Hemingway enchia o pote valendo



Imagina o Hemingway sarna depois de bêbado?

Hemingway, o cara enxugava o caneco valendo. Certamente, se fosse comparar, em termos de bebuns, Hemingway bate pau a pau com Charles Bukowski, Fernando Pessoa, Raul Seixas, Paulo Leminski e outros.

Hemingway frequentava bares icônicos em Paris, Cuba e Espanha, bebia de tudo e bebia até falar fanho. Apreciava muito o absinto e coquetéis populares como o Daiquiri, especialmente no bar El Floridita, em Havana, onde gostava de uma versão sem açúcar e com bastante rum, e o Mojito, no La Bodeguita del Medio.

Ele também era conhecido por consumir Dry Martini, Negroni, e o Bloody Mary, criado para ele no Ritz, em Paris. Essas bebidas se tornaram parte de sua mitologia pessoal e muitas vezes aparecem em seus textos.

Entre o Copo e a Máquina de Escrever: a mitologia etílica de Ernest Hemingway

A figura de Ernest Hemingway, um dos maiores nomes da literatura do século XX, é inseparável da imagem do escritor boêmio, viril e... completamente alcoolizado. Não se trata apenas de fofoca literária ou charme decadente de gênio torturado. A relação visceral entre Hemingway e a bebida é quase tão forte quanto entre ele e sua máquina de escrever. Neste texto, abordaremos como o álcool se entrelaça à mitologia pessoal e literária de Hemingway, destacando o papel dos bares, dos coquetéis e da embriaguez como extensão estética e existencial de sua obra — com uma breve comparação inevitável ao também notório beberrão Charles Bukowski.

Hemingway e os bares como território criativo

Hemingway não era um bebedor casual, desses que tomam uma taça de vinho enquanto escrevem poemas melancólicos sobre a solidão da existência. Ele bebia com empenho profissional, como quem cumpre um ritual sagrado. Em Paris, Havana ou Madri, o bar era seu escritório alternativo, onde ele observava o mundo e extraía personagens, diálogos e atmosferas. Lugares como o El Floridita, em Havana, e o La Bodeguita del Medio não são apenas pontos turísticos: são extensões mitológicas do próprio Hemingway, eternizadas por sua presença e sua predileção por drinques específicos — o Daiquiri sem açúcar e o Mojito com tudo.

Segundo relatos históricos e biográficos, a rotina etílica do autor incluía Dry Martinis, Negronis, Bloody Marys (este último criado especialmente para ele no bar do hotel Ritz, em Paris) e, claro, doses generosas de rum cubano. O álcool, mais do que um vício, era para Hemingway um elemento de ambientação narrativa e autodefinição. Era tanto combustível criativo quanto símbolo de sua persona pública: o macho alfa literário que caçava leões na África de manhã e derrotava garrafas à noite.

Um embate com Bukowski: quem bebe mais?

Ao mencionar Charles Bukowski, é impossível não visualizar um duelo imaginário entre dois gigantes da literatura e da cachaça. Bukowski, o “velho safado” da literatura marginal americana, também construiu sua obra entre ressacas e goles de cerveja barata. A diferença é de estilo: Bukowski escrevia com a sujeira da sarjeta, Hemingway com o suor do campo de batalha. Mas ambos viam na bebedeira não uma fraqueza, e sim uma filosofia: beber era uma forma de suportar o mundo, enfrentar a realidade ou escapar dela.

Compará-los é exercício de futilidade quase poética: Hemingway, o aristocrata do rum; Bukowski, o proletário da cerva. Ambos, porém, compreenderam que o copo podia ser tão afiado quanto a caneta.

O álcool como elemento estético

É impossível dissociar a escrita de Hemingway da forma como ele vivia e bebia. O estilo enxuto, objetivo e direto do autor — conhecido como “iceberg theory” — encontra eco no seu gosto por coquetéis fortes, secos e sem frescura. Um Daiquiri sem açúcar, por exemplo, resume bem sua filosofia estética: cortar o excesso, manter a essência, suportar o amargor. A escrita de Hemingway, como seus drinques, não pede licença. Ela atinge.

Assim, a mitologia etílica de Hemingway não é mero detalhe biográfico, mas parte fundamental da construção de sua obra e imagem. Seu legado literário, entre Hemingway safra Paris e Hemingway envelhecido em barril cubano, permanece profundamente embebido em álcool — e, talvez por isso mesmo, tão intensamente humano.

__E. E-Kan 
Autor, editor, compositor 

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Referências:

BAKER, Carlos. Ernest Hemingway: Uma vida. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

BUKOWSKI, Charles. Notas de um velho safado. São Paulo: L&PM, 2010.

HOTCHNER, A. E. Papa Hemingway: uma biografia pessoal. Rio de Janeiro: Record, 2009.

MODERN DRUNKARD MAGAZINE. The 86 Rules of Boozing. Denver: MDM Press, 2002.

PHILLIPS, Larry W. Ernest Hemingway on Writing. New York: Scribner, 1999.


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