A arte de persistir em dar o melhor de si naquilo que faz, mesmo que muitas vezes isso pareça não dar nenhum resultado

A arte de persistir em dar o melhor de si naquilo que faz, mesmo que muitas vezes isso pareça não dar nenhum resultado
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Falamos aqui de um dos mais importantes trabalhos humanos, o trabalho de Escrever.

Escrever, 'Scribere', que em latim, significa 'traçar, marcar com estilo'. Observemos a força da palavra 'marcar'. Todo ser vivente sobre a Terra deixa a sua marca, a sua assinatura, o seu legado. Mas, pouquíssimos de nós deixam uma marca consistente, uma assinatura e um legado que transpassam milênios.

A história já comprovou e nos mostrou inúmeras vezes que o que fez certas marcas, assinaturas e legados serem 'imortalizados' foi o trabalho duro, físico, mental e espiritual, a crença inabalável em si mesmo e em seus instintos de escritor e pensador, mas sobretudo, a persistência de, contra todas as possibilidades e dificuldades, dar o melhor de si naquilo que faz, mesmo que muitas vezes isso pareça não dar nenhum resultado, não ter nenhum sentido e até mesmo pareça ser totalmente inútil, uma total perda de tempo.

Quantos autores, escritores, pensadores, trabalhadores cerebrais viveram uma vida inteira na obscuridade, sem serem conhecidos ou tiveram uma fama rápida e um declínio mais rápido ainda, mas que após a morte, a publicação de uma ou outra obra lhes puseram no panteão da imortalidade?

Herman Melville (1819-1891), autor de Moby Dick, livro que hoje 'está na mochila de qualquer estudante sério de literatura em todo o Planeta', morreu em total obscuridade, esquecido após um brevíssimo apogeu literário pessoal. Melville só entrou para o círculo dos imortais da literatura muito após a sua morte.

E quantos outros não tiveram destino semelhante? Quantos outros ainda vivos não passaram dificuldades extremas ao ponto de desistirem de tudo mas que não desistindo acabaram escrevendo grandes obras às quais lhes proveram fama, riqueza (vide J.K Rowlin, autora de Harry Potter, por exemplo) e o mais importante de tudo: a certeza de que a crença em si mesmo e em seus instintos estava absolutamente correta?

Joanne Rowling ou J.K. Rowlin, por exemplo, autora de Harry Potter, segundo o site EBiografias: "Antes de se tornar uma das pessoas mais ricas do mundo, a escritora britânica passou por maus bocados na vida. Vivia de ajuda do governo e frequentemente ia com a filha a cafés para escrever, pois morava numa casa fria, sem aquecimento...Durante uma viagem de trem entre Manchester e King's Cross ela começou a escrever Harry Potter. Ao desembarcar na estação muitos personagens já estavam definidos. Disse ela: "Harry Potter simplesmente entrou na minha cabeça inteiramente formado".  - (VEJA MAIS SOBRE J.K AQUI, SE QUISER) - E VEJA MAIS SOBRE A BIOGRAFIA DE OUTROS AUTORES AQUI, SE QUISER. 

Então, resumindo: a ideia de acreditar em si mesmo e em seus instintos de escritor/pensador/trabalhador cerebral/espírito das letras, persistir em dar o melhor de si naquilo que faz, mesmo contra todas as possibilidades e dificuldades, mantendo sua mente, coração e espírito focados, consciente de que cedo ou tarde, vai surgir o grande texto, a grande obra, de fato, é uma ideia que vale a pena ser preservada com todas as forças. 

Também, há outro viés, igualmente importante que deve ser destacado: ainda que numa vida inteira não encontre o escritor, o pensador, o espírito das letras como chamo aqui, fama e riqueza com seu trabalho de escrita ou sua arte de filosofar e analisar o mundo e a humanidade, as suas ideias, por mais incompletas que sejam podem ser a inspiração para outros que virão depois de você. 

Diz o ditado: 'uns plantam, outros colhem'. E na história do conhecimento, muitas vezes, é isso o que acontece, ou seja, outros dão sequência àquilo que iniciou com você. 

Portanto, partindo para a parte final dessa nossa reflexão aqui, todo o espírito das letras, escritor e pensador, deve ser desapego, isto é, deve ter o desapego de si mesmo e das coisas desse mundo como a máxima filosofia pessoal de vida, juntamente com a crença inabalável em si mesmo e em seus instintos de escritor/pensador, estando, por isso, consciente de que tudo o que faz, tudo pelo que trabalha, contra tudo, todos e todas as possibilidades, tudo o que acredita, tudo o que abdica, não é por dinheiro, fama, poder, status, coisas materiais, essas coisas passageiras, mas por saber, lá no fundo de sua mente, coração e espírito que está a cumprir um papel relevante no destino da humanidade diante da Incomensurabilidade Cósmica Existencial. Um grande exemplo disso foi Anne Frank, morta aos 15 anos de idade num Campo de Concentração Nazista. Seus diários, compunham o seu mais do que relevante trabalho em prol da humanidade, mostrando que mesmo na pior e mais brutal das situações há trabalho a ser feito e no caso de Anne, como autêntico Espírito das Letras, um trabalho que inspira a uma humanidade melhor, mesmo num mundo cão como o que vivemos.

Na post: "O Pensador de verdade não liga para as redes umbrais sociais", tratamos sobre a questão de 'esperar a aprovação' do público, e citamos o pensamento de Nietzsche, que no aforismo 330 de "A Gaia Ciência", diz: [...] Aprovação - O pensador não tem necessidade de nenhuma aprovação e, tampouco, de aplauso, desde que esteja certo dos seus próprios aplausos; esses, pelo contrário, não pode dispensá-los. [...].

Diante disso, reafirmo que o desapego é algo essencial para o verdadeiro espírito das letras e que queira se dizer escritor, autor, pensador e ser, talvez, algum dia, aplaudido ou reconhecido pelo seu trabalho, principalmente, pelas pessoas que são de verdade. 

Emerson E-Kan

Filosofia Supra Realista Prática /  Realismologia. 

 

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Imagens:  "Retrato do escritor Vsevolod Mikhailovich Garshin", pintado por Ilya Yefimovich Repin - 1884 e "Escrita da menina", pintado por Harold Knight - 1931



 

 

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