Popper dá na cara dos imbecis que endeusam a ciência


Antes, um disclaimer: estamos tratando de Teoria do Conhecimento. Não tem nada a ver com negacionismo contra a ciência. Muito pelo contrário, o ponto de vista metido aqui serve para combater o negacionismo contra a ciência ao combater o cientificismo. 

Nossa opinião: nenhuma coisa humana deve ser endeusada. Nenhuma! Tudo deve ser duvidado, analisado, observado, criticado, ponderado a fim de que se entre 'no caminho da verdade' para um Esclarecimento maior. 

A ciência, para nós aqui, é só mais uma ferramenta. Nada mais que isso. 

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Em diversas obras, de maneiras diferentes, dizia Karl Popper:


"A ciência será sempre uma busca, jamais uma descoberta. É uma viagem, nunca uma chegada. Não importa quantos cisnes brancos você veja ao longo de sua vida."

Isso é puta murro na cara dos beatos do cientificismo, os que metem a ciência num altar e a idolatram como infalível e inquestionável.

Para Popper, em toda a sua Teoria do Conhecimento, 'a ciência só pode progredir se as teorias forem constantemente questionadas e testadas.'

Para Popper, "acreditar" é uma palavra que não 'conjumina' na Ciência.

Uma das principais inspirações de Popper vem da Filosofia Grega, mais precisamente de Xenófanes de Cólofon, (professor do Parmênides) visto por alguns estudiosos como '1° arqueólogo', 'pai autocrítico da história'.

Sobre Xenófanes, Popper diz:

[...] "Xenófanes foi um poeta e rapsodo, e ele foi um historiador, talvez o verdadeiro pai da História. Como um pensador altamente criativo, usualmente crítico, e sem igual em sua autocrítica, ele se tornou o fundador da ilustração Grega. Ele desenvolveu a cosmologia de Anaximandro o defendendo contra Anaxímenes. Sua teologia realmente racionalista" [...]

Xenófanes foi 'pauleira', isto é, detonou Homero e Hesíodo, criticou duramente os deuses e o antropormofismo grego, muito antes de Sócrates.

Para Xenófanes, na visão de Popper, tudo que diz respeito ao 'conhecimento humano', se torna, com o passar do tempo, mito, mitologia, 'abobrinha'.

Emil Cioran, em 'Breviário de Decomposição', em outras palavras, dirá mais tarde que o ser humano tem isso de ferrar com tudo, porque tem uma necessidade louca de endeusar tudo e fanatizar por tudo, fazendo lágrimas e sangue jorrarem por toda parte. 'A verdade pouco importa, o que importa é ter razão ou a aparência da razão'.

Popper admite que a crítica do conhecimento de Xenófanes é a sua fonte de inspiração.

Diz ele:

“[...] uma espécie de antecipação de minha própria teoria do conhecimento, segundo a qual todas as nossas teorias científicas são mitos ou nas palavras de
Xenófanes, 'teias tecidas de conjecturas'. [...]”

Como diz Provetti:

[...] De tudo isso depreende-se e se concorda com Popper (2002a, p. 24-25), que com Xenófanes aprende-se:

a) Nunca se pode relaxar quanto à busca da autocrítica e da crítica externa das teses que são defendidas pelo pesquisador, buscando sempre aprender de quem elabora e propõe a crítica;

b) É necessário evitar-se o relativismo, assumindo-se a postura de que sempre se pode estar errado e que mesmo o crítico também o pode estar. Portanto, a discussão racional é a única fonte de possibilidade de se aproximar [...] 
de alguma verossimilhança sobre a realidade.


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E. E-Kan




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Referências:

PROVETTI, José, Jr. Xenófanes de Cólofon.Sophia
Revista eletrônica de investigação filosófica, científica e tecnológica. IFPR, 2017.Disponível em: https://revistas.ifpr.edu.br/index.php/ifsophia/article/download/558/391. Acesso em 14/03/2024. 

POPPER, Karl Raimund . 2002a. __________ . O conhecimento e o problema corpo-mente . Lisboa: Edições 70, 2002b. 



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