Macaco homem


 


Nietzsche asseverava que, devido a tais ideias de mundo além, sobrenatural e tudo mais, o homem ainda é um piada diante de si mesmo e, por isso mesmo, incapaz de ir 'além de si mesmo'. E Nietzsche dirige sua crítica de maneira mais severa a Sócrates, a quem chama, no Livro, Crepúsculo dos Ídolos, de 'doente', inclusive, suscitando de maneira indireta, que Sócrates já estava cansado da vida e que não via a hora de morrer, sendo, portanto, meio suicida.

As consequências dessa leitura Nietzscheana de Sócrates é que todo o pensamento espiritualista e religioso, que 'descende' de Sócrates e do Platonismo, como grande parte do Cristianismo, senão todo ele, é uma grande bobagem. Perda de Tempo.

O Homem só irá além de si mesmo e ser o 'Além do Homem de Fato', segundo Nietzsche, quando esquecer toda a bobageira sobrenatural, resolver encarar a si mesmo e abraçar o seu destino como animal pensante no cosmos. 

Homem macaco

Zaratustra assim falou à gente: Eu vos ensino o super-homem. O homem é algo que deve ser superado. [...] Que é o macaco para o homem? Uma risada, ou dolorosa vergonha. Exatamente isso deve o homem ser para o super-homem: uma risada, ou dolorosa vergonha. Fizestes o caminho do verme ao homem, e muito, em vós, ainda é verme. Outrora fostes macacos, e ainda agora o homem é mais macaco do que qualquer macaco. O mais sábio entre vós é apenas discrepância e mistura de planta e fantasma. [...] Eu vos imploro, irmãos, permanecei fiéis à terra e não acrediteis nos que vos falam de esperanças supraterrenas! São envenenadores, saibam eles ou não. São desprezadores da vida, moribundos que a si mesmos envenenaram, e dos quais a terra está cansada: que partam, então! Uma vez a ofensa a Deus era a maior das ofensas, mas Deus morreu [...]". (In___ #Livro: Assim Falava Zaratustra, Nietzsche)

Imagem: "Macaco antes do esqueleto", de Gabriel Von Max (1900).

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Sócrates, o doente

"A luz diurna mais cintilante, a racionalidade a qualquer preço, a vida luminosa, fria, precavida, consciente, sem instinto, em contraposição aos instintos não se mostrou efetivamente senão como uma doença, uma outra doença. - Ela não concretizou de forma nenhuma um retorno à "virtude", à "saúde", à felicidade... Os instintos precisam ser combatidos esta é a fórmula da décadence. Enquanto a vida está em ascensão, a felicidade é igual aos instintos. Ele mesmo compreendeu isso, este que foi o mais prudente de todos os auto-ludibriadores? Ele soube dizer isto por fim a si mesmo em meio à sabedoria de sua coragem diante da morte?... Sócrates queria morrer. Não foi Atenas, mas ele quem deu para si o cálice com o veneno. Ele impeliu Atenas para o cálice com o veneno... "Sócrates não é nenhum médico, falou ele silenciosamente para si mesmo: apenas a morte é aqui a médica... O próprio Sócrates só estava há muito doente..." [...] (in: Crepúsculo dos Ídolos).

E-Kan

Filosofia Realista, 2022

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