, porque incomensuravelmente tolos seremos se assim permitirmos.
Para jocosamente ilustrar, cito trecho de 'Ilusões, as aventuras de um Messias Indeciso, de Richard Bach, quando Donald Willian Shimoda fala a ouvintes cheios de ódio numa rádio:
[...] "—“Façam o que quiserem!” Estou farta de ouvir gente como você dizer isso! O que quiserem! Deixem todos às soltas, e destruirão o mundo. Já estão acabando com o mundo neste momento. Veja o que está acontecendo com as plantas, os rios e os oceanos!
Ela lhe deu 50 possibilidades de resposta diferentes e ele ignorou todas.
—Não faz mal que o mundo seja destruído — disse ele. — Existem mais um bilhão de outros mundos para nós criarmos e escolhermos. Enquanto as pessoas quiserem planetas, haverá planetas onde poderão viver.
Isso não era propriamente uma coisa que acalmasse a pessoa no telefone e olhei para Shimoda, espantado. Estava falando do seu ponto de vista de perspectivas de muitas vidas, em que todas as coisas se equilibram. Quem telefonava naturalmente estava supondo que a conversa tinha a ver com a realidade deste mundo único, em que o nascimento é o início, e a morte, o fim. Ele sabia disso... por que o ignorava?
—Está tudo bem, é? — disse a pessoa, no telefone. — Não existe o mal na terra, nem pecado em volta de nós? Isso não o incomoda, não é?
—Nada nisso deve nos incomodar, senhora. Vemos apenas um pinguinho do conjunto que é a vida, e esse pinguinho é falso. Tudo se equilibra e ninguém sofre e morre sem o seu próprio consentimento. Ninguém faz o que não quer fazer. Não existe o bem nem o mal, além do que nos torna felizes e do que nos torna infelizes.
Nada acalmava a senhora no telefone. Mas, de repente, ela parou e disse, com simplicidade:
—Como é que sabe tudo isso que diz? Como é que sabe que o que diz é verdade?
—Não sei se é verdade — disse ele. — Acredito nisso porque é divertido acreditar.
Apertei os olhos. Ele podia ter dito que tinha experimentado e que funcionava... As curas, os milagres, a vida prática, que tornavam seus pensamentos verdadeiros e funcionais. Mas não disse nada. Por quê?
Havia um motivo. Eu estava com os olhos semi-cerrados, a maior parte da sala era cinza, só uma imagem turva de Shimoda se inclinando para falar no microfone.
—Todas as pessoas que já realizaram algo, todas as que já foram felizes, todas as que já deram alguma dádiva ao mundo foram almas divinamente egoístas, vivendo em seu próprio interesse. Sem exceção.
O seguinte era um homem, enquanto a noite voava.
—Egoístas! Cavalheiro, sabe o que é o Anticristo?
Por um segundo, Shimoda sorriu e se descontraiu na cadeira. Parecia que conhecia a pessoa no telefone pessoalmente.
—Talvez o senhor me queira dizer — disse ele.
—Cristo falou que temos de viver para os nossos semelhantes. O Anticristo disse para sermos egoístas, vivermos para nós e deixarmos os outros irem para o inferno.
—Ou para o céu, ou para onde queiram ir.
—O senhor é perigoso, sabe disso, cavalheiro? E se todo mundo lhe desse ouvidos e fizesse o que bem entendesse? O que acha que aconteceria então?
—Acho que este seria provavelmente o planeta mais feliz desta parte da galáxia — disse ele.
—Cavalheiro, não sei bem se quero que meus filhos ouçam o que está dizendo.
—O que é que seus filhos querem ouvir?
—Se somos todos livres para fazer o que quisermos, então tenho a liberdade de ir para esse campo com a minha espingarda e dar um tiro nessa sua cabeça de burro.
—Claro que tem liberdade para fazer isso. Ouviu-se um estalo forte na linha. Em algum lugar naquela cidade havia pelo menos um homem zangado. Os outros, bem como as mulheres zangadas, estavam no telefone; todos os botões da máquina estavam acesos e piscando.
Não precisava ser assim; ele poderia ter dito as mesmas coisas de modo diferente sem melindrar ninguém.
Caía sobre mim a mesma sensação que tivera em Troy, quando o povo irrompeu e o cercou. Estava na hora, era evidente que estava na hora de irmos andando.
O Manual não ajudou nada, ali no estúdio.
A fim de viver livre e feliz, você tem de sacrificar o tédio. Nem sempre o sacrifício é fácil.
Jeff Sykes contara a todo mundo quem éramos, que os nossos aviões estavam parados no campo de feno de John Thomas, e que dormíamos de noite sob as asas.
Senti aquelas ondas de raiva, de gente assustada pela moral de seus filhos e pelo futuro do modo de vida americano, e nada daquilo me deixou muito feliz. Ainda havia uma meia hora de programa, e tudo estava ficando cada vez pior.
—Sabe, moço, acho que você é um impostor — disse um outro ao telefone.
— Claro que sou um impostor! Somos todos impostores neste mundo, todos fingimos ser alguma coisa que não somos. Não somos corpos andando por aí, não somos átomos nem moléculas, somos idéias imortais e indestrutíveis do Ser, por mais que acreditemos em outras coisas..." [...] (BACH, p.55-56)
E. E-Kan
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Referência:
BACH, Richard. Ilusões, as aventuras de um Messias Indeciso. PDL, livro eletrônico, 66 páginas.
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Imagem: Exórdia
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