O dever moral de um Espírito de Letras, um Pensador

A Coragem para agir

Sapere Aude

Aforismo 59 - O Dever Moral de fazer alguma coisa numa época de Escuridão 
- Um Pensador, um Espírito de Letras que se preze, tem o dever de iluminar, isto é, tem o dever moral de fazer alguma coisa, principalmente, falar na cara, falar a verdade doa em quem doer, mandar a real sobre a sociedade, os políticos, a corrupção, as injustiças, a miséria e orientar o povão da melhor maneira que puder para a ação revolucionária tendo o bem como escopo supremo, a (re) construção positiva de uma nação e sociedade, ou seja, um Pensador de Verdade precisa agir e ao agir se torna um Titã como Prometeu ao desafiar os Deuses do Olimpo, a (des) ordem estabelecida, especialmente, em épocas sombrias e de crises, como agora, no Século XXI, o Século da Escuridão.

Um Pensador, um Espírito de Letras que não ilumina, que apenas lê caminhões de livros, que apenas acumula saber, conhecimento e nada faz pelo mundo, pelo povo, pela sociedade de sua época, pela humanidade em geral, não passa de um covarde pomposo, um inútil.

"E os intelectuais que defendem os políticos e as crenças políticas/ideologias em suas épocas?", perguntará o néscio. Respondo: os que defendem seus próprios interesses se escorando na bolsa escrotal dos que parasitam o Poder enquanto o povo passa fome, miséria, tem seus sonhos trucidados e perde todas as esperanças na vida e no mundo, não são intelectuais, mas sim meretrizes de criminosos, politicopatas corruptopatas".

(In____Livro: Miscelânea Insólita - Aforismos, poesias, experiências e pensamentos).

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Práxis

Na Filosofia temos a questão da práxis (atividade e ação) cuja reflexão começa lá com Aristóteles, ultrapassa a história e chega aos dias de hoje como sendo a interatividade entre pensamento, teoria e prática-ação. É, em suma, a materialização do conhecimento.

"A atividade humana torna-se a reconciliação da teoria e da práxis. Toda a teoria é teoria da práxis. Exprime a unidade dialética do pensar e do ser, sendo ao mesmo tempo saber e prática, conhecimento e ação. É o termo natural da teoria, sem o qual esta seria inútil e ilusória". (In__Práxis na Infopédia)

Ou seja, da mesma forma que a teoria sem prática é inútil, o conhecimento sem a coragem para agir não serve para nada. Logo, o conhecimento, a teoria e a prática acumulados devem ter uma utilidade, sobretudo, uma utilidade transformadora em termos individuais e coletivos.

Também temos, ainda em Filosofia, a chamada 'Tradição Prometeica', que não pode ser confundida com o "prometeísmo fascista que se apropriou do termo filosófico que provém de Prometeu para criar uma fundamentação intelectual e ideológica, especialmente no leste Europeu entre a Polônia, Ucrânia e a Rússia entre 1918-1935".

Portanto, na Tradição Prometeica, no sentido estritamente filosófico, que vem do Mito de Prometeu, temos na figura do Titã que roubou o fogo dos Deuses e o deu à humanidade, mesmo correndo riscos, a figura dos que 'vão lá e fazem'.

A história, de um modo geral, tende a valorizar mais as realizações, as ações do que as idealizações, ou seja, tende a valorizar mais quem 'vai lá e faz', e não quem fica apenas pensando, conjecturando, esperando, sonhando, idealizando. Sim, é preciso, pensar, conjecturar, esperar o momento certo para saber 'o pulo do gato' e ter mais assertividade na ação. Contudo, a ação é, de fato, a corroboração de todo grande pensamento, planejamento, enfim, de todo o conhecimento adquirido.

Sapere Aude à enésima potência é ter coragem de pensar por si mesmo, buscar mais conhecimento, esclarecimento e, principalmente, ter coragem para usar o seu conhecimento, a sua experiência, a sua vivência e  todo o seu potencial, positivamente, assertivamente, para agir na construção de algo maior. 

Todo o processo de agir exige 'desacomodamento'. E ação em prol de algo maior enseja a quebra de certos padrões próprios e exteriores estabelecidos, a disrupção que leva à quebra de barreiras e a superação de limites até então fixados, o que, na prática, exige muito trabalho, esforço, dedicação, mãos à obra. 

Dizer a verdade é uma forma de práxis? Ao meu ver é porque exige muito trabalho cerebral. Dizer a verdade, 'mandar a real', especialmente, envolvendo questões filosóficas e questões práticas, exige estudo, mas sobretudo, observação ampliada, ampla e profunda. Essa ação, dizer a verdade, muitas vezes leva à uma disrupção (no sentido de ruptura) com certos padrões estabelecidos. Contudo, dizer a verdade, traz em si, também a responsabilidade de 'utilidade positiva', no sentido de também propor soluções e até mesmo 'inovações', afinal, falar só por falar até papagaio fala, não é?

Imagem: Prometeu, de Jan Cossiers

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SOBRE LER A REALIDADE E FALAR A VERDADE EM SI

Ler a Realidade e Falar a Verdade, a Real, são 'habilidades' que deveriam ser comuns senão a todos os viventes humanos desta Terra, a maioria. Infelizmente, essas habilidades sempre foram habilidades de poucos. Contudo, atualmente, diante da idiotização e a desumanização da humanidade impulsionadas pelas redes umbrais sociais, a capacidade de analisar as coisas de maneira circunspecta, que enseja ler, ver e dizer a verdade, mandar a real, falar na lata, se tornou uma habilidade de pouquíssimos. Não se está dizendo aqui de ser 'o chato' que pretende falar na lata a todo o momento, mas está se falando sobretudo, da habilidade de Ler a Realidade, de sabiamente saber A Verdade e, também, a habilidade de falar a verdade com postura e autoridade moral.

É preciso ter coragem para dizer a verdade, mandar a real, falar na lata hoje em dia? Só a coragem basta para falar a verdade?

Penso que desde que o mundo é mundo e que a humanidade andou sobre dois pés, o ato de falar a verdade, mandar a real, falar  na lata, é um ato que transcende o popularesco, o senso comum, o superficial, ou seja, vai muito além. 

Isso, não significa que estou a dizer que as pessoas comuns, do dia a dia, não tenham a capacidade de falar a real, especialmente nas coisas relativamente mais simples da vida prática. Muito pelo contrário, as pessoas comuns também podem falam a real.

Ocorre que no mundo de hoje, apesar de tanta informação, tanta tecnologia, tanto conhecimento acessível a todos na tela de um celular, a maioria das pessoas, mergulhada no 'processo de humanidade zero', principalmente impulsionado pela algoritmia do caos das redes umbrais sociais, perderam a capacidade de ler e a realidade de maneira lógica e simples, e consequentemente, e consequentemente, perderam a capacidade de buscar a verdade e, por isso, perderam a capacidade de falar a verdade para si mesmas, aos outros e principalmente aos políticos, aos que estão no Poder. 

Não se trata apenas de 'não falar a verdade para não perder a amizade', mas de falar a verdade para melhorar como Ser em si, espírito em revolução e evolução, como Consciência, ciente de suas infinitas e gigantescas falhas e limitações, que também diz 'mentiras sinceras', isto é , consciente de que precisa da verdade para melhorar, sem culpas, máscaras e os complexos âncoras limitadores.

Falar a real sobre coisas maiores ou de maior interesse social

A questão aqui é sobre a perspicácia, a circunspecção, a postura e a autoridade moral para falar a real, dizer a verdade, falar na lata, de maneira geral, sobre coisas do dia a dia, sobre coisas de natureza íntima, interpessoal, mas, sobretudo, sobre temas de maior complexidade social, política, filosófica, psicológica, histórica, moral, espiritual etc.

Nesse sentido, ao meu modo de ver,  em termos de Esclarecimento, que é o que de fato interessa, penso que falar a verdade, mandar a real, falar na lata, seja em nível íntimo, para si mesmo ou para pessoas próximas, familiares, amigos, conhecidos e até quem te detesta, como os fanáticos politicopatas que são os haters e que muitas vezes agem através de trolls, fakes e bots, é muito mais que um ato de coragem porque exige conhecimento e reflexão profunda do que está sendo dito. 

Falar por falar, até os imbecis fanáticos falam. 

Contudo, dizer a verdade, mandar a real, falar na lata como uma 'crítica construtiva', (coisa rara nos dias de hoje), ao meu modo de ver as coisas, empreende a capacidade de ler a realidade de maneira lógica, simples e objetiva, porém, circunspecta, procurando ver 'o todo', e ao mesmo tempo, exige esforço e a dedicação para refletir de maneira séria sobre tudo o que está acontecendo, sobre o que está sendo discutido, pensado, analisado e, encontrando um Esclarecimento sobre o assunto, a verdade relativa de ponta sobre o assunto, aí então 'mandar a real'.

Dessa maneira, dizer a verdade em um nível maior de Esclarecimento exige experiência de vida, estudo, leitura, conhecimento real (teórico e prático) e, principalmente, postura e autoridade moral de quem diz essa verdade. 

Por exemplo: há jovens que, mesmo inexperientes de vida, tem a capacidade de ler a realidade, encontrar a verdade relativa de ponta, e mais ou menos esclarecidos, com destemor, com coragem, dizer a verdade relativa de ponta sobre determinado assunto, e que muitas vezes é uma verdade óbvia, ululante, clara, pública e notória, que todos estão carecas de saber.

No entanto, essa verdade como seu anunciante, um jovem, será ignorado porque é jovem, ou seja, porque ainda não tem experiência de vida, postura ou a autoridade moral para tal. 

Por outro lado se verá, no caso de certos políticos por aí, corruptos, vagais e inúteis, já idosos, com experiência de vida, mesmo sabendo a verdade, mentindo descaradamente para o público e sendo aplaudidos. Esses, bem como seu público, não tem postura e muito menos autoridade moral, mas tem a dádiva da idade avançada a seu favor, na qual até os piores canalhas do mundo se escondem.

Conclusão:

Contudo, cá estamos lendo essa realidade, estudando sobre ela, refletindo sobre ela de maneira, lógica e simples, circunspecta, com experiência de vida, com leitura teórica e pratica, ponderando tudo, e chegando a uma conclusão verdadeira, ao fato de que 'idade avançada não significa que o indivíduo terá postura e muito menos autoridade moral para falar a verdade, dizer a real, falar na lata. Também, falar a real, empreende conhecimento de fato, experiência de vida de fato, leitura teórica e prática de fato, cabedal cultural, filosófico, histórico, mas sobretudo, postura e autoridade moral para tal. 

'A verdade é singular, as versões da verdade é que são inverdades', dirá a personagem Sonmi 51 do Filme Cloud Atlas, baseado no livro Atlas das Nuvens de David Mitchel.

Podemos dizer, com muita tranquilidade, que isso é um fato. Ou seja, a verdade é simples.

A verdade, na maioria da vezes, é óbvia e ululante, clara, pública e notória, salta aos olhos. 

A maioria das pessoas até sabem a verdade e o que é fato, mas por interesses escusos e malignos, ultrajam a verdade, distorcem os fatos, criam narrativas, mentiras, fake news, inverdades, convencem a si mesmas e a outros com suas inverdades travestidas de verdade, e repetem incessantemente essas inverdades em suas mentes poluídas, já em avançado estágio de putrefação mental, moral e espiritual, como um mantra. Mas, a verdade, por mais ultrajada que esteja, sempre será simples, acessível a todos, pelos sábios e pelos tolos. 

Ter coragem para falar a verdade exige conhecimento e quem obteve conhecimento de verdade, tem a obrigação moral e espiritual de sapere aude, ou seja, de servir-se de seu conhecimento. 


E-Kan

Filosofia Supra Realista


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[...] Sapere aude é um lema latino que significa "atreva-se a conhecer" ou "ouse saber"; também é vagamente traduzido como "ouse ser sábio", ou ainda mais frouxamente como "tenha coragem de pensar por si mesmo!". A utilização original está na Epistularum liber primus de Horácio, livro 1, carta 2, verso 40:[1] Dimidium facti qui coepit habet: sapere aude ("Aquele que começou está na metade da obra: ouse saber!"). A frase Sapere aude tornou-se associada à Era do Iluminismo, durante os séculos XVII e XVIII, depois que Immanuel Kant a usou no ensaio "Pergunta: O que é Iluminismo?" (1784) ou, noutra tradução, Resposta à Pergunta O Que São as Luzes[2]. Como filósofo, Kant reivindicou a frase Sapere aude como um lema do período do Iluminismo e usou-a para desenvolver suas teorias da aplicação da Razão na esfera pública dos assuntos humanos.

No século XX, no ensaio "O que é o Iluminismo?" (1984), Michel Foucault retomou a formulação de Kant de "ouse saber", na tentativa de encontrar um lugar ao indivíduo homem e mulher na filosofia pós-estruturalista, e assim chegar a um acordo acerca do que, segundo ele, seria o legado problemático do Iluminismo. Além disso, no ensaio A Episteme Barroca: a palavra e a coisa (2013), Jean-Claude Vuillemin propôs que a frase latina Sapere aude deveria ser o lema da episteme barroca.

A frase é amplamente utilizada como um lema, especialmente por instituições educacionais.[...] (Com Wikipédia)

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REFERÊNCIAS GERAIS:

- Porto Editora – práxis na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-06-03 20:18:52]. Disponível em

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