Autor e Escritor

Alguns dirão, como Michel Foucault, que "Todos os Autores são Escritores, mas nem todos os Escritores são Autores". 

Outros dirão que um Autor, na verdade, é um Escritor mais dedicado, que vai mais fundo. O que não significa que o Escritor não seja tão dedicado quanto o Autor. 

Penso, por experiência própria, que Ser Autor é ir além, sem medo de ter medo, se sua obra será reconhecida ou não, se entrará para a história ou não. Ser Autor é ousar Criar, desafiando a si mesmo e a ordem do tempo estabelecida. 

Ser Autor é quebrar barreiras, quebrar limites, arriscar e se arriscar, mergulhar no fundo da alma humana e explodir como uma Supernova a cada término de uma obra.

Ser Autor é sofrer e se alegrar como sofre e se alegra cada personagem de uma história. Ser Autor é buscar Transcender e  Ressignificar a Vida e o pretenso 'Sentido da Vida', Escrevendo, Pintando ou Compondo com o próprio sangue de sua alma.

Ser Autor é Ser Consciente de que diante da Imensidão Cósmica Interestelar, da Incomensurabilidade da Vida e da Inefabilidade da Existência, ainda somos como meras partículas de poeira cósmica pensantes.

Logo, Ser Autor é Ser Consciente de que a nossa mais elementar Filosofia, a nossa mais pura forma de Fé, a nossa mais elevada Ciência, a nossa mais criativa Imaginação e a nossa mais profunda forma de Escrita e de Arte são ínfimos, como o nosso sopro de Vida que, diante da Imensidão Cósmica, nada mais dura que um milésimo de Distração, num segundo de Ironia dum minuto da Existência e, mesmo assim, é um momento único, inefável, incomensurável.

Diferenças Técnicas

[...] Na obra “Para Ser Escritor”, publicada em 2010, o escritor brasileiro Charles Kierfer explica: “Um escritor somente é escritor quando menos é escritor, no instante mesmo em que tenta ser escritor e escreve. (…) É o autor que imagina o efeito que seu texto produzirá sobre os outros, sobre a sociedade; é o autor que sente prazer em ver seu nome e estampado na capa de uma obra qualquer; é o autor que se regozija com um comentário positivo da crítica, que  se enfurece com um comentário negativo. E a depender da visão de mundo que o autor importa da cultura em que está mergulhado o corpo de homem ou de mulher que lhe dá suporte, fará uma literatura mais subjetiva e pessoal ou mais objetiva e social. (…) O autor, ao contrário do escritor, corre rapidamente em direção a outra mutação – transforma-se no profissional de literatura, no cronista, no contista, no romancista.” (Com Clube de Autores) [...] 

[...] Autor: Criador de uma obra artística, científica ou literária. Alguém que compõe uma obra. Gerador de uma composição artística ou acadêmica. 

Escritor: Aquele que escreve, transcreve, anota. Escritor de textos em geral, pode escrever os mais variados tipos de texto. 

Apenas nesta concepção já vemos a diferença. 

O escritor é aquele que escreve de um tudo, escreve um texto, não necessariamente de sua autoria. Com o seu acuro ou cuidado. Já o autor, compõe, ou seja, ele concebe seu próprio texto e o destina a um propósito. 

No mercado editorial tradicional, geralmente usa-se a palavra escritor para definir a pessoa que não publicou ainda, mas tem textos. Já no mercado independente, em geral, o uso de escritor se aplica a todos que escrevem sem atribuir gênero ou categoria. 

Usamos autor para nos referir a alguém cuja autoria se destina, essa pessoa se debruçou sobre o conteúdo que queria, pesquisou, compôs seu próprio texto, obra, preocupou-se com a qualidade, foi fundo no cuidado com os detalhes e com a publicação do seu trabalho. É aquele que se apega em gênero, estilo e complexidade de um texto: o seu. 

Usamos escritor para aquele indivíduo que tem a escrita por objetivo primário. Seja lá o que da escrita sairá. Se será uma crítica, uma redação, um livro, um poema, o escritor quer expor a sua visão de mundo naquele momento, ele não se preocupa inicialmente com detalhes, se preocupa com a ação de escrever. 

Assim, vemos que os dois termos não estão errados ao se referir ao mesmo conjunto de pessoas. O que muda é objetivo. Direcionamos escritor para quem escreve no geral. Por isso, dizer “nossos escritores”, não está errado. São muitos títulos, categorias  e gêneros, com objetivos diferentes apesar de publicados. Já quando usamos “nossos autores”, estamos falando diretamente com aqueles que já publicaram um livro e se mantêm na mesma linha nas suas criações futuras. 

Só para deixar mais claro: um blogger é um escritor, um jornalista é um escritor, um crítico é um escritor. Nem sempre eles irão publicar um livro, preocupam-se em publicar ou apresentar um texto. 

Já um roteirista, um poeta, um romancista, um criador de ficções, todos eles são autores. Preocupados com o objetivo de suas obras, criando para um fim bem determinado, sempre científico, acadêmico ou artístico. [...] (Blog Uiclap).

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E-Kan

Post instrutiva 

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Imagens: John Arthur Lomax /A Favourite Author e "Escrita da mulher numa mesa" de Thomas Pollock Anshutz

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