A guilhotina e as revoluções dos canalhas



Quem apoia a guilhotina e diz: "Graças a Deus que estão decapitando os burgueses", esquece que Robespierre também foi decapitado pela guilhotina e que Marat foi morto numa banheira, com uma facada no bucho, dada por uma Mulher chamada Charlotte Corday, que já estava fula com a tirania dos "revolucionários de merda". As revoluções e os revolucionários quase sempre acabam engolidos pelo Poder do dinheiro ou aniquilados, porque, além de idiotas, eles não querem o bem do povo de fato, mas sim, usar o povo para conseguir todas as mordomias que o Poder e o dinheiro podem dar.

A nossa frase “As revoluções e os revolucionários quase sempre acabam engolidos pelo poder do dinheiro ou aniquilados” resume um ciclo histórico recorrente. Movimentos que nascem com uma proposta de ruptura com o sistema acabam, invariavelmente, reproduzindo as mesmas estruturas que pretendiam destruir. A extrema-esquerda, quando se radicaliza, é particularmente suscetível a esse destino.

Quem celebra a guilhotina e brada contra os burgueses esquece que Robespierre, arquiteto do terror revolucionário, foi ele mesmo decapitado. Marat, outro ícone da revolução francesa, morreu assassinado por uma mulher indignada com os abusos dos chamados "revolucionários". Esses exemplos ilustram como o radicalismo ideológico é cíclico e autodestrutivo. O inimigo externo logo é substituído por traidores internos, e o próprio movimento é consumido pelo caos que cria.

A análise de Georges Lefebvre (1939) sobre a Revolução Francesa mostra que, após a fase mais violenta, o poder foi capturado pela nova elite burguesa, que usou a retórica popular para consolidar seus interesses econômicos. Isso se repete no caso da Revolução Russa, onde Trotski e Lênin prometeram uma sociedade igualitária, mas o resultado foi um Estado policial, com elites partidárias gozando de todos os benefícios que condenavam.

Eric Hobsbawm (1994), embora marxista, reconhece que os ideais revolucionários são frequentemente sequestrados por interesses financeiros. A radicalização leva à destruição da ordem existente, mas o vazio é rapidamente ocupado por novas formas de exploração. Karl Polanyi (1944) também observa que a sociedade, mesmo após rupturas violentas, tende a retornar a estruturas de mercado que beneficiam elites.

Dennis Tourish e Tim Wohlforth (2000) analisam como grupos de extrema-esquerda, em vez de promoverem a emancipação social, assumem comportamentos sectários e autoritários. O objetivo não é transformar a sociedade, mas manter um pequeno grupo no controle da narrativa, da militância e, eventualmente, dos recursos.

Bernard-Henri Lévy (2008) denuncia essa distorção moral e ideológica da esquerda moderna, que substituiu a luta por igualdade pela adoção de regimes ditatoriais como referência, em nome de uma suposta resistência ao capitalismo. A guinada da esquerda para o niilismo ideológico, segundo Lévy, é um dos sinais mais claros de sua falência intelectual.

No contexto brasileiro, Francisco de Oliveira (2010) alerta para a "servidão financeira" à qual mesmo os partidos de esquerda estão submetidos, reforçando a hipocrisia entre discurso popular e prática elitista. Jessé de Souza (2017) amplia essa crítica ao demonstrar como setores da esquerda mantêm os esquemas de domínio simbólico e econômico em nome de uma causa que não mais serve ao povo. Ele revela que elites de esquerda, tal como as de direita, conspiram para manter seus privilégios, preservando estruturas de poder que garantem status e acesso a recursos, em vez de buscar a verdadeira emancipação popular.

Sabrina Fernandes (2019) também expõe, com rigor sociológico, como a esquerda radical brasileira se desconectou das bases populares, tornando-se burocratizada, autoreferente e incapaz de promover mudanças estruturais reais. Weffort (2011) e Giannotti (1995) também abordam como a extrema-esquerda passou a operar como uma casta interna ao Estado, distante das massas.

Assim, o ciclo se repete. Revolucionários que dizem lutar pelo povo acabam se tornando casta dominante. O povo, mais uma vez, é usado como massa de manobra. E, quando o poder muda de mãos, mudam apenas os rostos – não a dinâmica de dominação.

Com efeito, reiteramos aqui, 'além de ser o ópio dos intelectuais, a ideologia é uma praga destruidora, uma maiêutica do mal aplicada por estelionatários da intelectualidade que leva ao dogma, ao fanatismo, à morte e à aniquilação'. Toda e qualquer forma de extremismo, seja de direita ou de esquerda, deve ser repudiado e banido da face da Terra.

Contudo, infelizmente, diante de uma humanidade majoritariamente idiotizada pelas redes umbrais sociais e pela algoritmia do caos IA-lizada, que avança rumo a uma ruptura civilizatória sem precedentes, a polarização entre extremos inviabiliza qualquer possibilidade de diálogo construtivo ou de coexistência pacífica. Em outras palavras: enquanto os radicais se estapeiam, se xingam e se matam por politicopatas, corruptopatas, religiopatas e toda a fauna de estelionatários da vida, a mega bolha do caos social — inflada pela grotesca concentração de riquezas nas mãos de menos de 1% dos desumanos que controlam 99% dos recursos — segue se expandindo sem freio.

Essa elite do capitalismo tecnocrata ultra-dinheirista, que reina das periferias às capitais das nações, que devora a todos (pobres e trabalhadores de todas as idades e até os idiotas extremistas e revolucionários no café da manhã) conduz o mundo para um colapso inevitável.

O planeta, atolado em múltiplas crises forjadas pela própria maioria imbecilizada da humanidade, despenca ladeira abaixo rumo ao buraco sideral. Enquanto isso, os extremistas, em seu eterno transe de burrice performática, seguem teclando, vociferando e praticando asneiras criminosas em todos os cantos, principalmente, dentro das universidades públicas no Brasil, com os das extrema-esquerda que falam horrores durante as aulas e em projetos financiados com dinheiro do povo, se sentindo em casa dentro do perverso ambiente universitário avermelhado e, portanto, acima de qualquer punição. 

__E. E-Kan 

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Referências

FERNANDES, Sabrina. Sintomas mórbidos: a encruzilhada da esquerda brasileira. São Paulo: Boitempo, 2019.

GIANNOTTI, José Arthur; QUARTIM DE MORAES (orgs.). História do marxismo no Brasil: os influxos teóricos. Campinas: Unicamp, 1995.

HOBSBAWM, Eric J. The Age of Extremes: The Short Twentieth Century 1914–1991. London: Abacus, 1994.

HOBSBAWM, Eric J. Interesting Times. London: Abacus, 2003.

LÉVY, Bernard-Henri. Left in Dark Times: A Stand Against the New Barbarism. New York: Schocken Books, 2008.

LEFÈBVRE, Georges. The Coming of the French Revolution. Paris: Editions Sociales, 1939.

OLIVEIRA, Francisco de. Hegemonia às avessas: economia, política e cultura na era da servição financeira. São Paulo: Boitempo, 2010.

POLANYI, Karl. The Great Transformation. Boston: Beacon Press, 1944.

SOUZA, Jessé de. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. São Paulo: Leya, 2017.

TOURISH, Dennis; WOHLFORTH, Tim. On the Edge: Political Cults Right and Left. Armonk, NY: M. E. Sharpe, 2000.

WEFFORT, Francisco (org.). Extrema-esquerda e desenvolvimentismo. In: Passa Palavra, São Paulo, 2011.

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