Sobre infelicidade, sofrimento, etc etc....
"Vamos ser infelizes juntos." Um desenho que é filosófico sem saber que é e talvez sem se importar em ser outra coisa que não um desenho provocativo.
A vida é decepção, tédio, sofrimento, infelicidade, dor e ranger de dentes, na maior parte do tempo, para muitos. O próprio nascimento, em muitos casos, já é um sofrimento para a mãe e para o recém-nascido. Contudo, a vida não é só decepção, tédio, sofrimento, infelicidade, dor e ranger de dentes.
Apesar dos pesares dos trancos e barrancos, das pauladas da vida, a vida também tem suas 'coisas boas', e pode ser ressignificada a todo o momento.
Tem gente que gosta de ficar 'na mesma' a vida toda (e penso que não tem nada de errado nisso), afinal, cada um sabe da sua caminhada. Tem gente que faz de tudo e mais um pouco a vida toda e depois fica na maciota quando mais velho e tem gente que começa a 'loquiar' depois de velho.
Todos, independentemente da idade e da classe social, sofrem. Todos, são de alguma maneira infelizes. Todos, buscam um pingo de alegria, prazer e satisfação, 'diversão', enfim, algo que faça a porra da vida ter algum sentido e, assim, seja mais suportável do que insuportável. Portanto, A Busca já é um motivo pra levantar da cama todo 'mother fucker day'.
Com efeito, ter alguém de verdade para dividir a carga pesada do dia a dia é acertar na loteria da vida, sobretudo, nesse mundo de idiotização em massa, no qual a maioria das pessoas, perdidas no vazio das multidões das redes umbrais sociais, desistem de ser de verdade para ser de mentira, achando que assim conseguirão achar uma tampa da panela meia boca ou serem aceitas nos bandos de mentecaptos exibicionistas que vivem uma vida fake.
"Vamos ser infelizes juntos", mas sendo de verdade. Afinal, é melhor ser "infelizes" sendo de verdade, do que felizes de mentira. Não é?
Agora, 'ínhamos e cuvinhamos', o sofrimento também pode ser importante, a melancolia pode ser inspiradora para escrever, etc, mas viver numa vibe de sofrimento e tristeza incessante não leva a nada a não ser te tornar uma pessoa insuportável que enche o saco dos outros, podendo 'fazer cagada' e coisas piores. Então, é melhor aprender a lidar com o tal do sofrimento e se livrar desse sentimento e das energias desse e de outros sentimentos subjacentes/ocultos/implícitos/encobertos/disfarçados. E é só você que pode fazer isso, aprender a lidar, mais ninguém.
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Dor e sofrimento para Nietzsche
Nietzsche dirá o que pensa sobre o sofrimento, já no início de A Gaia Ciência:
"Duvido que semelhante sofrimento nos aperfeiçoe...mas sei que nós torna mais profundos".
Com efeito, ao passar pelo umbral de sofrimentos inenarráveis, Nietzsche ainda dirá que o Filósofo, 'por mais torturado e auto-torturado que seja, não separará a alma do corpo, ou abraçará uma espiritualidade piegas, muito menos se tornará um misantropo'.
"Ainda lhe é possível amar a vida; apenas a ama de maneira diferente. Ama-a como se ama uma mulher da qual se dúvida...mas o fascínio de tudo o que é problemático, a embriaguez do X, são demasiado grande neste homem espiritualizado para que as suas alegrias não tornem sempre a assinar, com ardor, acima de todas as misérias dos problemas, de todos os perigos da incerteza, e até de todos os ciúmes daquele que ama. Conhece-se uma felicidade nova... "
____in A Gaia Ciência / Nietzsche
Em resumo, na mesma linha desse ponto específico de reafirmação da vida, crítica, penso que apenas quem passou pelo pior que há na vida, caiu, pulou ou foi jogado no Abismo dos abismos e se aproximou do Vazio dos vazios, da Escuridão absoluta, da Solidão Final e da projeção do Desconhecido dos desconhecidos, e retornou como uma outra "Coisa", pessoa, detém a competência e a capacidade necessária de identificar e conhecer uma verdadeira "possibilidade nova" na Existência. E 'A Vida', em toda a sua incomensurabilidade, tem muitas possibilidades. Ah, se tem.
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E. E-Kan
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