A pedra que não cria limbo, Hegel e Marx e a unidade dos contrários


Se tem uma coisa que ainda gosto nessa vida é ler, reler, estudar, re-estudar, revisar, voltar aos livros e investigações, pesquisas etc, e tentar encontrar algo que não tinha visto antes. Sempre tem muitos 'algos' que deixamos passar. A experiência e a maturidade que só a lida dos anos nos dá, combinada com as novas ferramentas tecnológicas do mundo atual, tornam a pesquisa livre, autodidata, mais fluída, mais ampla, mais eficaz e, consequentemente, mais prazerosa, quase orgásmica. Mas, vamos ao que interessa.

 

Unidade dos Contrários



A "unidade dos contrários" é um conceito central no pensamento dialético tanto em Hegel (nascido em 27 de agosto de 1770, numa Segunda-feira, e morto por Cólera aos 61 anos de idade em 14 de novembro de 1831, também numa Segunda-feira); quanto em Marx (nascido em 5 de maio de 1818, uma Terça-feira; e morto de Pleurisia por Bronquite aos 64 anos de idade, em uma Quarta-feira), embora os dois filósofos apliquem esse princípio de maneiras diferentes, de acordo com suas visões distintas de filosofia, história e sociedade. 


Hegel


Hegel tinha uma parada de ver a vida como uma eterna briga de ideias. Pra ele, tudo na vida só se mexe e evolui porque existe conflito. Tipo assim:

    Você tem uma ideia (tese).
        Exemplo: "Eu sou feliz ficando sozinho."


    Aí vem a realidade e dá na sua cara com outra ideia (antítese).
        Exemplo: "Mas e se ficar sozinho o tempo todo te deixa meio solitário e infeliz?"


    A treta entre essas duas coisas gera uma solução (síntese).
        Exemplo: "Ok, talvez eu precise de um equilíbrio entre ficar sozinho e sair com os amigos."

O Hegel dizia que é assim que o mundo anda: as coisas se batem, se misturam e criam algo novo. E esse "algo novo" é só o próximo round da briga. Que, diga-se de passagem, para Hegel, é um briga sem fim. Ou, cujo fim não se pode prever.



Marx


Marx pegou a ideia do Hegel e disse: "Tá bonito, mas vamos trazer isso pro mundo real, onde as pessoas trabalham e ralam." Pra ele, a treta não é só de ideias, é material, tipo gente vs. grana, rico vs. pobre.

    No capitalismo, você tem dois lados:


        O patrão (capital): quer pagar o mínimo e ganhar o máximo.
        O trabalhador (trabalho): quer ganhar mais e trabalhar menos.


    Esses dois lados estão colados, tipo yin e yang, mas vivem em guerra. Não dá pra um existir sem o outro, mas também não dá pra eles ficarem de boa porque os interesses são opostos.


    O resultado? Crise atrás de crise. O capitalismo vai acumulando essas tretas até que, um dia, explode e vira outra coisa (na visão do Marx, isso seria o socialismo).

Pra ele, a história do mundo é isso: um barraco atrás do outro, com sistemas caindo porque os opostos dentro deles não conseguem mais coexistir.



Conclusão, brevíssima conclusão:


    Hegel: "A vida é uma novela de tretas filosóficas: as ideias brigam, fazem as pazes, e criam novos capítulos."

    Marx: "Novela? Não, isso aqui é uma guerra de classes no chão de fábrica. Enquanto tiver rico explorando pobre, vai ter briga e mudança."

Ou seja, a "unidade dos contrários" é isso: opostos que se odeiam, mas precisam um do outro pra existir e causar movimento, seja nas ideias ou no mundo real.

Simples assim: as tretas movem o mundo e o ser humano é 'a pedra que rola e não cria limbo'. Isto é, se movimenta, treta, se mata, mata, faz o diabo para 'Ter coisas' que acha que lhe assegurarão 'A Felicidade' e assim, entre céus, infernos, purgatórios e abismos de sua mente auto-sabotadora e auto-destrutiva, vai caminhando e ressignificando sua insignificante e miserável vida sem sentido na incomensurabilidade cósmica, até o dia que, esse animal falante que se acha pensante 'dito humano', tal como os dinossauros, será varrido da face da Terra e ninguém na imensidão cósmica interestelar sentirá a sua falta.


 
_______E. E-Kan
Autor, editor, compositor.

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Referências:

   
ANTUNES, Jadir. Notas (provisórias) sobre a relação Marx-Hegel. Revista Dialectus, v. 3, n. 5, p. 60-75, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/22361/1/2016_art_jantunes.pdf. Acesso em: 10 jan. 2025.

    GADOTTI, Moacir. A dialética: concepção e método. In: História das ideias pedagógicas. São Paulo: Ática, 1990. p. 63-80. Disponível em: https://www.faed.udesc.br/arquivos/id_submenu/1428/gadotti__1990.pdf. Acesso em: 10 jan. 2025.

    NOGUEIRA, Marco Aurélio. Marx além de Hegel – Uma interpretação a partir da Filosofia da práxis. Revista de Direito Público, v. 14, n. 2, p. 45-60, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rdp/a/PQ3nHdvs3gWf9XtTBX6fZhm/. Acesso em: 10 jan. 2025.

    SILVA, Raimundo Nonato Araújo. Hegel, Marx e o método dialético. Jornal A Verdade, 2016. Disponível em: https://averdade.org.br/2016/08/hegel-marx-e-o-metodo-dialetico/. Acesso em: 10 jan. 2025.

    TRAGTENBERG, Maurício. Continuidade Hegel-Marx? Solução especulativa em Burocracia e Ideologia. Cadernos EBAPE.BR, v. 14, n. 3, p. 634-647, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cebape/a/LgWhnpvsvCkszJjyNhbfcqB/. Acesso em: 10 jan. 2025.


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